Desfile de 1º de junho

Augusto Fidelis

Dentro de 30 dias, contados a partir de hoje, os divinopolitanos serão chamados às urnas para escolher os futuros mandatários do município. Opções não faltam, tanto para prefeito como para vereador. No entanto, ganhe quem ganhar, logo no início da gestão, um assunto precisa ser trazido à baila, ou seja, o tradicional desfile comemorativo do aniversário da cidade, interrompido há três anos, deixando Divinópolis mais pobre cívico e culturalmente.

O desfile de 1º de junho foi realizado ininterruptamente durante 105 anos. E um povo que não preza as suas tradições, a sua memória, o seu patrimônio artístico-cultural está condenado à derrocada. É preciso lembrar que anos a fio milhares de pessoas, transbordantes de alegria, estiveram na avenida, na referida data, tanto para desfilar como para assistir. Foi sempre neste evento o auge do garbo das forças militares, das escolas e muitas entidades mostravam o seu melhor.

De 2006 a 2015, a Prefeitura desenvolveu o projeto “Cidade Amiga”:  a cada ano prestava homenagem a um município da região. Havia sessões especiais na Câmara, exposições de arte e o clímax na avenida. Lembro-me que a cidade de Cláudio trouxe 740 dos seus cidadãos, com um desfile apoteótico, levando às lágrimas a secretária do prefeito, pois  não imaginava que aquelas pessoas fossem capazes de se entrosarem tanto no momento e, orgulhosas, oferecessem um resultado tão extraordinário.

Muitas outras cidades poderiam enriquecer a programação de aniversário do município, porém, por alguma razão, foram preteridas. O projeto foi enterrado sem uma razão explícita. Aliás, a política é dona de muitos mistérios. Então, nem sempre é possível decifrar o enigma, porque muitas das decisões importantes, que afetam a vida da população, são tomadas na calada da noite, quando a cidade dorme.

Talvez seja impossível recuperar o tempo perdido, porque o passado não volta mais, porém, a sabedoria manda fazer um novo começo, pois, se há vida, há esperança. Daí, enquanto o pleito não chega,  perguntas incômodas cutucam o eleitor: em quem vou votar? Qual será o melhor para a cidade? Quem vai ganhar? Seja lá quem for, ganhe quem ganhar, este terá mais problemas do que a capacidade de solução.

Todas as vezes que se começa nova gestão, o prefeito chega ao paço com uma penca de gente, ávida pelos cargos e pelo poder. Com frequência, estes trocam as mãos pelos pés e cometem desatinos. Até que se prova que alho não é bugalho, que joio não é trigo, que os servidores servem à Prefeitura e não ao prefeito, as injustiças são outra vez repetidas. Valha-nos Deus!

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