Covers de Cleitinho

Bob Clementino 

O hoje deputado estadual Cleitinho Azevedo (CDN) surgiu para a política sob um marketing sensacionalista e oportunista, chutando painéis de propagandas eleitorais de candidatos. Outra tática utilizada foram os vídeos polêmicos, em que falava o que supunha ser vontade do eleitor ouvir. Hoje, ele não chuta mais painéis, mas continua com suas estratégias sensacionalistas, pulando muros de depósitos do Estado para ambulância e veículos destinados às polícias Civil e Militar, e insiste na fórmula de falar o que o eleitor quer ouvir. Essa estratégia de Cleitinho gerou, neste ano eleitoral, uma série de imitadores, a quem chamo de “cover de Cleitinho”. É um tal de candidato chutando o balde, ou agredindo verbalmente vereadores, apenas para chamar a atenção dos eleitores, porém, sem qualquer proposta para solucionar os problemas sociais e urbanos. Pergunto: o que é pior, o legado engenhoso de Cleitinho para conquistar voto ou a falta de capacidade daqueles que se predispõem a desempenhar as funções políticas?

 

Rodovias estreitas travam desenvolvimento 

Em todas as rodas de conversa sobre o futuro de nossa cidade, ouço a frase: “Há muito tempo que Divinópolis não atrai uma grande indústria”. E é verdade! Quais seriam os motivos desse desinteresse pelo nosso município?

Os motivos são muitos e complexos. Um deles tem a ver com o fato de as rodovias que servem Divinópolis serem estreitas, não duplicadas, dificultando a fluidez do trânsito. Imagino que isso tem contribuído para deixar Divinópolis isolada e enjeitada.

Vejamos: De BH até a BR-381/Fernão Dias, passando por Divinópolis, ao entrar na rodovia MG-050, o acesso é por uma rodovia de mão e contramão, em alguns trechos com pistas duplicadas e pedagiadas. Depois de Divinópolis, segue-se para a cidade de Oliveira pela rodovia BR-494, uma estrada que não é duplicada, até a BR 381. Da BR-262 até Divinópolis, o acesso é também por uma rodovia estreita, de mão e contramão, até a BR-381. De BH até São Sebastião do Paraíso, o trajeto é feito pela rodovia MG-050, igualmente nessas condições limitadas.

Olhando o mapa rodoviário de Minas Gerais, constata-se que as rodovias BR-262 e a BR-381, todas duplicadas, deixam Divinópolis isolada em um triângulo, cujo fechamento é concluído pela BR-494. A realidade é que as cidades às margens das rodovias BR-262 e 381 atraem mais indústrias e novas empresas porque transportar produtos por rodovias duplicadas é mais rentável, considerando o tempo economizado e rapidez da locomoção. E o que compete ao prefeito Galileu Machado (MDB), diante dessa situação herdada e aos deputados estaduais e federais da cidade, fazer?

Cobrar do governo estadual a duplicação dos 406,7 quilômetros da MG-050 e do governo federal que a rodovia BR-494 seja também duplicada da BR-262 até a BR-381. Não só cobrar, mas também pressionar e acompanhar o acolhimento às reivindicações de interesse da cidade e sua efetiva execução. Hoje, para investidores, como citei acima, com relação à fluidez do transporte de suas mercadorias, é mais interessante investir em Pará de Minas e Nova Serrana, que estão ligadas a Belo Horizonte pela rodovia BR-262 duplicada.

Recados dos eleitores 

Entre a eleição de 2010 e 2014, o deputado Jaiminho perdeu aqui 15.428 votos. Explico: na eleição de 2010, obteve em Divinópolis 47.107 votos e na eleição de 2014 recebeu 31.678 votos. E, neste pleito, 55.869 eleitores divinopolitanos preferiram votar em branco, nulo ou se abster, em vez de votar em deputado federal da terra.

Por quê?
A perda de votos do ex-deputado em Divinópolis pode ter causa numa sucessão de erros dele e de sua assessoria, que não souberam explicar aos
eleitores. Entre esses erros, a estapafúrdia ideia de transferir o título eleitoral para Belo Horizonte, supondo aumentar o seu eleitorado. É claro, já o retornou ao fórum eleitoral de Divinópolis, em face da não surpreendente repercussão negativa nos eleitores conterrâneos. Posteriormente, veio mais abalo, quando Benedicto Junior, que
comandou o departamento de operações estruturadas, centro de distribuição de propinas da empreiteira Odebrecht, afirmou que o
deputado federal  Jaime Martins (PSD) teria recebido R$ 50 mil, dinheiro de caixa dois da empresa. O deputado desmentiu, mas o efeito
nefasto fixou. É provável, sim, que esses
fatos, entre outros, justifiquem o enfraquecimento  político que Jaiminho sofre em Divinópolis.

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