Cotas

Cotas

Cotas raciais são abomináveis! Melhorar a qualidade do ensino público desde a base é a solução. Querer consertar com cotas esse ensino público de baixo nível é de um mau-caratismo sem precedentes. A Lei 12.711 de 29/08/2012 – lei das cotas – separa em vez de unir.

 

Entrevista

Por ter se declarado parda quando de sua inscrição para o processo seletivo do Cefet – Unidade Divinópolis/MG –, minha sobrinha foi convidada para uma entrevista na qual seu genótipo (constituição genética) não seria considerado, mas sim seu fenótipo (características apresentadas). Ela foi entrevistada por quatro pessoas, sendo uma das entrevistadoras a nossa prima, professora Maria Cristina Santos, que, desconhecendo o parentesco – nossas avós eram irmãs e eram negras –, fez as seguintes perguntas: “quando você e uma menina negra entram em uma loja, para quem olham com desconfiança?”; “quando você, uma menina branca e uma negra vão atravessar a rua, se houver um policial, para quem o policial olhará desconfiado?”.Minha sobrinha chegou a dizer “pode ser que isso não aconteça”, o que foi repelido pela entrevistadora. Ao final, nossa prima disse que,olhando para minha sobrinha,não se via uma pessoa pardaque poderia vir a ser vítima de preconceito. Há de se frisar que a razão de minha sobrinha ter sido entrevistada por quatro pessoas não quer dizer que ela se sentou diante de uma comissão composta por quatro pessoaspreviamente selecionadas. Ela foi entrevistada por duas pessoas, que chamaram uma terceira para que as auxiliasse. E esta, por fim, chamou a professora Maria Cristina dos Santos, nossa prima.

 

Desvendando o fenótipo

O termo “fenótipo” é empregado para designar as características apresentadas por um indivíduo, sejam elas morfológicas, fisiológicas e comportamentais. Também fazem parte do fenótipo características microscópicas e de natureza bioquímica, que necessitam de testes especiais para a sua identificação. Assim sendo, perguntas relacionadas a racismo não são bastantes para determinar o fenótipo de uma pessoa. Em segundo lugar, uma simples leitura no rosto de uma pessoa fará com que eu busque mais do que eu encontro no meu próprio rosto. A seguir por essa linha de raciocínio, quem deveria estar ali analisando então se fulano ou beltrano seria ou não vítima de racismo seriauma pessoa de origem caucasiana, que exerceria esse terrível papel de avaliador de nível de racismo, pois essa pessoa estaria apta a dizer se olharia para o candidato ou a candidata com olhar desconfiado ou não. Duro, não é?

 

Reunião

Diante do ocorrido, eu me dirigi ao Cefet para falar com minha prima professora Maria Cristina dos Santos,  não para pedir que fizesse vista grossa no caso de minha sobrinha,mas, sim, querer saber de minha prima se, após saber que minha sobrinha é sua prima e próxima, se ela conseguia ver traços afrodescendentes em seu rosto e, claro, falar sobre a nulidade da entrevista, a uma pelo descabimento das perguntas feitas; a duas,por ignorar o que está evidente, pois somos parentes próximas e, sim, carregamos traços de afrodescendentes, assim como carregamos de europeus e dos índios, sendo o negro dominante; e a três que o conhecimento sobre o parentesco é bem anterior ao resultado oficial e, considerando que o caráter da entrevista foi subjetivo, declarar-se impedida é medida que se impõe. Ademais, minha prima Maria Cristina dos Santosdescreveu para mim como seria o cliente da vaga de reserva. Ela se descreveu!Pardos não têm vez mesmo! Brancos pobres então? Nem pensar, até porque a lei já os excluiu. Só se sobrar vagas.

 

Tribunal Racial

Resumindo: para acabar com o racismo, o Ministério da Educação criou pequenostribunais que acabam sendo eles mesmos discriminatórios. Um absurdo! Criar um tribunal onde terceiros definirão com perguntas descabidas o seu grau de negritude?  Da forma como está sendo feito, mudaram para continuar tudo igual, ou pior.  Essa metodologia não é de inclusão e, sim, de exclusão. A inclusão jamais ocorrerá com análise superficial de fenótipo, até porque uma análise de fenótipo não se resume a uma olhada superficial no rosto do candidato e perguntas descabidas. E mais, a lei das cotas exclui o branco pobre. E isso não é racismo?  Que igualdade é essa que querem conquistar excluindo pessoas carentes pelo fato de serem brancas?  É preciso lembrar que igualdade não se conquista tomando o lugar do outro, excluindo o outro, mas sim se sentando ao seu lado, nas mesmas condições. Fecho com as sábias palavras de Glória Maria: “Vamos fazer mais”. Viva Glória Maria!

 

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