Diretor da UPA destaca realidade na unidade durante a pandemia

Matheus Augusto

Desde março, quando Divinópolis registrou o primeiro caso confirmado de coronavírus da cidade e do Estado, uma nova realidade tem se formado. Os indicadores continuam crescendo: até ontem, 7, já eram 402 confirmações e 15 mortes. E, mesmo diante dos índices, inclusives os estaduais e os nacionais, há aqueles que não acreditam na pandemia e preferem ignorar as recomendações sanitárias.

Em mais um live, o secretário de Saúde (Semusa), Amarildo Sousa, conversou com o diretor técnico da Unidade de Pronto Atendimento (UPA), Marco Aurélio Lobão. Na oportunidade, ele direcionou parte de sua fala aos negacionistas.

— A vontade é de dizer para ir na UPA. É uma pena que não dá para ele ir lá conosco ver o que a gente está passando — disse.

Ele ainda contou sobre o trabalho dos profissionais de saúde que, por vezes, trabalham seis horas ininterruptas, sem pausa para alimentação, para tratar paciente intubados. Ele também citou a dor dos familiares impedidos de verem o parente ser enterrado em um caixão fechado.

— É uma negação que é impressionante — destacou.

Lobão também disse que, no início, enxergou as previsões como pessimista - e hoje reconhece o erro.

— Eu achei que não seria isso tudo — relatou.

O médico ainda se disse impressionado com os números no país, haja visto os 65.487 mortos registrados até ontem pelo Ministério da Saúde.

— São quase 550 pessoas por dia; são dois Brumadinhos por dia e as pessoas não se sensibilizam — comentou.

Para Amarildo, a negação da doença contribui para a propagação do vírus.

— O Brasil está perdendo essa batalha pela ignorância e pela falta de amor das pessoas — pontuou.

Assim, quem insiste em manter esse posicionamento, de negligenciar a própria saúde, devem, segundo o secretário, ao menos respeitar a vida do próximo, pois eles podem pagar um preço alto pela irresponsabilidade de outros.

Dados

Sobre os números municipais, explicou o secretário, a situação ainda é de alerta.

— A gente ainda está percebendo um aumento de casos de atendimento ambulatorial 

Os índices ideais para o isolamento social e o ritmo de contágio, avaliado pela última vez em 36% e 1,19,  deveriam estar em 50% e igual ou menor a 1, respectivamente.

— Isso nos preocupar porque ainda recebemos muitas denúncias de aglomerações e bares funcionando após o horário permitido — pontuou o secretário.

Seguro

O diretor técnico da UPA ainda disse que a Prefeitura realizou a ampliação de leitos, como a construção do hospital de campanha, mas a expectativa é de não lotar a unidade.

— Você faz o seguro esperando não usar — comparou.

Porta de entrada

Pacientes com quadro sintomático para a doença devem procurar, primeiramente, a unidade básica de saúde mais próxima, contou o responsável pela UPA.

— As pessoas muitas vezes porque querem serem imediatistas não buscam o acesso adequado — citou.

Marco Aurélio Lobão ainda reforçou que não é momento para achismos e autoavaliações médicas e, por isso, ao apresentar os sintomas, um profissional deve ser procurado. Ele também respondeu às reclamações de alguns pacientes por receberem alta mesmo não estando “100%”.

— O fato de receber alta não quer dizer que você não possa voltar à UPA — explicou.

Testes

Questionado sobre a disponibilidade de testes na cidade, o secretário de Saúde, Amarildo Sousa, afirmou que todas as unidades de saúde possuem o material para diagnóstico, mas não é necessário uma corrida para realização do exame, pois, conforme estabelecido em protocolo, nem todo devem ser avaliados.

— Os testes precisam ser usados de maneira correta para que não façamos desperdício — argumentou.

Isolamento

Por fim, Marco Aurélio Lobão disse que é “melhor pecar por excesso” e reforçou a importância do isolamento social.

— Torcemos para que em breve estejamos no novo normal — finalizou.

Já Amarildo lamentou as mortes na cidade e do profissional de Saúde, em Itaúna, e pediu à população deixe suas residência apenas quando necessário.




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