CRM acata intervenção ética e médicos podem deixar UPA de Divinópolis

 

 

Pollyanna Martins 

O Conselho Regional de Medicina de Divinópolis (CRM/Divi) acatou o pedido de intervenção ética na Unidade de Pronto Atendimento Padre Roberto (UPA 24H). De acordo com o conselheiro e delegado do CRM, Jorge Tarabal, foi feita uma fiscalização no final de maio e a proposta foi aprovada em uma plenária. Segundo o médico, após aprovado, o pedido será colocado em andamento e o primeiro passo será notificar a União, o Estado e o Município, responsáveis pela unidade.  

Conforme informou Tarabal, será realizada uma reunião na próxima semana e serão definidas as condições que o Governo Federal, Governo do Estado e Prefeitura deverão cumprir, para que os médicos não paralisem o atendimento na UPA. 

De acordo com o delegado do CRM, o conselho dará um prazo que os governos façam a adequação da unidade, conforme as resoluções do Conselho Federal de Medicina. Tarabal ressalta que o fim da superlotação da UPA será um dos primeiros pontos a ser exigido pelo conselho. 

— Estão ficando 50, 60 pessoas nos corredores da UPA, e a UPA não é hospital para ficar com gente nos corredores, com gente correndo risco de infecções. Os médicos estão trabalhando sem condições e eles [União, Estado e Município] vão ter adequá-la às normas do CRF – enfatiza.  

O conselheiro explicou ao Agora que, caso os governos não atendam as exigências do CRM, no prazo estabelecido, será decretada a proibição de os médicos atenderem na unidade devido às condições insalubres de trabalho em que a UPA se encontra atualmente.  

— Os médicos só voltarão para a unidade depois que a União, o Estado e a Prefeitura a adequarem – informa.  

 Preocupação  

A vereadora Janete Aparecida (PSD) disse estar preocupada com a possibilidade de a UPA sofrer a intervenção ética. Membro da comissão permanente de saúde, ela explicou que, caso a situação se concretize, os médicos não poderão trabalhar enquanto tiver um paciente no corredor ou entubado no Centro de Tratamento Intensivo (CTI) da unidade.  

— Hoje a UPA está com mais de 70 pessoas internadas, sendo que lá só podem ficar 16 pessoas nos leitos, oito no corredor e, no máximo, seis em estado mais grave, mas sem estarem entubadas. Caso aconteça a intervenção, vamos mandar essas pessoas para onde? A gente sabe que é uma medida protetiva, mas que vai causar um caos na saúde de Divinópolis — alerta.  

De acordo com Janete, após ser avisada sobre a aprovação do pedido de intervenção ética, ela já entrou em contato com o secretário municipal de Saúde, Amarildo de Sousa, para que a situação não chegue ao extremo e seja solucionada antes de o CRM notificar a União, o Estado e o Município.  

— Nós temos de resolver esta situação, que é urgente e calamitosa. Não podemos ter essa UPA interditada de forma alguma — afirma. 

 

 

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