Confirmadas mais três mortes por coronavírus em Divinópolis

Ocorrências aconteceram no fim de semana, mas foram divulgadas apenas ontem

Matheus Augusto

Divinópolis iniciou a semana confirmando mais mortes por covid-19. A Prefeitura comunicou ontem a inclusão de mais três óbitos, ocorridos no fim de semana. As vítimas tinham histórico de comorbidades e não resistiram à contaminação do vírus. Esta é mais uma semana sem mais flexibilizações na cidade. Conforme anunciado anteriormente, em razão da preocupação com os números e a expectativa de pico no estado, o Comitê de Enfrentamento ao Coronavírus decidiu não ampliar as liberações por 14 dias.

Fatalidades

A primeira vítima, um homem de 69 anos, diabético e hipertenso, foi hospitalizado no dia 7 de junho e morreu no último dia 3, na Unidade de Pronto Atendimento (UPA).

O segundo registro é de uma mulher, de 70 anos, portadora de doença cardiovascular crônica, pneumopatia crônica e diabetes. Hospitalizada desde o dia 13 de junho em um hospital particular da cidade, morreu no último domingo, 5.

O terceiro óbito foi de um homem de 91 anos, portador de doença cardiovascular crônica, que estava hospitalizado na UPA desde o último dia 26. Ele também morreu na última sexta-feira. 

Todos testaram positivo para a doença após serem internados.

Com as confirmações, Divinópolis passa a ter 15 mortes pela covid-19.

Interrupção das flexibilizações

A decisão de não autorizar novas flexibilizações foi anunciada pela Secretaria Municipal de Saúde (Semusa) na quinta-feira, 2. As deliberações anteriores continuam em vigor.

— Desta forma, a gestão administrativa afirma que as possíveis mudanças e determinações públicas de saúde se restringem a atualizações ou limitações das diretrizes impostas aos estabelecimentos em atual funcionamento — explicou.

Sobre os motivos que levaram à interrupção das flexibilizações, a pasta, em nota, justificou.

— A decisão se deve à necessidade do cumprimento do isolamento social. A Prefeitura esclareceu com veemência, desde a chegada do vírus no município, a essencialidade e necessidade do isolamento. Apesar da realização de ações, blitz educativas e campanhas de conscientização nos principais pontos da cidade, a população divinopolitana tem relaxado no isolamento social e nas normas restritivas, sendo esse fato principal causador para o agravamento dos números em nosso município — destacou.

O órgão ainda citou que, apesar da orientação para a saída de casa se dar apenas em situações de necessidade ‒ como compra de produtos essenciais ou consultas ‒, parte da população não tem respeitado a recomendação.

— É possível verificar com facilidade um elevado número de pessoas transitando pelas ruas, com utilização de forma errada do equipamento de proteção obrigatório (máscara) e até mesmo a ausência deste, apesar da possibilidade de multa — alertou.

Assim, após perceber uma “desmobilização muito grande por parte da população”, a Semusa viu a necessidade de pausar a flexibilização das atividades no município.

Tem mais

A irresponsabilidade de parte da população durante a pandemia não é o único motivo da pausa por 14 dias.

— Outro fator determinante nesta decisão foi a escassez de medicamentos, principalmente anestésicos e sedativos que são usados para colocar os pacientes nos respiradores e também para cirurgias complexas — explicou.

A gestão informou que os estoques dos hospitais e da UPA na cidade estão comprometidos e “os fornecedores não dispõem dos remédios para reposição”. 

— Com crescente aumento da demanda pela covid-19, houve sobrecarga na indústria farmacêutica, o que tem causado desabastecimento em todo o mundo — informou.

Sem previsão para a chegada de mais insumos, é preciso garantir os estoques atuais, afirmou o secretário de Saúde, Amarildo Sousa.

— Portanto, precisamos agora controlar muito bem os estoques que temos, pois a reposição não tem prazo determinado e, mesmo que tenhamos leitos hospitalares, de muito pouco eles servirão se não pudermos colocar os pacientes nos respiradores. Estas podem acarretar em mudanças mais abrangentes no risco de aquisição da doença pela população — explicou.

Conclusão

Ao longo dos 14 dias, o secretário, membros da pasta e do comitê, acompanharão os números na cidade, bem como o comportamento das pessoas para, apenas então, definir os próximos passos.

— Estamos recebendo inúmeras denúncias de descumprimento dos decretos e é preciso lembrar que o isolamento não é uma sugestão, é uma determinação e deve, obrigatoriamente, ser seguida. Entendemos que este é um período difícil, mas quanto mais tempo nos resguardamos em casa, mais rápido poderemos sair — concluiu.

Reforço

Para destacar as medidas de prevenção ao coronavírus e reforçar a importância do isolamento social, o secretário de Saúde tem realizado lives por meio do Instagram da Prefeitura. Em continuidade ao trabalho, Amarildo Sousa conversa hoje, às 9h, como o diretor técnico da UPA, Marco Aurélio Lobão. O tempo será “Acho que estou com covid e agora? Medicamentos usados no tratamento e intubação”.

Com o objetivo de detalhar a situação da rede hospitalar na cidade, o líder da pasta conversou na última quinta-feira, 2, com a superintendente do Complexo de Saúde São João de Deus (CSSJD), Elis Regina Guimarães. Ao introduzir o assunto, Amarildo lembrou que, no início da pandemia, não havia leitos específicos para covid na cidade.

— Isso nos causava muito temor porque a assistência hospitalar para covid tem que ser completamente diferente. Os pacientes precisam ficar em isolamento — ressaltou.

Para isso, por meio de medidas como o fechamento do comércio foi possível reduzir o número de internados por acidentes, por exemplo, a quase zero, dando tempo aos hospitais e à própria secretaria para ampliar a rede hospitalar.

Amarildo ainda pontuou que, mesmo com a ampliação do número de leitos e a instalação do hospital de campanha, o objetivo é garantir uma rede de segurança na cidade. A ocupação total, diz, seria o “caos”.

— A gente prepara a estrutura na esperança de que a gente passe toda a pandemia sem precisar usar — explicou.

Ampliação

Na região Oeste, foram abertos 141 novos leitos de UTI adulto, destes, 45 ficaram em Divinópolis, sendo 35 na UPA e dez no CSSJD. Durante a transmissão, Elis também comentou sobre o assunto, visto que o hospital ampliou 20 leitos para a saúde suplementar. A superintendente do complexo ainda destacou que para cada leito há um respirador.

— Nesses 22 anos de profissão, eu nunca me deparei com um desafio tão grande como foi o caso desta pandemia, mas também nunca me deparei com pessoas tão prontas a fazer a diferença e salvar vidas — destacou.

Por ter criado uma estrutura temporária, como o hospital de campanha – que será desmontado ao término da pandemia –, a Prefeitura optou por realizar a locação de respiradores, e não comprá-los. Outro motivo foi a elevação dos preços do produto.

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