Desconforto endêmico

Durante a greve, ou movimento dos caminhoneiros houve em Divinópolis, como de resto em quase todo um país, uma espécie de catarse coletiva. O divinopolitano passou a respirar um certo ar de esperança, mesmo vendo e sentindo na pele as dificuldades provocadas pelo movimento paredista. Se por um lado começaram a faltar alguns poucos alimentos, sabia-se perfeitamente que os políticos liderados por um desgoverno iriam aguentar pouco e que nada de anormal aconteceria.

Ledo engano. A divulgação dos astronômicos números de prejuízo, que todos os brasileiros terão de pagar, assustaram a população que já não está querendo ouvir falar em greve de caminhoneiros mais e, se ela vier novamente, terá a repulsa da maioria da população. Agora veio o medo, pois se esperava uma melhora geral, inclusive no meio político, mas nada aconteceu. Quem queria a cabeça de Temer perdeu seu precioso tempo, pois ninguém quer um golpe militar ou civil, e muito menos duas eleições até o fim do ano como vai acontecer no Tocantins.

Então a rotina, que já estava deixando o povo meio aloprado, deu lugar para decisões muito esquisitas de um ministro do STF, que passou a ser o centro das atenções. Hoje no Brasil, quem não é totalmente desligado sabe que o Supremo tem 11 ministros, nove homens e duas mulheres. Sabe também o nome de todos eles, coisa impensável há alguns anos. A Casa, que era tratada com o maior respeito, passou a ser considerada um cabide para os partidos, pois todos os ministros foram nomeados pelos presidentes, ficando devendo favores a eles e, assim, quem pensava que o Tribunal era isento ficou mais uma vez decepcionado.

Divinópolis passa por um momento difícil, com o seu prefeito envolto a uma série de denúncias, que chegaram a movimentar não somente a Câmara Municipal como também o Ministério Público. Entre os vereadores, poucos acreditam que Galileu Machado perderá algo, ou sofrerá qualquer tipo de retaliação. E assim, esta cidade tranquila, depois dos apertos com os caminhoneiros, voltou a ser a mesma de antes: pobre, sem vida, sem visibilidade e sem um futuro à vista.

A falta de dinheiro não é novidade para ninguém, embora existam os que souberam apostar, se resguardaram, juntaram e agora aplicam, principalmente em construção civil, apesar de algumas dificuldades neste setor serem claras, com lojas para alugar e muitos imóveis para vender.

Assim, se as pessoas parecem tristes, pensativas e, às vezes, até agressivas é porque o problema é geral, endêmico, tomou conta da cidade. O futuro está ali, só que ninguém o enxerga. Como também não enxerga aqueles que estão no leme da cidade, pois a incompetência é geral e irrestrita.

 

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