Custos na saúde

 

Inocêncio Nóbrega

CUSTOS NA SAÚDE

 Nestes lutuosos momentos em que vivem os povos do mundo, enfatizando o Brasil, critérios técnico-científicos ainda não convenceram o governo central, o qual insiste na aplicação equivocada da cloroquina. O malariologista brasileiro, nascido em São Paulo, Mário Pinotti, farmacêutico e médico, desenvolveu uma fórmula simples de combate à malária, em que consiste o sal adicionado a este medicamento. Não sendo deste ramo, não posso afirmar quanto à sua eficácia. Sanitarista e também político, por mais de uma vez foi ministro da Saúde. Irregularidades apontadas nesse Ministério fizeram-no exonerar-se, a pedido, já no último agosto do mandato JK.

 Talvez o setor Saúde estivesse em crise, carente de mais investimentos, sucateado, no início da segunda década do regime militar. A realidade não se transparecia, nem a mídia tinha acesso, como hoje, por força da censura. Medrosas, as reivindicações. Estudaram as autoridades financeiras que a escassez monetária custava caro para a nação, cuja aplicação do dinheiro deveria se dar por rígidos processos disciplinares, dentro da teoria econômica. Para tanto, a liberação de recursos para o setor dar-se-ia por um sistema de análise comparativa de resultados, fidedignamente só possíveis mediante implantação de trabalhos técnicos. A título de experiência, baixou-se uma norma interministerial, obrigando as unidades hospitalares, públicas e privadas, a instalarem na sua administração, sistema de apuração de custos. 

O atual ministro, Marcelo Queiroga, contemporâneo de seu colega Antonio Carneiro Arnaud, no ano de 1972 diretor do Hospital Napoleão Laureano, em João Pessoa, deve saber do histórico da determinação oficial, a qual fez pulular cursos de especialização de contabilidade de custos hospitalares. É bom dizer-se que por ser oriunda do período discricionário não traga benefícios para a sociedade. A redemocratização, certamente no interesse de satisfazer o livre mercado e de capital, rapidamente aboliu essa obrigatoriedade.

O professor Oswaldo Fernandes nos mostra quanto é importante o mapeamento de custos num hospital, numa empresa, a começar por livrar-se do empirismo. Sem dúvida, evidentes e positivos reflexos logo aparecem, na melhoria dos níveis de produção e serviços. É um policiamento discreto, a que todos participam. Liberalizou-se demais, sem suficientes métodos estratégicos e de acompanhamento das verbas públicas, não se tendo capacidade de geri-los.

Nos trabalhos da CPI da covid o medíocre gerenciamento ministerial e dos órgãos de Saúde, com o general Pazuello à frente, deverá ser investigado; sem prejuízo de prioridades, assunto conforme o relatado, poderá, também, ser debatido.

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