Danos em túmulos não procedem, afirma Prefeitura

Matheus Augusto

Apesar dos momentos de estiagem, a preocupação com as chuvas continua. O número de mortos em Minas Gerais, com as chuvas da última terça-feira, 28, chegou a 55. Além disso, mais de 44 mil pessoas estão desalojadas e 8 mil desabrigadas. Em Divinópolis, os órgãos responsáveis por lidar com as consequências das chuvas continuam em alerta e monitoram o nível do rio Itapecerica e locais com risco de desabamento.

Túmulos

Com as chuvas, uma questão levantada por alguns familiares na cidade foi a deterioração de túmulos em cemitérios administrados pela Prefeitura. Ao Agora, o Executivo informou não ter conhecimento de nenhum dano em jazigos. Questionada sobre alguma ação para evitar possíveis prejuízos às sepulturas, o órgão não respondeu.

Ações

Agentes da Empresa Municipal de Obras Públicas (Emop) estiveram, nesta terça-feira, na rua Calcário, 235, no bairro Niterói. Uma árvore, que ameaçava cair em uma residência, foi removida, e rachaduras foram fechadas. Segundo a Prefeitura, o local, caso não ocorram chuvas fortes, encontra-se seguro.

Essa é apenas mais uma das ocorrências na cidade em consequência das precipitações. Apenas entre os dias 24 e 28 deste mês, o 10º Batalhão do Corpo de Bombeiros, com sede em Divinópolis, atendeu 253 ocorrências relacionadas ao alto volume pluviométrico, com vistorias e resgate de pessoas em situações de risco de desabamento, enchentes e inundações. Além disso, o órgão foi acionado outras 50 vezes para queda e vistorias de árvores que ameaçavam cair.

Os Bombeiros ainda informaram que, durante esses cinco dias, duas operações causaram maior mobilização de efetivo: o desabamento de uma casa, em Divinópolis, com uma idosa dentro; e mais de uma centena de pessoas ilhadas em Conceição do Pará.

— (...) foram resgatadas 109 pessoas ilhadas pelo aumento do volume do rio São João, em que foram utilizadas duas embarcações do CBMMG [Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais], 13 bombeiros militares e diversas viaturas, e ainda contou com o apoio da Polícia Militar de Minas Gerais, dentre outros voluntários locais — destacou.

Por fim, o órgão comunicou que, mesmo com a estiagem em determinadas áreas da região, o trabalho preventivo de vistoria em áreas de risco e monitoramento do nível dos rios continua.

Caso perceba um risco de deslizamento ou desabamento, o cidadão deve entrar imediatamente em contato com a Defesa Civil, por meio do 199 ou 9 8825-2279, ou com o Corpo de Bombeiros, pelo 193.

Medições

Segundo a Prefeitura, o monitoramento do rio, tanto em Divinópolis quanto em Itapecerica, está sendo realizado periodicamente. Após alcançar a altura de 68 e 70 centímetros na terça-feira, uma nova queda no volume de água foi registrada ontem.

— A régua de elevação do rio Itapecerica marca 50 centímetros acima do seu leito normal e oscilando, devido à correnteza, entre 54 centímetros — informou.

A situação é considerada preocupante quando atinge um metro de altura. Nessa circunstância, a população deve ficar em alerta, como ressalta a Defesa Civil, pois há a possibilidade de inundações de córregos e das margens do rio.

Prefeitura

Sobre as chuvas do fim de semana, a Administração avaliou as ações preventivas como positivas.

— O trabalho constante da Prefeitura de Divinópolis na limpeza dos córregos e desobstrução de manilhas foi fundamental para evitar o transbordamento dos ribeirões. De 30 a 40 dias, as equipes da Secretaria Municipal de Operações e Serviços Urbanos (Semsur) retiraram entulhos que poderiam impedir o escoamento da água das chuvas — destacou.

Ainda segundo informou o Executivo, 18 córregos receberam limpeza neste mês. O diretor de Operações e Serviços Urbanos (Semsur), Rodrigo Assis, conta que materiais como sofás, armários e outros móveis são encontrados constantemente em córregos.

— Encontramos muitos móveis de casa jogados na passagem dos córregos. Isso compromete o escoamento das águas e a inundação ocorre — relata.

Fatalidades

Em Divinópolis, duas pessoas morreram em decorrência das chuvas. Ambas as fatalidades foram reconhecidas pela Defesa Civil estadual na terça-feira. No bairro Mangabeiras, na última sexta-feira, 24, por volta das 13h30, uma casa desabou, deixando uma mulher, de 81 anos, presa da cintura para baixo nos escombros e com um ferimento na perna. Ela recebeu e foi encaminhada para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e, ainda no mesmo dia, para o Complexo de Saúde São João de Deus (CSSJD). A instituição confirmou a morte da idosa na segunda-feira, 27, sem detalhar as causas. Ela morava no local com seu marido, de 82 anos, há cerca de 15 anos. Ele também estava na residência durante o acidente, porém, ao perceber que o imóvel vinha abaixo, conseguiu sair pelos fundos.

A segunda morte aconteceu na sexta-feira, porém na comunidade de Djalma Dutra, na zona rural de Divinópolis. Ao tentar atravessar de carro uma ponte durante as fortes chuvas, um homem, de 62 anos, teria sido arrastado para um córrego, onde o veículo ficou submerso. Seu corpo foi descoberto apenas na terça-feira, quando o volume de água reduziu e pessoas que passavam pelo local visualizaram o automóvel, ainda parcialmente coberto pela água.

Conforme contou o gerente da Defesa Civil na cidade, Gilberto Gonçalves, as duas mortes na cidade não são consequência apenas das chuvas, mas da própria imprudência.

— Não diretamente das chuvas, mas também das pessoas, da decisão que elas tomaram. A gente sempre fala: com o grande volume de chuvas, espere a chuva passar, não tente atravessar locais com enxurradas e inundações, uma casa em área de risco, que foi notificada, evitem estar nesse local — declarou.

 

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