De “Mais Médicos” para “Médicos pelo Brasil”

 

Matheus Augusto

A saga em busca de médicos continua em todo o país, principalmente nas cidades do interior. O governo federal apresentou ontem, oficialmente, o programa “Médicos pelo Brasil”. O Ministério da Saúde informou que estão previstas 18 mil vagas para todo o território. No entanto, Divinópolis ainda não sabe será contemplada com o novo projeto.

Na cidade, das 18 vagas do “Mais Médicos”, dez estão desocupadas.

Mais Médicos

Em Divinópolis, o programa, que tinha 26 profissionais, 18 deles cubanos, agora conta com a presença de apenas oito médicos, conforme relatou a Secretaria Municipal de Saúde (Semusa).

— Antes do encerramento do acordo internacional com o governo de Cuba, Divinópolis contava com 26 vagas para o programa e estavam todas preenchidas. Destas, 18 estavam preenchidas por médicos cubanos e oito por médicos brasileiros — informou.

Ainda em novembro do ano passado, o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) anunciou o fim do convênio entre Brasil e a Organização Pan-Americana da Saúde (OPS). Todos os profissionais cubanos foram desligados do programa em Divinópolis.

As vagas desocupadas do “Mais Médicos” ainda não possuem previsão do Ministério da Saúde para serem ocupadas.

Afonso Pena

Na reunião ordinária de ontem, o vereador Josafá Anderson (CDN) aproveitou seu tempo de fala para destacar a importância de recompor o quadro de funcionários nas unidades de saúde.

— Fui hoje ao posto de saúde do bairro Afonso Pena. (...) ainda falta, nessa unidade, um médico. A profissional que saiu tem que ser recomposta, porque senão vai sobrecarregar o médico que está lá. E daqui a pouco ele também sai, porque não aguenta a pressão. É uma região muito grande para um profissional só — contou.

O vereador afirmou ainda que está em contato com o secretário de Saúde, Amarildo Sousa, para solucionar o problema o mais rápido possível dentro das possibilidades.

No Afonso Pena, havia um médico cubano e mais dois na clínica geral, restando agora, somente um.

Segundo vereador Eduardo Print Jr. (SD), os profissionais não têm demonstrado interesse em trabalhar na cidade.

— A Prefeitura está preocupada com a falta de médicos nos postos de saúde de Divinópolis. O Município fez a convocação de 14 profissionais, porém apenas quatro apresentaram a documentação em tempo hábil. Isso significa que eles não se interessarem em trabalhar dentro dos postos de saúde — explicou.

Ainda segundo o líder do governo, há a possibilidade de se convocar mais dez médicos, respeitando a ordem do concurso.

 Em Divinópolis, cincos postos continuam sem a presença de um único médico, sendo eles: Estratégia Saúde da Família (ESF) Jusa Fonseca/Paraíso, ESF Santos Dumont, ESF Candidés, ESF Ermida I e o Centro de Saúde (CS) Antônio Fonseca.

Motivações

Em dezembro, a secretaria chegou a recepcionar os 18 médicos que chegaram para repor as vagas deixadas pelos cubanos. No entanto, apenas oito continuam no programa.

O presidente da Comissão de Saúde da Câmara, Dr. Delano (MDB), explicou que as desistências ocorrem, na maioria dos casos, quando os mais jovens são aprovados para a residência médica.

— Quem pega a maior parte das vagas são os recém-formados, que acabaram de sair da universidade, apenas com o diploma de graduados. Eles, assim que passam pela residência médica, que acontece no primeiro ano, abandonam o “Mais Médicos”, atrás de especializações — explicou o vereador.

Ainda segundo o presidente da comissão, falta uma estratégia para que os profissionais continuem no programa, a fim de evitar a alta taxa de abandono.

— Esse é o sério problema. Não existe um incentivo para que esses médicos recém-formados permaneçam. Então, eles só continuam até passar na residência — afirmou.

 

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