Conselhos

Amnysinho Rachid

Em tempos reclusos, como pensamos, como lembramos e como peneiramos o que valeu e o que não marcou na nossa vida! Então, o que não serviu deve ser jogado fora, esquecido para sempre.

     Acredito muito que viemos já com as escolhas feitas e aprovadas por nós mesmos para nossa trilha aqui na terra. Acredito também não ser fácil e que deixamos muita coisa sem resolução, mas fazer o quê? Acho que isso é humano. Eu, por exemplo, estou tentando resolver minha pendências para não precisar voltar com a mesma turma, ia ser castigo demais.

      Mas, apesar de tudo, sou muito feliz e tive uma infância rica de acontecimentos, tendo ganhado grandes presentes neste caminho, que são meus amigos, e que turma especial! Acredito ter facilidade de fazer e achar grandes pessoas na minha trajetória, trabalho muito e tenho uma fé inesgotável no Criador, e quem tem este pai não tem medo de nada e de ninguém.

     Neste retrocesso de lembranças, voltei em pessoas que plantaram algo de positivo em minha vida e até hoje sigo suas orientações.

     Minha mãe, sempre que ia fazer alguma coisa na cozinha que precisava de cheiro verde, ia logo me dizendo: "Corre na dona Celuta e pede salsinha e cebolinha para mim". Dona Celuta, para quem não conheceu, era nossa vizinha, esposa do seu Artede, famoso farmacêutico na nossa cidade. Tinham uma família diferenciada, pois eram muitos filhos e muitos netos, uma casa movimentada, alegre e de onde tenho muitas histórias.

     Quando chegava à casa da dona Celuta já ia logo gritando: "Dona Celuta, minha mãe está pedindo salsinha e cebolinha". Logo já escutava: "Vai entrando, Anizinho, desce na horta e pega lá". Assim, como mandado, pegava e voltava para casa. Numa dessas vezes, ao chegar e chamar, escutei: "Vai entrando, Anizinho, e hoje vou com você", me disse dona Celuta. Chegando à horta, abaixou cortou umas cebolinhas e salsinhas e me disse: "Quando for colher, faça assim, corte acima da terra, e não arranque o pé, pois, se você levar o pé, amanhã não terá para colher". Saí dali e nunca mais esqueci que na vida temos que saber colher para não matar nossa fonte. 

      Nestes momentos, passageiros de pandemia, estamos aprendendo a colher e repartir, e o principal: não esperdiçar. Estamos nos reinventando a cada dia, tenho certeza que sairemos melhores que entramos.

     E nós continuamos aqui, fazendo deliciosas comidas, máscaras de proteção e muito otimismo para os dias que virão.

     Tok Empreendimentos, rua Cristal, 120, Centro.    

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