Das profundezas...
Amnysinho Rachid
Das profundezas...
Interessante como somos presos a etiquetas, costumes e detalhes que muitas vezes não sabemos de onde vêm nem o porquê, mas seguimos.
Nada mais natural que uma criança estar com a mala cheia e aquele cheirinho invadir o espaço ‒ é até muito engraçado ver passar os pequeninos com as fraldas cheias, com aqueles bundões.
Se tem uma coisa que é natural em todas as pessoas e em todos os seres vivos é o sistema digestivo, ou seja, tudo que entra sai, ou a maioria deles.
Acredito que o mais difícil são os gases ‒ estes, sim, ricos, pobres, brancos, amarelos, pretos, madames, padres, políticos, velhos, novos, meia-idade, enfim, todo mundo solta.
A grande diferença é que quando se é criança não ligamos, e quando ficamos velhos não estamos nem aí.
Quem nunca foi pego dentro de um elevador lotado e um balança a roseira? Dá vontade de sumir ‒ aí sempre tem um com a ideia mirabolante que diz: “Ai, gente, todo mundo cheirando rápido para acabar com a carniça”. É de morrer.
Neste sábado, depois de uma noitada festiva de variados tira-gostos e muitas cervejocas, juntamente com meus amigos galácticos, fui para o supermercado. Como ainda estava muito cedo, fui buscando tudo que precisava bem tranquilo e me sentindo quase sozinho. Ao entrar na área dos frios, fui pegar os queijos, e nesta hora, quase que sem sentir, soltei naturalmente das profundezas do meu ser um poderoso remanescente gás da noite passada. Quase desmaiei, tamanho o poder do indesejável, mas o pior ainda estava por vir. Ao olhar para trás, me deparei com uma senhorinha que, pela fisionomia, estava paralisada. Na hora falei: “Nossa Senhora, que cheiro é esse? Deve ter alguma coisa perdida aqui”. E logo a senhorinha me disse: “Devem ser os queijos, vira e mexe sempre tem produto estragado aqui”. E fui logo dizendo: “Credo, acho que nem vou levar depois dessa”.
Que atire a primeira pedra aquele que nunca soltou um preso achando que sairia em silêncio e, ao contrário, mostrou a que veio.
E assim continuamos, com ou sem etiquetas, esperando a vacina e se lambuzando em álcool em gel, na NO HALL NEGÓCIOS IMOBILIÁRIOS, rua Paraíba, 913, Centro.