De olho

Gisele Souto

As eleições municipais só ocorrem no fim do ano que vem, mas, nos bastidores, o clima já é quente. A Câmara de Divinópolis é o exemplo mais real. As reuniões tensas no Plenarinho e os discursos inflamados na Tribuna Livre retratam esta realidade há tempos. Basta o eleitor mais desatento ficar de olho em seus representantes que perceberá fácil, fácil.

Azedou

As críticas do deputado Cleitinho Azevedo (CDN) ao prefeito Galileu Machado (MDB), de que ele teria apadrinhado algumas de suas conquistas, não foge a esta realidade. O parlamentar acusa o chefe do Executivo de anunciar à população divinopolitana benefícios conseguidos graças às suas idas e vindas a gabinetes no Executivo estadual. Essa troca de farpas, que começou quando Cleitinho ainda era vereador, promete. Lembra das eleições? Pois é, pode crer que são o pivô.

Rasteira?

Os motivos apontados pelo deputado são a entrega de dois ônibus para a Saúde e a cessão de parte do antigo Fórum à Prefeitura. Cleitinho afirma ter trabalhado assiduamente para conseguir estas demandas, tidas pelo prefeito como suas conquistas. E, pelo visto, deve ter outras pessoas querendo passar rasteira no deputado, já que critica lideranças locais de boicotá-lo. Isso porque existem muitas especulações, mas nenhum nome pré-definido para 2020. Divinópolis é mesmo peculiar na política.

Se joga

Por falar em possíveis candidatos, tem um que promete colocar ainda mais lenha nesta fogueira, caso confirme seu nome. É uma pessoa conhecida, já foi bem votada e pode desestabilizar pelo menos duas candidaturas que dão como certa a formação de chapa para o ano que vem. Aiaiai. E olha que ele não pensa duas vezes em se jogar, quando o assunto é uma briga política.

Vai lá

Continuando no tema prefeito, ele será ouvido na oitiva de amanhã pela comissão processante que investiga possíveis irregularidades cometidas pelo chefe do Executivo. O diferencial é que Galileu Machado não virá à Câmara, a comissão irá à Prefeitura porque ele tem esta prerrogativa. Ele é o último a ser ouvido nesta fase do processo. O certo é que a investigação avança e deve terminar antes do previsto. Menos mau porque não gera dúvidas em relação à transparência.

Plenário

Passada esta etapa, a comissão analisará todos os depoimentos e fará o relatório final. Pronto, volta ao Plenário para apreciação dos vereadores. Desta vez, a votação será pela maioria qualificada (2/3 dos votos para o afastamento do prefeito). Ao fim deste desgastante político vivido desde o ano passado em Divinópolis, a torcida é para que haja apenas um vencedor: a população.

Culpados

E, se a situação chegou a este ponto na cidade, o responsável não é um nem o outro. São os dois poderes: Legislativo e Executivo que, por culpa de alguns integrantes de lá e de cá, perderam tempo sem o entendimento necessário para o bom funcionamento da cidade. Claro que não se pode generalizar, tem pessoas dos dois lados que trabalham e defendem o interesse do povo, no entanto, muitos que defendem seus próprios interesses e dão tudo por uma denúncia, mesmo que sem fundamento, põem tudo a perder. E olha que nunca na história de Divinópolis apareceu tanta gente assim.

Tem mais

Os tais dos cargos arranjados, comuns na troca de favores políticos, também contribuem de forma determinante para o atraso de um município, ou melhor, de uma nação. Enquanto muitas pessoas competentes ficam de fora de cargos estratégicos porque fulano é amigo, ou beltrano contribuiu para a campanha, o retrocesso reina. Não é à toa que a política virou uma profissão para muitos. O pior nem é isso. É a normalidade que a população enxerga nestas práticas espúrias. Tão culpada quanto os políticos, ainda sonha com mudanças.

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