Copasa registra boletim de ocorrência contra “invasão” de Cleitinho

Em vídeo transmitido nas redes sociais, deputado acusa empresa de manter equipamento parados enquanto população fica sem água

Matheus Augusto

O deputado estadual Cleitinho Azevedo (CDN) voltou a criticar o serviço prestado pela Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa). Desta vez, porém, a situação virou caso de Polícia. Em vídeo transmitido pelas redes sociais nesta sexta-feira, 30, o parlamentar entra na sede da estatal em Divinópolis.  

— A gente descobriu que aqui tem dois motores parados que liga nas bombas (...) que vai acabar com o problema da falta d'água em Divinópolis — explica. 

Ainda segundo ele, o material, avaliado em R$ 200 mil cada, está parado há mais de um ano. Ele ainda citou já ter comunicado o caso à Agência Reguladora de Serviços de Abastecimento de Água e de Esgotamento Sanitário do Estado de Minas Gerais (Arsae) e a presidência da empresa.

— Tudo que a minha atribuição de deputado manda eu estou fazendo. (...) Essa patifaria a partir de hoje vai acabar. (...) Isso não é falta de dinheiro, é falta de vergonha na cara — destaca.

Ao descer no carro, o deputado esclarece não ter nada contra os funcionários da companhia.

— O servidor da Copasa tem meu respeito. Quem não tem meu respeito são os acionistas que fazem ‘sacanagem’ — argumenta.

Ele então se aproxima da área onde está o objetivo, retira a lona e revela um dos motores. 

Um dos seguranças, porém, informa que não é permitido filmar sem autorização. Outros membros da empresa chegam ao local. Cleitinho é criticado e chamado de “moleque”. Ele não se intimida e provoca dizendo que, se quiserem, podem chamar a Polícia.

— Você está achando que é melhor que todo mundo? — pergunta um dos funcionários, exaltado.

O servidor cobra educação do deputado. Outros servidores tentam acalmar o clima tenso. O vídeo é interrompido e encerrado.

Justificativa

Em nota, a assessoria do deputado informou que a “Copasa tentou impedir Cleitinho de denunciar motores parados há mais de um ano em Divinópolis”. O texto ainda afirma que ele foi até o local após receber “diversas denúncias, inclusive de funcionários”.

— A fiscalização foi necessária após a Copasa, que tem o Governo do Estado de Minas Gerais como seu principal acionista, argumentar que a falta de água em Divinópolis seria culpa da população que teria aumentado o consumo.  Cleitinho entende que faltaram  investimentos por parte da empresa, que tem aumentado seus lucros anualmente e não retorna isso em qualidade para o consumidor final. Sendo uma empresa que presta serviços para o Poder Público, é inadmissível — justificou.

Ele ainda criticou a abordagem que recebeu.

— Sendo uma empresa semi-estatal, o deputado tem, sim, o direito de fiscalizar, já que esta seria inclusive uma de suas funções — citou.

Sua assessoria informou ainda que enviou ao Governo do Estado “um requerimento/denúncia, exigindo explicações sobre o os equipamentos parados e a conduta da empresa em tentar impedir a fiscalização”. O Ministério Público também será acionado, promete, com cópia das imagens para que “tomem as devidas providências”.

Resposta

Em virtude do caso, a Copasa também emitiu uma nota na noite de hoje para apresentar sua versão. Para a empresa, trata-se de uma “invasão de parlamentar para gravação articulada e simulação de realidade não existente, a fim de manchar a imagem da companhia”. A estatal ainda disse que os ‘motores’ mostrados no vídeo não servem para a finalidade argumentada pelo deputado.

— As bombas mostradas no vídeo que distorce a realidade, estão há seis meses nas dependências da Copasa para substituição de conjuntos existentes em estação elevatória do municípios. A questão da intermitência ou do desabastecimento momentânea, em datas anteriores à realização do vídeo, que falseia propositalmente uma situação, não guarda nenhuma relação com as bombas — argumentou.

A empresa citou que a “Estação de Tratamento de Água de Divinópolis está, desde 05/08/2020, em obras de expansão e melhoria, cujo término está previsto para 05/06/2021”.

Por fim, a Copasa informou ter acionado a PM para lavratura do boletim de ocorrência, “pois se trata de entrada e gravação não autorizadas nas dependência da Companhia”. 

— A Copasa esclarece, portanto, que o vídeo não contém informações verídicas, tratando-se, por óbvio, de uma fake news — finaliza.

Confira a nota na íntega:

 

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