CPI da Copasa volta a ouvir consumidores; assista à íntegra

Ricardo Welbert

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) instaurada na Câmara de Divinópolis para apurar indícios de irregularidades na prestação de serviços e no cumprimento do contrato firmado entre a Companhia de Saneamento (Copasa) com a Prefeitura teve mais uma rodada de depoimentos na tarde desta segunda-feira, 24. A sessão foi pública. 

Foram convidados nove consumidores que reclamaram ao Legislativo sobre a qualidade de serviços prestados pela empresa entre agosto e outubro de 2017, mas só seis compareceram. Foi a segunda etapa de oitivas com membros da população. Na sexta-feira, 24, cinco cidadãos foram ouvidos.

Os depoimentos começaram com as declarações de Irineu Alcides Pereira, ex-funcionário da Copasa e morador do bairro Dona Rosa. O aposentado disse que trabalhou na companhia por 27 anos e que após sair percebeu queda na qualidade dos atendimentos.

— Fiquei sabendo que será construído um reservatório da modalidade R2 para atender à região do Serra Verde. Mas, pelo que eu entendo do serviço, caso isso realmente aconteça, os bairros Candelária e Bom Pastor correrão o risco de ficar sem água — disse, acrescentando que na região onde mora já ocorreu de todo o bairro ficar sem água por três dias e que já passou mal algumas vezes em virtude da água com barro que tem chegado.

Ele afirmou que falta infraestrutra aos funcionários.

— A população está sendo roubada. As pessoas estão pagando pelo ar no encanamento. Posso afirmar que não existe troca de hidrômetro e por diversas vezes enquanto funcionário precisei zerar os relógios. Se for necessário, faço uma demonstração em plenário aos vereadores — frisou.

Santa Clara

A segunda pessoa ouvida foi Maria Regina Rodrigues, do Santa Clara. Além de reclamações contra a qualidade da água, ela informou que recebeu uma conta prevendo seus gastos no próximo mês de dezembro com data de vencimento em janeiro de 2018. 

— Registramos a mortandade de animais ao redor do rio Pará, a mortandade de peixes, e a proliferação dos águapés causados pelos efeitos de despejamento do esgoto no rio e até hoje nenhuma denúncia foi acatada — reclamou.

Ainda de acordo come ela, o governo municipal errou ao entregar a concessão do serviço à Copasa e o melhor a se fazer seria o cancelamento do contrato. Finalizou dizendo que outras falhas vêm do governo estadual.

Ermida

Representando o bairro Santo Antônio dos Campos (Ermida), Márcio da Silva disse aos vereadores que nesta semana os moradores ficaram sem água.

— Há anos foi afixada uma placa lá em Ermida dizendo das obras de uma ETE [Estação de Tratamento de Esgoto] que não existe. Só tem a placa de obra e não tem nada. Disseram por último que a previsão é para começar daqui a seis meses. E nós já estamos pagando os 90% na conta sem ter tratamento nenhum — disse.

Segundo informações do morador, no local há apenas um centro de tratamento do esgoto. Por seu ponto de vista, seria melhor se a Copasa tivesse deixado a região como era antigamente, no regime de fossas, pois esse contrato não trouxe benefício ao Ermida.

Mar e Terra

Na sequência foi a vez de Graciete Correia, moradora do Mar e Terra. Ela disse que ao registrar reclamações na Copasa, houve um momento em que foi coagida pela administração da companhia.

— Eles disserem que se eu quisesse, poderia entrar na Justiça contra a empresa, pois eles tem 30 advogados e que eu não teria chances nessa causa. Uma empresa que presta um serviço péssimo e que não avisa com antecedência da falta de água — criticou.  

Centro

Já Antônio Dias Barbosa, do Centro, disse que nos seis últimos meses tem recebido água com aparência de barro, além de ter sido vítima de viroses e diarreia.

— Há 40 anos eu cheguei a beber água desse rio Itapecerica. É inacreditável ver como ele está atualmente, pois a Copasa não faz investimento nenhum para conservar nossas nascentes — pontuou.

Esplanada

O ambientalista Jairo Gomes, do Esplanada, encerrou com relatos de estudos que já fez no rio Itapecerica, que recebe o esgoto da cidade.

— O que alimenta os córregos e os rios hoje é o esgoto. É preciso criar barragens ao longo dos córregos para reter água. Como é um volume muito grande de sujeira, os leitos dos córregos estão cheios de algas. O rio virou um caldo cheio de aguapé e sem vida — afirmou. 

Avaliação

Essa foi a segunda etapa de oitivas com representantes da população. Na sexta-feira, 24, cinco outros cidadãos foram ouvidos. De acordo com o presidente da CPI, Sargento Elton, os depoimentos foram proveitosos.

— Provas contundentes do mal atendimento da Copasa, inclusive com apresentação de laudo médico de um dano à saúde causado pela ingestão da água supostamente tratada — comenta.

Nas próximas etapas deverão ser ouvidos os prefeitos de Bom Despacho e Pará de Minas – cidades que suspenderam os contratos com a Copasa. Depois ainda serão ouvidos ex-prefeitos de Divinópolis e o atual, Galileu (PMDB).

Outro lado 

Por meio de nota, a estatal informou que "sempre prestou e continuará prestando todas as informações necessárias para esclarecer as questões relativas à prestação dos serviços de abastecimento de água e do esgotamento sanitário em Divinópolis.  

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