Direito, respeito e reconhecimento

 

Editorial

Não me dê presentes, me dê respeito. Não me parabenize, me dê reconhecimento. Não me dê flores, me dê o direito de ser dona do meu corpo. Não me elogie, me dê o direito de andar pelas ruas sem medo. Não me dê cartões, me dê o direito de ser quem eu quero ser, de ser a dona do destino, da minha vida. Não me parabenize hoje, me dê salário igual, direitos iguais. Me dê o direito de sair de relacionamentos abusivos viva! Me dê o direito de dizer não! Para me parabenizar, me presentear, me dar flores e cartões, você deve me dar respeito, reconhecimento, o direito de ser livre, de andar pelas ruas sem medo, de vestir o que eu quero, de ser a dona do meu destino, do meu corpo, de ter salário igual nos outros 364 dias do ano. Você só pode me parabenizar e fazer tudo o que o dia 8 de março manda se você me olhar com respeito e admiração o ano inteiro, não só hoje, porque o calendário ou a sociedade manda. 

Muito mais que uma data comemorativa, ontem foi o dia que marca lutas, resistência, conquistas e desafios que ainda precisam ser superados pelas mulheres. O 8 de março se tornou muito mais que uma celebração, ele se tornou o dia em que todas se juntam com um único objetivo: ser livres. A morte de 130 operárias em um fábrica têxtil em Nova York, em 1911, foi apenas o início de uma luta, que hoje, 110 anos depois, continua tão latente, tão necessária e tão viva quanto antes. A luta pela vida, pela sobrevivência, pelos direitos, por ir e vir sem medo, por não querer ser mãe e estar tudo bem, por ser mãe e estar tudo bem também, por ter espaços, lugares de reconhecimento é tão viva quanto em 1911. 

O dia de ontem foi muito mais que uma data marcada no calendário. Foi o lembrete que elas existem e que precisam ser respeitadas, valorizadas, reconhecidas e livres. E que um presente, um cartão, uma flor ou qualquer outro tipo de lembranças se torna dispensável quando não vem acompanhado de tudo isso nos outros 364 dias do ano. Afinal, nada é mais importante do que ser livre, do que ser a dona do próprio corpo, do próprio destino, do que não ter medo, do que ter igualdade. Nada é mais importante do que todas estarem juntas, de mãos dadas, em busca de suas realizações, de seus sonhos, seus direitos, seus lugares, seus espaços no mundo. 

Muito além do que uma data para se presentear, o dia 8 te convida a refletir, a questionar sobre o que elas já deixaram de fazer pelo simples fato de serem mulheres. É um dia de reflexão, mas também de agradecimento, por tudo o que já foi conquistado pelas gerações anteriores, por todo o ensinamento deixado, e pela garra, para que a luta continue e que nunca se enfraqueça. E é justamente por isso que reforçamos: não dê flores, não dê presentes, dê respeito, amor, liberdade, reconhecimento e diretos os 365 dias do ano. Isso não tem preço e, sem sombra de dúvidas, vale muito mais do que qualquer outra ação neste dia. Feliz Dia da Mulher! Feliz 365 dias de respeito! 

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