Cuidado com o vice

O impeachment da ex-presidente, Dilma Rousseff (PT) causou um efeito interessante, não só entre a população, mas também no mundo político. Os brasileiros acompanharam de perto todo o processo, e viram como Michel Temer e seu partido, o MDB, atuaram para subir ao poder. Com uma articulação espetacular, e com o apoio de parte da população brasileira, Temer e seus colegas tiraram Dilma da cadeira e estão na Presidência da República há pouco mais de dois anos. Sem qualquer pudor, ou interesse em disfarçar que não agia de acordo com os interesses de seu partido, o atual presidente não pensou duas vezes em dar uma facada nas costas da petista.

Essa “facada”, além de causar revolta nos eleitores de Dilma, culminou num efeito acompanhado também ao longo dos últimos anos, em debates das redes sociais. Quando alguns eleitores insatisfeitos com o impeachment demonstravam isso, logo vinha algum comentário: “Mas, se você votou na Dilma, votou no Temer, então ele também foi escolha sua”. E não havia como negar tal fato. Obviamente, que o eleitor não tem o hábito de analisar o vice da chapa que lhe agrada, apenas o presidente, mas tal efeito foi criado, e impactou a sociedade de forma relativamente positiva. Porém, antes de entrarmos no mérito da escolha do voto, há de se observar, que o impeachment causou um impacto na escolha dos vices das chapas, nestas eleições.

O que mais se ouviu durante o processo de coligação, e de formação das chapas foi “fulano é candidato, mas ainda não temos um vice definido”. Ao que parece, eles foram escolhidos a dedo, e não há de se espantar, se contratos em que os vices se comprometem a não iniciar um processo de impeachment, terem sido feitos. Que estas eleições estão sendo atípicas, não dá para negar. O Brasil tem um candidato esfaqueado, e um – que seria candidato – preso. Porém, o que chamou a atenção nesta semana, foi que, depois da facada que o presidenciável, Jair Bolsonaro (PSL) recebeu, o seu vice, o general da reserva, Antônio Hamilton Mourão ter recorrido ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), para representar Bolsonaro nos debates.

Apesar de parecer uma atitude louvável, uma vez que o presidenciável se encontra em tratamento médico, alguns classificaram a atitude do general como uma “facada nas costas”. O vice de Bolsonaro admitiu em entrevista, que sua decisão pode ter resistência de muitos, mas deixou um alerta para o eleitorado em geral. Pois, além de escolher o presidente, é necessário olhar para o seu vice, que apesar de parecer decorativo, inofensivo, muitas vezes não é. Michel Temer é prova disso. Ao escolher Dilma, seus eleitores não o escolheram, e mesmo assim tiveram que lidar com a sua ascensão ao poder.

O general Mourão ligou o alerta e causou outro efeito na sociedade, que agora começou uma guerra de vices nas redes sociais. Além das fakes news envolvendo os presidentes, os ataques partiram para as vices de Ciro Gomes, e Fernando Haddad, Kátia Abreu e Manuela D'Ávila, respectivamente. Mas, fake news, e ataques a parte, é importante que os eleitores prestem bastante atenção em cada escolhido, porque depois não adianta ‘chorar o leite derramado’.

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