CPI dos áudios termina em cestas básicas

Maria Tereza Oliveira

Após quase um ano, desde que o escândalo envolvendo o prefeito, um jornalista, secretários e um cargo comissionado veio à tona, foi realizada uma audiência de conciliação.  Três envolvidos optaram em pagar seis cestas básicas cada, para deixarem de responder ao processo. Assim, o jornalista José Geraldo Passos, o secretário de Governo, Roberto Antônio Ribeiro Chaves e a secretária de Administração, Orçamento e Informação, Raquel de Oliveira Freitas, não irão mais responder ao processo.

Por outro lado, o prefeito Galileu Machado (MDB) não teve transação penal por se tratar de réu condenado. O processo em relação ao prefeito continua no Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG). A justificativa é o foro privilegiado que Galileu tem por ter tomado posse como chefe do Executivo. Por isso, o processo contra ele continua tramitando no Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG).

Desde que a conversa entre Galileu e o empreiteiro Marcelo Máximo de Morais Fernandes, conhecido como Marcelo Marreco, foi vazada, investigações e acusações têm fomentado o debate do assunto. A suposta troca de favores levantou uma série de questionamentos e colocou os holofotes nos cargos de confiança do Executivo divinopolitano.

Paga ou encara

A Carta de Ordem originada do TJMG oferecia a cada um a opção de transacionar: Geraldo, Raquel e Roberto terão de pagar R$ 2.093,10 cada, valor correspondente a seis cestas básicas, tomando por base um dos menores valores de cesta básica do Dieese, R$ 348,85. Com esta opção, agora os três não precisam mais responder ao processo criminal, somente a ação civil pública.

O Agora teve acesso aos documentos. Nele, o Ministério Público (MP) aponta para Galileu como o agente com o maior grau de reprobabilidade, já que ele é o participante com maior grau hierárquico, porém, por ter sido condenado, não teve direito à transação penal. O processo segue em relação a Galileu. Quanto a Marcelo, a Carta de Ordem é omissa.

Geraldo Passos é citado como “a ponte” para a negociação do cargo. Já Roberto Chaves e Raquel Freitas foram nomeados como ajudantes que tentaram impedir que Marreco revelasse informações do Galileu na Tribuna Livre.

A pena de pagar cestas básicas corresponde a de uma briga de vizinhos.

CPI

A situação, desde o vazamento dos áudios, tomou grandes proporções, principalmente na Câmara. No dia 11 de junho do ano passado, foi instaurada a polêmica Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos áudios.

A investigação contou com depoimentos de servidores, políticos e até do delegado regional, Leonardo Moreira Pio.

A CPI dos áudios foi formada com o intuito apurar supostas irregularidades cometidas pelo Executivo na nomeação de um cargo de confiança.

O grupo responsável pela comissão foi formado por Ademir Silva (PSD), Renato Ferreira (PSDB), Raimundo Nonato (PDT) e Edson Sousa (MDB). Este último inclusive protagonizou inúmeras polêmicas e embates com um dos investigados pela CPI.

Algumas interpretações sugerem que a conversa envolve a oferta de cargo público com uma insinuação de que o empreiteiro não precisaria trabalhar.

 

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