Coronavírus: podemos aprender alguma coisa?

Manoel José Brandão Teixeira Junior

Estamos diante de uma pandemia causada pelo novo coronavírus. Muito tem se falado sobre o assunto, mas é sempre salutar uma reflexão sobre os fatos e sobre suas reais consequências.

Embora estejamos preocupados com o momento, uma coisa é certa: o novo coronavírus demonstrou que ninguém está isolado no mundo e que todos nós, queiramos ou não, aceitemos ou não, dependemos uns dos outros para viver. Ricos ou pobres. Idosos ou jovens. Brasileiros ou cubanos. Pretos ou brancos. De direita ou de esquerda. Todos pertencemos a uma enorme e complexa família, que necessita de harmonia e solidariedade para sobreviver e progredir. Afinal de contas – embora alguns poucos tenham até se esquecido disso – o que nos trouxe até o presente estágio civilizatório foram as nossas diferenças e a nossa capacidade de socialização.

Não adianta culparmos ninguém pela existência do vírus que nos incomoda agora porque, como sabemos, não existe vírus chinês, europeu ou americano. Como disse recentemente um político europeu, vírus não possui documento ou passaporte. Nessas horas, a nacionalidade e a bandeira só servem para aferir quais países possuem, de fato, melhores políticas públicas para a proteção dos seus cidadãos.

O fato concreto é que a humanidade se encontra mesmo diante de um desafio, tendo ficado demonstrada a real importância do Estado e de políticas públicas para implementação e controle de ações pertinentes à economia, à educação e à saúde.

Não adianta individualismo, grito, bravata, palavrório ou palavrão. Não adianta discurso de ódio ou negação genérica e irracional da realidade. O momento é de sabedoria e de coragem. Sabedoria para observarmos o que pode ser feito e coragem para, sem demagogia, implementarmos as soluções corretas e adequadas. Cada um deve fazer sua parte, reconhecendo o desafio que, juntos, temos pela frente. Nunca será positivo taparmos o sol com a peneira, lançando a sujeira para debaixo do tapete.

A história demonstra que, nos momentos de crise, as lideranças devem evitar o isolamento. Os verdadeiros líderes possuem a capacidade de aprender com a experiência dos outros, analisando o que já foi realizado e reconhecendo todas as eventuais dificuldades para superação dos obstáculos vindouros. Somente com uma visão clara e isenta de distorções é possível que seja traçado um plano racional e minimamente responsável. A informação é muito importante e a mentira causa somente insegurança, afastando, por consequência, a empatia a solidariedade. Ora, ninguém é capaz de algum sacrifício por uma causa que não confia.

Ao fim de tudo, é na crise que será medida a verdadeira capacidade dos líderes de uma nação.

Manoel José Brandão Teixeira Junior - Advogado e presidente da 48ª Subseção da OAB-MG – E-mail: [email protected]

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