De Sebastião Guimarães a Gleidson Azevedo, os prefeitos dos últimos 50 anos

Período de grandes obras e conquistas que transformaram Divinópolis em um grande polo

 

Pollyanna Martins 

 Foi no 59º aniversário de Divinópolis, em 1º de junho de 1971, quando Sebastião Guimarães, o 26º prefeito de Divinópolis, ainda estava no início de seu mandato que o Jornal Agora entregava para o povo divinopolitano a sua primeira edição. Empossado em 31 de janeiro daquele ano, Sebastião Guimarães era sucessor de Walchir Resende (PDL 1967/1970) e assumiu o Executivo quando a economia da cidade se estruturava e crescia. 

De acordo com o ex-diretor da Agência de Desenvolvimento Sustentável de Divinópolis, José Elisio Batista, o último planejamento econômico de Divinópolis havia sido feito por Walchir Resende e, no início dos anos 70, começava então o círculo dos serviços que, além dos transportes, teve como principais catalisadores as áreas de saúde e educação: Hospital São João de Deus, hoje Complexo de Saúde São João de Deus (CSSJD), inaugurado em 1º de junho de 1968, e as faculdades.

A época foi considerada um período de preparação para o futuro, o que José Elísio define como “fundamental para o planejamento e execução de vários projetos por Antônio Martins, a partir de 1973”. Um dos grandes passos dados por Sebastião Guimarães foi a aquisição do terreno do atual Centro Industrial, noticiada nas primeiras páginas do Jornal Agora. 

 

Antônio Martins

Dr. Sebastião, como era chamado, terminou o seu mandato em 31 de janeiro de 1973, quando assumiu o lendário Antônio Martins. Nascido em Nova Serrana, Antônio Martins consolidou uma das administrações mais profícuas e completas da história de Divinópolis. Sendo o 27º prefeito da cidade, foi ele quem deu continuidade de forma aprimorada ao planejamento econômico elaborado por Walchir Resende. 

Antônio Martins foi um dos prefeitos que mais investiu no social. Além do Projeto Alfa (modernização do Centro), executou o Projeto Beta (urbanização dos bairros) e fez uma verdadeira “revolução” nas áreas de educação, saúde e desenvolvimento rural. 

Dentre os mais diversos avanços trazidos por Antônio Martins está a criação da Associação dos Municípios da Microrregião do Vale do Itapecerica (Amvi), em 1974. Tal ato foi noticiado pelo Agora em julho daquele ano e, no destaque da notícia, o seu primeiro presidente, o então prefeito de Divinópolis. 

Além dos desenvolvimentos urbano e econômico, Antônio Martins foi responsável ainda pela criação do Campus Universitário de Divinópolis, instituído pela Lei Municipal Nº 1.112 de 13 de setembro de 1974. 

Naquela época, o Jornal Agora noticiou os investimentos que o Município fazia na Educação. A Prefeitura doou o terreno onde hoje está situada a Universidade do Estado de Minas Gerais (Uemg). O campus tinha como objetivo receber as edificações, instalações e equipamentos destinados aos serviços de ensino de nível superior e outras funções educacionais, mediante convênios com entidades de direito público e privado. No parágrafo único do artigo terceiro da Lei Municipal, o Executivo estava autorizado a abrir crédito de 100 mil Cruzeiros para as despesas de pré-investimento. 

— Antônio Martins delegou ao doutor Cícero Bittencourt, que sequer era seu secretário, a reforma e modernização do sistema de saúde; ampliou o trabalho anterior de frei Bernardino, Íris Brilhante e João Leonardo (ambos da Acar, hoje Emater), na zona rural, ao ponto de o modelo de Divinópolis ter sido adotado, até hoje, para os PDRIs do Banco Mundial. Também iniciou a implantação do Distrito Industrial — detalha José Elísio. 

Nos “anos de ouro” de Divinópolis, o então prefeito terminou seu mandato em 1977, com os acordos de cooperação técnica firmados com o Indi e com o BDMG, o que fez Divinópolis ser a primeira cidade de Minas Gerais a ter o seu Catálogo de Informações Básicas para Investidores. 

— Um trabalho em que participei e que guardo com cuidado até hoje — ressalta o especialista. 

 

Fábio Notini e Galileu 

Fábio Botelho Notini assumiu a Prefeitura em 31 de janeiro de 1977, quando Divinópolis estava em franco desenvolvimento urbano e econômico. Seu vice era o engenheiro Galileu Machado, que assumiu em 14 de abril de 1982, após sua morte causada por um câncer na garganta. 

Dentre os destaques no governo de Fábio estão a vinda da Coca-Cola, embrião da futura Kaiser; instalação do Senai, um marco na história de Divinópolis; do Corpo de Bombeiros e do Centro Social Urbano para assistência aos trabalhadores. 

O mandato de Fábio coincidiu com os governos de Aureliano Chaves e Francelino Pereira, no governo do Estado, e, apesar de a princípio a relação Município/Estado ter se iniciado com certa distância, logo depois os chefes dos Executivos se acertaram e coube a ele as primeiras tentativas de inclusão de Divinópolis nos megaprogramas do Estado para as chamadas cidades de porte médio.

Foi com grande pesar que o Jornal Agora noticiou, em abril de 1982, o falecimento do 29º prefeito de Divinópolis. Fábio foi o único prefeito da cidade a falecer durante o mandato. 

 

Aristides Salgado 

Galileu foi chefe do Executivo de abril de 1982 a 31 de janeiro de 1983, quando passou o posto para o arquiteto Aristides Salgado. O 30º prefeito de Divinópolis teve um longo mandato e coube a ele dar continuidade ao planejamento de Antônio Martins, de conquistas nas áreas de Educação e Saúde. Destaca-se, em seu primeiro mandato, a criação da Regional Divinópolis do Sine, em parceria com José Elisio. 

Aristides deixou a Prefeitura de Divinópolis em 1º de janeiro de 1989, quando passou a vez para Galileu Machado, e retornou em 1993, para o seu segundo mandato que foi marcado pela instalação do Capit Sest/Senat, que garantiu a criação e a instalação do Cefet, em 1996, um enorme avanço para a educação da cidade. 

Foi na metade do segundo mandato de Aristides que o Jornal Agora trouxe em suas páginas a ação pioneira desenvolvida pelo prefeito de Divinópolis em parceria com a Acid: a criação e implantação da primeira Câmara de Mediação Capital/Trabalho e do primeiro Conselho Municipal do Trabalho, hoje extinto. 

 

Domingos Sávio 

Domingos Sávio foi o 33º prefeito de Divinópolis. Ele assumiu o Executivo Municipal de 1997 a 2000 e governou baseado em uma aliança com os partidos de esquerda que, legitimamente, priorizam as áreas sociais. José Elísio reforça a importância do modelo de gestão adotado por Domingos. 

— Nesse sentido, é importante lembrar que o fomento econômico significa geração de emprego e renda, maior arrecadação de impostos e mais recursos para atender à população. Entretanto, a sua contribuição para o fomento econômico foi expressiva — destaca. 

Foi no mandato de Domingos Sávio (PSDB) que Divinópolis teve um grande fomento econômico, com a vinda da Unifenas, que obrigou as demais faculdades a se expandirem e diversificarem. O campus foi instalado em 2000 e oferecia, inicialmente, a graduação em farmácia – atualmente são oferecidos mais cinco cursos. Sua inauguração está marcada nas páginas do impresso do Agora. 

O então prefeito apoiou ainda a implantação do Campus Verde Fadom, hoje Pitágoras, com a doação do terreno. Domingos trabalhou também na canalização de córregos, implantação de rede de esgoto nos bairros periféricos e na construção de três escolas municipais. 

— Naquela época, Divinópolis quase não tinha cursos de nível superior, eram cerca de cinco ou seis. Hoje tem mais de 50 cursos superiores e diversos de pós-graduação. Essa revolução da educação começou quando eu era prefeito. Eu sempre dizia: uma faculdade, uma universidade é uma indústria sem chaminé, é a indústria do saber, e isso ajuda a cidade a se desenvolver — relembra Domingos. 

 

Demetrius Arantes 

Eleito em 2004, Demetrius Pereira foi o 35º prefeito de Divinópolis. Seu mandato foi de 1º de janeiro de 2005 a 31 de dezembro de 2008. Sem sombra de dúvidas, o marco de seu mandato foi a viabilização de um campus da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ) em Divinópolis, que, junto com as outras faculdades, transformou a cidade não só em uma referência na saúde, mas também na educação. 

Apesar de ter sido inaugurado em agosto de 2010, já na gestão de Vladimir Azevedo, a articulação para a instalação da universidade começou e foi concluída na gestão de Demetrius. 

Além desse marco para Divinópolis, Demetrius foi o responsável pelo projeto que melhorou a mobilidade urbana no Centro da cidade, com o alargamento das calçadas da rua Goiás e avenida 1º de Junho, e também pela criação do extinto Camelódromo, no quarteirão fechado da rua São Paulo. 

No início de 2008, o Jornal Agora trouxe em suas páginas a prisão de Demétrius. O ex-prefeito foi preso durante uma operação da Polícia Federal (PF), em que era suspeito de formação de quadrilha, corrupção ativa e passiva, tráfico de influência, advocacia administrativa, exploração de prestígio, fraude a licitação, quebra de sigilo de dados e lavagem de dinheiro. Outros 11 prefeitos de Minas Gerais e dois da Bahia foram presos na mesma operação. 

Demetrius foi notícia em dezembro de 2017, quando foi condenado a seis anos de prisão, juntamente com um ex-secretário por alterar uma licitação no período em que foi prefeito de Divinópolis.

Em junho de 2018, Demetrius voltou a ser notícia na capa do Agora, quando a Justiça acatou a denúncia contra ele oferecida pelo Ministério Público Federal (MPF). O ex-chefe do Executivo Municipal era suspeito de cometer fraudes relacionadas às obras de saneamento custeadas com recursos federais do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Saneamento Para Todos. 

 

Vladimir Azevedo

Vladimir Azevedo foi o 36º e 37º prefeito de Divinópolis, e fez história ao ser o primeiro prefeito reeleito da cidade. O tucano iniciou o seu mandato em 1º de janeiro de 2009 e deixou a frente do Executivo Municipal em 31 de dezembro de 2016, quando passou a cadeira para Galileu Machado. O mandato de Vladimir foi marcado pelo início de grandes obras, sendo que muitas delas não foram entregues à população. 

Conhecido como o “prefeito dos ricos”, foi no mandato de Vladimir que foram iniciadas as obras do Hospital Público Regional Divino Espírito Santo, da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) do Itapecerica, o prédio do Centro Administrativo da Prefeitura e também a duplicação da MG-050.

De todas essas grandes obras, apenas o Centro Administrativo foi entregue. Projetado para absorver todos os órgãos e setores da Prefeitura, até hoje o prédio abriga apenas parte do Executivo Municipal. Um dos grandes avanços que deve ser destacado da gestão de Vladimir foi a aprovação do Plano Diretor. Em maio de 2014, o Agora eternizou em suas páginas a aprovação do projeto que é um marco para o desenvolvimento planejado. 

A proposta teve como objetivo modernizar e direcionar o planejamento da cidade e sua gestão, para solucionar os principais problemas do município. Foi na gestão de Vladimir que o antigo Pronto-Socorro foi desativado e a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Padre Roberto foi inaugurada. A criação da unidade gerou bastante polêmica na época de sua inauguração, pois reduzia o número de leitos para atendimento à população. Até os dias atuais a UPA é cercada por polêmicas. 

Foi também durante o mandato do tucano que a população viu o primeiro voo comercial decolar do Aeroporto Brigadeiro Cabral. Apesar de os voos comerciais terem durado pouco tempo, a cidade pôde sonhar com a volta do desenvolvimento. Outro grande avanço articulado durante a gestão de Vladimir foi a instalação do Serviço Móvel de Urgência (Samu). O serviço só foi inaugurado em junho de 2017, mas a articulação para a sua instalação na cidade começou em 2014, na metade do segundo mandato do então prefeito. 

 

Galileu Machado 

Galileu Machado foi o prefeito com mais mandatos em Divinópolis. O emedebista iniciou sua carreira à frente do Município em 1982, logo após o falecimento do então prefeito Fábio Notini, se tornando o 29º administrador municipal. Galileu retornou em 1989 e, nessa época, se tornou o 31º chefe do Executivo.

O emedebista voltou em 2001, sendo o 34º prefeito de Divinópolis. Após 13 anos fora do poder, Galileu retornou em 2016, em uma eleição histórica na qual teve mais de 58 mil votos. Sua eleição foi capa do Jornal Agora

 

Gleidson Azevedo

Gleidson Azevedo (PSC) foi eleito em novembro do ano passado, com pouco mais de 34 mil votos, se tornando um dos prefeitos mais novos da história de Divinópolis, com 38 anos. Vladimir Azevedo, quando assumiu seu primeiro mandato, em 2010, tinha 36 anos.

 

 







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