CPI pode investigar possíveis desvios de conduta na Cemig

Concessionária é acusada de aumentar cargos e custos, além de precarizar atendimento, para justificar privatização; populares reclamam de preço dos serviços

Bruno Bueno

A Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) poderá ser investigada por possíveis irregularidades em sua gestão. Ao menos é o que indica o deputado estadual Cleiton Oliveira (DC) que solicitou, na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar algumas ações da empresa.

Em entrevista concedida na última semana, o parlamentar deu mais detalhes sobre o pedido da CPI.

— Nós pedimos essa CPI no final de 2019, quando ficamos assustados com a notícia da venda da Renova, empresa que era braço direito da Cemig e foi comercializada pelo valor simbólico de R$ 1. Através de uma denúncia, ficamos sabendo que a empresa recebeu uma proposta de um grupo americano para vender a Renova por R$ 400 milhões — disse.

Ainda segundo o deputado, as primeiras apurações levam a irregularidades em processos seletivos, incluindo a contratação de empresas prestadoras de serviço sem licitação.

— Questionamos a contratação de algumas prestadoras de serviço sem nenhum processo seletivo. Existem vários exemplos, como a empresa Exec, que foi contratada sem licitação para fazer a seletiva do novo presidente da Cemig, no qual foi escolhido Reynaldo Passanezi. Além disso, o pagamento pelo serviço foi feito somente após a posse do executivo, algo, no mínimo, suspeito — explicou. 

Custos

O deputado ainda destaca os altos custos da empresa, que, segundo ele, promove salários altíssimos para novos prestadores de serviço.

— As taxas absurdas que são cobradas partem dessa falta de transparência. Existem cabides de emprego, além de uma casta privilegiada que chega a ganhar R$ 142 mil. Esse valor pagaria 75 professores, 34 policiais militares e 12 médicos plantonistas. Assim que concluirmos essa CPI da covid, a Assembleia acatará o projeto e receberemos as 26 assinaturas que precisamos para continuar com as investigações — afirmou.

O deputado também explica que o atendimento prestado pela Cemig, que, segundo ele, apresenta diversas falhas, é precarizado de propósito para justificar uma possível privatização.

 — Sou procurado para resolver problemas. Nós sabemos da eficiência da Cemig, de seus equipamentos, mas isso não justifica o mau serviço. Parece a ideia de precarizar para privatizar. Estão piorando o serviço para terem justificativa para uma possível privatização — afirma.

Alto preço

Outra reclamação constante diz respeito aos preços pelos serviços prestados. É o que afirma a dona de casa Ana Paula Santos, revelando que a conta de luz em sua casa tem aumentado constantemente.

—  Todo mês tem um aumento. A gente faz de tudo para economizar, mas mesmo assim a conta vem alta. Quando chega próximo à data do valor a gente fica até meio receosa, porque não sabe de onde vai tirar o dinheiro, ainda mais durante essa pandemia — disse.

O Agora procurou a Cemig Divinópolis, por meio de sua assessoria de comunicação na cidade, e questionou sobre o preço dos serviços.

Em relação a reclamações de clientes sobre o aumento da tarifa de energia elétrica, a Cemig esclarece que não houve alteração da tarifa desde agosto de 2020. A empresa informa ainda que, em função do agravamento da pandemia da covid-19 e da dificuldade financeira em que muitas famílias mineiras se encontram, a Cemig está realizando uma série de ações em benefício dos clientes da companhia fortemente impactados pela crise — afirmou por meio de nota.

A empresa também disse que suspendeu os cortes de energia dos consumidores de baixa renda.

— A Cemig suspendeu os cortes por inadimplência dos consumidores de baixa renda cadastrados no Programa de Tarifa Social de Energia Elétrica (TSEE) até 30 de junho e está oferecendo parcelamento das faturas em atraso, que poderão ter seu valor dividido em até 24 parcelas mensais, sem juros, nas condições acessíveis no portal www.cemig.com.br — disse.

CPI

A CPI da Cemig deve ser instaurada na Assembleia Legislativa nas próximas semanas, visto que, neste momento, os parlamentares estão focados em outra Comissão Parlamentar de Inquérito, a Fura-Fila, que investiga possíveis irregularidades na vacinação em Minas Gerais. Para ser aprovada, a CPI necessita da assinatura de 26 deputados e da aceitação do presidente da Casa, Agostinho Patrus (PV). 

Questionada sobre o andamento da CPI e as possíveis investigações, a Cemig Divinópolis optou por não se manifestar.



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