Cresce a prática de crimes cibernéticos

Criminosos clonam aparelhos e pedem dinheiro para familiares; PM dá dicas para evitar ciladas

 

Bruno Bueno

A ascensão da internet e das redes sociais proporcionou diversas facilidades às pessoas. Rapidez, praticidade e comodidade são algumas das vantagens que o serviço disponibiliza para os usuários. No entanto, a grande simplicidade das plataformas esconde um problema grave que vem crescendo no Brasil nos últimos anos: os crimes cibernéticos. Definido como a atividade criminosa que tem como alvo um dispositivo conectado em rede, a maioria dos delitos são cometidos por hackers que querem ganhar dinheiro fingindo que são familiares da vítima. 

Paralelamente, o 23º Batalhão da Polícia Militar admite um aumento da prática na região Centro-Oeste, algo que também se espalha para todo o país, visto que, segundo a Fortinet Threat Intelligence Insider Latin America, empresa que analisa incidentes de segurança cibernética, o Brasil sofreu mais de 3,4 bilhões de tentativas de ataques na internet, de janeiro a setembro de 2020.

Nas últimas semanas, o ex-vereador Renato Ferreira foi vítima dos ataques e teve seu WhatsApp clonado, quando pessoas pediram dinheiro em seu nome.

— Eu estava trabalhando e chegou uma mensagem para mim no WhatsApp perguntando se poderia responder um questionário sobre covid. Eu aceitei e depois chegou uma mensagem pedindo um código. Assim que respondi não consegui acessar meu telefone — disse.

Renato salientou que os criminosos continuaram usando sua conta na rede social.

— Conseguimos bloquear o telefone e pedi ajuda a alguns amigos e familiares para ajudar a divulgar pois estavam pedindo dinheiro em meu nome. Clonaram outro número e continuou usando minha foto de perfil — explicou.

Ataques

Mas quem pensa que os ataques cibernéticos são direcionados apenas a figuras públicas está enganado. Com a ascensão e facilidade das redes sociais, qualquer tipo de pessoa pode cair na prática criminosa. 

É o que conta a biomédica Deborah Cristina Barreto, que foi vítima dos ataques no fim do ano passado, tendo o WhatsApp clonado. Ela relembra que caiu no golpe após clicar em um link em outra rede social.

— Eu estava no Instagram vendo fotos de um resort. Neste momento, recebi uma mensagem com um link desse hotel e entrei achando que era uma promoção. Passados 40 minutos, amigos e familiares começaram a me ligar dizendo que meu número havia sido hackeado — disse.

A mulher também crê que mais vítimas tenham caído na prática dos criminosos.

— Uma conhecida minha passou pela mesma situação, ela também estava olhando fotos de um hotel e acabou com o celular hackeado. Estamos acreditando que seja a mesma conta do Instagram que cometeu o crime — afirmou.

Prejuízo

A biomédica finalizou dizendo que uma amiga quase teve prejuízo quando chegou perto de depositar uma quantia para os criminosos durante a prática.

 — Disseram que um tio meu estava muito doente e que eu precisava de recursos para ajudá-lo. Coincidentemente, eu estava com um tio internado por covid na época, então quase que ela foi enganada. Pediram R$1 mil, mas, como ela não tinha o saldo, não caiu no golpe — ressaltou.

Dicas

O responsável pela comunicação da 7ª Região da Polícia Militar (7ª RPM), major Jocimar Lúcio, que já recebeu diversas solicitações como essa, deu dicas de como evitar a prática criminosa.

— Uma das principais orientações da PM é que as pessoas estejam sempre atentas. É essencial que se desconfie de mensagens que venham de números e contatos desconhecidos, assim como e-mails da mesma categoria. Links que não pareçam confiáveis também devem ser evitados. Tudo isso pode acarretar na instalação de programas que irão comprometer o celular, podendo até influenciar em outras questões, como nas contas bancárias da vítima — ressaltou.

O major também destacou a importância de comunicar à polícia sobre o ocorrido.

— É essencial que se faça o boletim de ocorrência e a troca do número para se resguardar. São medidas preventivas que a pessoa deve adotar, mesmo que encontremos o autor, o ideal é que a vítima adote esse método preventivo. Toda vez que ocorrer situações como esta, principalmente na questão de clonagem de celulares, o ideal é que você comunique a todos seus vínculos, sejam familiares, amigos ou conhecidos, para evitar golpes e solicitações indevidas no nome da vítima — explicou.

 

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