Compulsão

Muita gente imagina que os comportamentos compulsivos estão apenas associados a drogas, como álcool, maconha, cocaína e nicotina. De fato, dependentes de droga manifestam esse tipo de comportamento, mas a compulsão não está relacionada exclusivamente com o uso de substâncias químicas. Pode estar ligada a outras situações que provocam prazer, como fazer compras ou passar horas em frente ao computador. Quem não conhece pessoas que compram compulsivamente, estouram o limite do cartão de crédito, do cheque especial e a conta no banco de uma forma deletéria para si mesmas? Quem não tem notícia de gente que permanece horas em frente ao computador e se esquece de comer, de falar com os amigos, de prestar atenção nos filhos?

As compulsões, comportamentos compulsivos ou aditivos são hábitos aprendidos e seguidos por alguma gratificação emocional, normalmente um alívio de ansiedade ou angústia. São hábitos mal adaptativos, que já foram executados inúmeras vezes e acontecem quase automaticamente.

Diz-se que esses comportamentos compulsivos são mal adaptativos porque, apesar do objetivo que têm, de proporcionar algum alívio de tensões emocionais, normalmente não se adaptam ao bem-estar mental pleno, ao conforto físico e à adaptação social. Eles se caracterizam por serem repetitivos e por se apresentarem de forma frequente e excessiva. A gratificação que segue ao ato, seja ela o prazer ou alívio do desprazer, reforça a pessoa a repeti-lo, mas, com o tempo, depois desse alívio imediato, segue-se uma sensação negativa por não ter resistido ao impulso de realizá-lo. Mesmo assim, a gratificação inicial (o reforço positivo) permanece mais forte, levando à repetição.

Compulsões envolvem alterações de comportamento, deterioração física, estresse familiar, problemas financeiros, destruição da carreira profissional e crescente desintegração psicológica. Têm sua origem nos exageros e descontroles praticados no trabalho, na busca pelo poder, nos exercícios físicos, na prática do sexo, no jogo, nos esportes radicais, na alimentação (chocolate, café, refrigerante...), entre outros, que caracterizam um comportamento compulsivo com potencial de provocar sérios danos ao indivíduo.

Não há uma causa bem estabelecida para a ocorrência de comportamentos compulsivos. Pode-se falar em vulnerabilidades e predisposições, seja de elementos familiares, tais como os hábitos consequentes à extrema insegurança e aprendidos no seio familiar, seja por razões individuais e relacionadas às vivências do passado e a ao dinamismo psicológico pessoal, seja por razões biológicas, de acordo com o funcionamento orgânico e mental.

Assim, comportamentos compulsivos ou aditivos podem ser entendidos como atitudes (mal adaptadas) de enfrentamento da ansiedade e/ou angústia, trazendo consequências físicas, psicológicas e sociais graves. Algumas pessoas apresentam 
comportamentos com caráter compulsivo que levam a consequências negativas em suas vidas, como recorrer ao uso abusivo do álcool, das drogas, à fuga do convívio social, ao hábito intempestivo do vômito e às mais variadas atitudes. 
Essas pessoas podem ainda comprar compulsivamente, sem levar em conta o saldo bancário, comer compulsivamente, mesmo quando não se tem fome, jogar, praticar atividades físicas em excesso etc.

Tipos de comportamentos compulsivos:

1 - TRABALHAR COMPULSIVO (WORKAHOLIC);
2 - ATIVIDADE FÍSICA COMPULSIVA (VIGOREXIA);
3 - COMPRAR COMPULSIVO (SHOPHOLIC);
4 - JOGAR COMPULSIVO (OU PATOLÓGICO);
5 - TRANSTORNOS ALIMENTARES - COMER COMPULSIVO (BINGE-EATING); 
6 - TRANSTORNO DISMÓRFICO CORPORAL (TDC);
7 - TRICOTILOMANIA - VÍCIO DE ARRANCAR FIOS DE CABELOS.

A psicoterapia cognitivo-comportamental é considerada pelos médicos como uma das formas mais eficientes de tratamento para TOC, principalmente se combinado com medicamentos. As técnicas psicoterápicas consistem em expor a pessoa gradualmente a situações em que, normalmente, ela lançaria mão de obsessões e compulsões para lidar. Esse processo continua até que o paciente consiga aprender maneiras saudáveis de lidar com a própria ansiedade, sem recorrer a essas características.

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