Descrédito ou incompetência?

Editorial 

Colocar a culpa no outro é a saída mais fácil para quem é incapaz de assumir seus próprios erros ou mesmo falta competência para executar o que era seu dever. Prática presente na rotina de milhares de pessoas, infelizmente, mas que tem se evidenciado publicamente por parte políticos que ocupam cargos importantes no Brasil. No entanto, se espalhou pelo país e fez a cabeça também de muitos candidatos também nestas eleições municipais. E adivinhe quem é a vítima que eles escolheram mais uma vez para pegar para Cristo? A imprensa, é claro, dando a ela descrédito total. Porém não é de hoje que a falta de jogo de cintura para lidar com as situações faz políticos em atividade declarar guerra contra este ou aquele veículo de comunicação. Isso quando não generaliza e “não dá nome aos bois”.

Ora, quem não deve não teme, e a imprensa não tem culpa de ter tanta gente incompetente ocupando cargos no Legislativo e Executivo que deixa a desejar na assistência à população. Muito menos de fazerem promessas mirabolantes durante as campanhas e nem nos sonhos dão conta de cumprir. Menos ainda de se esconder atrás de gritaria, discursos inflamados  e sequer apresentar um projeto ou tomar uma providência, em vez de criticar e apontar erros dos outros.

Enquanto isso, veem o tempo passar sem corresponder às expectativas que lhes foram depositadas, e quem é a salvadora da pátria? Quem que os desassistidos do mínimo que têm direito vão procurar? A imprensa, é claro. Gostem ou não, se não fosse por ela, a situação da maior parte dos brasileiros que vive dos restos deixados por quem ela paga caro todo mês seria ainda mais catastrófica. Se a imprensa entra, denuncia, vai atrás de respostas e ajuda é porque quem deveria fazer deixa a desejar. Caso não saibam, a imprensa é o quarto poder neste país e é obrigação dela dar voz ao povo. Mas não fazer campanhas para levar comida, roupa e remédios para comunidades esquecidas por seus representantes. Muitos pegando o dinheiro destinado a estas pessoas e guardando em contas bancárias, cofres, cuecas e sabe-se lá onde mais. E depois ainda se vitimizam diante das situações, culpando a imprensa por terem caído em suas próprias armadilhas. O querer aparecer de qualquer forma, ocupar cargos empurrados goela abaixo da população ou se eleger “doa a quem doer” e “custe o que custar” deixa muita gente cega. 

Incapaz de enxergar que a partir do momento que coloca seu nome à disposição e começa a aparecer até demais está, sim, sujeita a críticas e questionamentos. Se não queria ser submetido a isso, não entrasse. Ou teve a ilusão que tudo é maravilhoso e havia só bajulação de puxa sacos e interesseiros? Ainda mais atualmente com o boom das redes sociais. O que não faltam são bisbilhoteiros de plantão e prontos para lançar na internet qualquer descuido cometido. Neste sentido, vale agir mais e aparecer menos e, principalmente, pensar no que vai falar, pois, a partir do  momento que sai da boca, adeus. Pode tentar explicar, dizer que não foi a intenção.

A besteira foi feita. Depois, não adianta tentar culpar a imprensa. Ela nada tem a ver com fato de a pessoa “não ter freio na boca” e muito menos controle emocional. A partir do momento em que as pessoas passarem a assumir seus atos, pararem de achar que são donas da verdade e que não precisam de ninguém, talvez as coisas comecem a caminhar para um rumo diferente. Como, por enquanto, esta não é ainda a realidade, muitos por aí que agem desta forma tenham mais prudência e humildade, visto que, quanto mais alto se sobe, maior pode ser a queda. 

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