De golpe em golpe

Augusto Fidelis

Em 1500, Pedro Álvares Cabral chegou por estas bandas, nuns barcos velhos, chamados caravelas, com um bando de maltrapilhos. Ante o encantamento dos nativos com aquela novidade, Cabral mandou logo celebrar uma missa e declarou: “Em nome de Portugal, estão todos amarrados”. Os índios não deram importância a essa ameaça. Ao contrário, logo ofereceram aos visitantes as suas mulheres e as melhores iguarias. Os que chegaram perceberam que o negócio era bom demais, ofereceram aos anfitriões espelhos e outras bugigangas sem nenhum valor e o escambo comeu solto.

Se aqueles índios tolos, em vez de fazer gracinha para os portugueses, os tivesse jogado no caldeirão e feito um bom guisado, a nossa história seria muito diferente. Como deram mole, veja, estimado leitor, querida leitora, o que acontece nos nossos dias. Ao longo do tempo, é golpe atrás de golpe.

Por volta de 1796, Tiradentes e seus companheiros acharam por bem dar um golpe para livrar o Brasil do jugo de Portugal. Dona Maria I, a louca, deu o contragolpe enforcando o líder do movimento. Na época, ninguém imaginava que a soberana viesse para o Brasil na comitiva do seu filho, dom João VI, em fuga dos golpes de Napoleão Bonaparte, para morrer no Rio de Janeiro.

Dom João foi embora e deixou seu filho dom Pedro I, que deu o golpe logo depois, proclamando a independência do Brasil, com prejuízo para Portugal. Dom Pedro alegou que foi o povo que o pediu para ficar. Mas fez um tanto de bobagem que, no fim, foi  embora e deixou seu filho de cincos com as responsabilidades. Isso foi um golpe.

Como o tempo não para, dom Pedro II cresceu, casou-se, teve filhos e reinou por muito tempo, sendo considerado um homem sábio. Porém, induzido pela Maçonaria, deu golpe na Igreja mandando prender dois bispos, episódio que ficou conhecido como “A questão religiosa no Brasil”.

De repente, uns gatos pingados colocaram o convalescente marechal Deodoro da Fonseca em cima de um cavalo, levaram-no até o centro de uma praça e ele gritou: “Viva a República”. Rui Barbosa correu onde se encontrava o imperador e disse: “Pula fora que o barco é nosso”. Sem sombra de dúvida, a república Brasileira é um golpe.

Fernando Henrique deu golpe e conseguiu implantar a reeleição. Assim, de golpe em golpe, chegou-se à era Lula, que deu um golpe no Brasil e por pouco não quebrou a Petrobras. A Dilma sofreu um golpe,  Michel Temer se salvou por pouco e agora pelejam para dar golpe em Bolsonaro. Neste ano, tentaram golpear até o Dia das Mães, no sentido de transferi-lo para o Dia dos Pais. Lembra-se de Valdir Maranhão? Pois é, deu golpe nos deputados e, em menos de vinte e quatro horas, deu o contragolpe no seu golpe deixando tudo mundo perplexo. O bom é que a vida segue.

 

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