De pé pela arte de informar

Editorial 

O que têm em comum novela e jornalismo? A pura e simples arte. A arte de se dedicar com amor, com paixão em algo que você acredita. Fazer jornal diário, então, é mais do que arte, é privilégio. Fazer jornal diário e impresso é responsabilidade, coragem, ética, moral, milagre. Fazer jornal diário, impresso pautado pela ética e pela moralidade é para poucos. Manter-se no mercado há 49 anos é força, qualidade, guerra.

Passar de geração em geração, de pai para filho, informar um cidade é uma dádiva. Assim é este diário. Daqui saíram notícias que mudaram o mundo político diversas vezes, que mudaram vidas, que ajudaram, que mudaram destinos. De uma simples redação, parte da história de Divinópolis, que completou 108 anos na última segunda-feira, é feita todos os dias. 

Fazer jornalismo nos tempos atuais é para poucos. Manter uma redação funcionando é privilégio. Todos os dias, de segunda a sexta-feira, vidas se unem com um único propósito: informar. Mas, informar com qualidade. Com responsabilidade. Do entregador à diretora do jornal, a história de Divinópolis passa por aqui. Todos os dias. Oferecer notícias com credibilidade, qualidade, em um mundo tomado cada vez mais pelo individualismo e por notícias falsas, é milagre. Acompanhar as mudanças do mundo, da comunicação, do comportamento do consumidor é obrigação.

Sim! É verdade, as coisas têm mudado – e muito –, e mudado rápido. É preciso disposição para acompanhar. Acompanhar as mudanças tecnológicas, as exigências do mercado etc. Sobreviver em momentos como este de pandemia.

Mas, tem algo que não tem como acompanhar: o retrocesso humano, ou melhor, não tem como acompanhar este momento narcisista que a humanidade vive. Acompanhar esta onda – na qual o “eu” importa cada vez mais que o “nós”, e a coletividade e a empatia vêm perdendo cada vez mais espaço – é difícil. Acompanhar este momento em que políticos legislam cada vez mais em causa própria é mais difícil ainda.

Acompanhar este momento em que mais e mais eleitores são enganados, se deixam enganar e gostam de ser enganados por discursos de ódio proferidos pelos políticos é devastador. Assistir pronunciamentos feitos por eles, em todos os níveis, que não têm moral alguma para julgar o que é certo ou errado, é de dar nojo. 

Nós buscamos sempre o melhor, a toda hora, a todo o momento. Atualizamo-nos, buscamos os melhores profissionais, os melhores parceiros, mas não conseguimos acompanhar tamanha hipocrisia. Não conseguimos ver aqueles que realmente comem com porcos encher a boca para se autoproclamar o justiceiro do tempo e do mundo. Levantar todos os dias e fazer história – e ser marcado na história de uma cidade – é para poucos.

Somos privilegiados. Não é qualquer um que consegue. Para fazer isso é preciso esforço, é preciso dedicação, é preciso amor, é preciso paixão. Meia dúzia de palavras carregadas de ódio não “fazem verão”. Ocupar uma cadeira no Legislativo não quer dizer que você será marcado na história da cidade. 

Manter-se de pé, buscando sempre o melhor, informando com responsabilidade, isso, sim, é fazer história. E já dizia o ditado: “quanto mais vazia a carroça, mais barulho ela faz”. 

 

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