Coronavírus e aprovações de projetos em reunião marcada por união de ideias

Maria Tereza Oliveira

De portas fechadas por conta do coronavírus (Covid-19), na pauta da reunião de ontem constavam cinco projetos. Mas, como era esperado, o assunto protagonista do encontro foi novamente a doença e as providências para evitar o contágio em massa na cidade. Em seus discursos, diversos vereadores abordaram a questão, inclusive dando exemplos práticos de como se prevenir do coronavírus, como por meio do uso de álcool em gel e máscara – em caso de suspeita.

União contra Covid-19

Como de costume, Dr. Delano (MDB) foi o primeiro vereador a usar a Tribuna. Em seu discurso, o parlamentar – que também é médico e atua tanto na rede pública quanto privada – pediu para que a população evite sair de casa, para diminuir o contágio.

— Na Câmara está acontecendo o mesmo que o resto do país do mundo está passando. Fiquem em casa! Vão para a rua apenas policiais, médicos, bombeiros e enfermeiros por força maior. Mas a demais população precisa ficar em casa. Todos temos um idoso, uma criança, um recém-nascido, alguém que teve câncer, um transplantado próximo. Isso é para os próximos 20 dias — salientou.

Conforme o parlamentar explicou, o prazo é devido à propagação do coronavírus.

— Os sintomas do Covid-19 se manifestam entre 7 a 14 dias, no máximo 20 dias. Após este período, não temos mais os indícios da doença. [...] Teremos, infelizmente, entre março e maio, muita gente hospitalizada. Se obedecermos os médicos, as leis, os decretos, sairemos bem desta crise maldita chamada coronavírus — alertou.

Delano comparou a situação enfrentada por Divinópolis com os países de Europa.

— Em países de primeiro mundo, com leitos de Centro de Terapia Intensiva (CTI) em abundância, a doença já matou milhares de pessoas. Nós não estamos falando de Divinópolis, estamos falando da Europa, que tem tudo. Então, meu povo, estamos falando de uma peste de guerra e tem pessoas que não acreditam — lamentou.

O vereador ainda disse temer uma catástrofe no país e revelou que já atendeu pacientes que relataram estar com sintomas da doença.

— Já está aqui! Acabei de receber no consultório ontem [segunda-feira] um caso suspeito. No posto de saúde, a todo momento um paciente aparece dizendo estar com sintomas — relatou.

O vereador ainda aconselhou a população a tomar cuidados básicos para amenizar a situação, dentre eles, usar o cotovelo para espirrar ou tossir e a forma de cumprimentar as pessoas.

Prioridade

Quem também falou do assunto foi Roger Viegas (Republicanos), que, além de reforçar os conselhos de Delano, ainda destacou a importância do uso do álcool em gel, assim como máscaras.

— A Itália, no início, menosprezava os efeitos deste vírus maléfico do qual a gente não tem conhecimento da força que ele tem. Há menos de um mês, sete pessoas tinham morrido pelo Covid-19. Hoje temos milhares de mortes e nós ainda não sabemos onde e quando esse vírus vai parar — ressaltou.

Roger também apontou o transporte público como um catalisador para a contaminação. É através dele que grande parte da população se locomove.

— Divinópolis tem ainda muitos problemas, como buracos nas vias, mas não podemos deixar de falar da questão primordial, que é a conscientização. Precisamos bater nesta tecla. Hoje estou aqui representando não só o médico, o radialista ou quem votou em mim, mas a população como um todo. Esta Casa tem de falar e tomar atitudes drásticas, assim como fez o Executivo — afirmou.

Roger ainda frisou a utilidade do álcool em gel e propôs às empresas de ônibus que disponibilizem o material no ônibus.

— O motorista e o cobrador têm contato com dinheiro o tempo todo, então, o que custa para uma empresa, que fatura milhares de reais por dia, disponibilizar uma máscara para os funcionários e o álcool em gel? — questionou.

União

A questão uniu situação e oposição no mesmo intuito de conscientização. Edsom Sousa (sem partido) ecoou os discursos de seus antecessores e elogiou a postura dos colegas legisladores.

— Essa reunião é histórica. É a primeira vez que vejo os 17 vereadores falarem a mesma linguagem. Podemos ver os discursos de todos nós. Primeiro, gostaria de elogiar o prefeito Galileu Machado (MDB), o secretário de Saúde [Amarildo Sousa] e toda a sua equipe, pelas decisões que tomaram — apontou.

Para Edsom, as medidas adotadas no combate do coronavírus foram justas e acertadas.

— Esses que ficam nas redes sociais, falando de A ou B, terão a oportunidade de se expressar, se candidatar ou votar em quem quiser. Mas esse joguinho de atacar e fazer chacota usando vereadores e associando ao Covid-19 não tem lugar aqui. Estamos falando da vida humana — criticou.

O vereador ainda salientou a importância da conclusão do Hospital Divino Espírito Santo, principalmente em momentos como o de pandemia.

Fake news

Renato Ferreira (PSDB) também destacou a problemática e aproveitou seu pronunciamento para ler uma nota do Complexo de Saúde São João de Deus (CSSJD) desmentindo alguns boatos sobre pacientes com coronavírus internados no hospital.

O tucano, que preside a Comissão de Saúde na Câmara, ainda ressaltou a importância de levar a situação a sério e ter responsabilidade, não só em relação à higiene, mas também para não espalhar fake news.

Janete Aparecida (PSD), Adair Otaviano (MDB), Sargento Elton (Patriota), Marcos Vinícius (Pros) , Ademir Silva (PSD) e Eduardo Print Jr. (SD) também comentaram a situação.

Projetos

Além do coronavírus, alguns projetos foram apreciados na reunião. Constavam na pauta os Projetos de Lei Ordinária do Executivo Municipal (Plem) 24/2020, 67/2019, 8/2020, 9/2020 e 25/2020.

O primeiro autoriza o Poder Executivo a abrir na Secretaria de Fazenda o crédito adicional suplementar no montante de R$ 16.069,70. O projeto é para revogar a Lei 8.710, de 15 de janeiro, e foi alvo de críticas por supostamente estar com erros no texto. A proposta recebeu vista de sete dias.

O segundo projeto dispõe sobre o Plano de Cargos e Salários dos Servidores de Divinópolis – arquiteto e engenheiro civil. A proposta foi aprovada por 11 votos favoráveis e uma abstenção.

A terceira proposta altera o zoneamento de uso e ocupação do solo, em conformidade com a Lei Municipal 2418, de 18 de novembro de 1988, à área que menciona (avenida Divino Espírito Santo, no trecho compreendido entre a avenida Paraná e as avenidas 1º de Junho e JK). O projeto foi aprovado 12 votos favoráveis.

O quarto atribui zoneamento de uso e ocupação do solo ao parcelamento de solo urbano denominado Chácaras Santa Mônica, zona cadastral 61. A proposta recebeu vista até a reunião de amanhã.

O último projeto da pauta dá nova redação a Tabela “A”, do Anexo I, da Lei Municipal 2.418, de 18 de novembro de 1988 e suas posteriores alterações, que dispõem sobre o uso e ocupação do solo no Município. A proposta também recebeu vista até a reunião de amanhã.

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