Complicar, a cultura do ser humano

 

Welber Tonhá 

Complicar, a cultura do ser humano

A vida é fácil, mas o ser humano gosta de complicar, gosta de dificultar, mesmo que de forma inconsciente, mas complica. Se procurarmos ser mais práticos, mais objetivos e diretos, a vida fica mais leve e mais descomplicada.

Dizer “obrigado”, “fico feliz por você”, “senti sua falta”, “eu te amo”, “conte comigo”, “que tudo dê certo”, “estou ao seu lado”, entre outras demonstrações de carinho, afeto, ou mesmo gentileza não custa nada e pode ser a diferença na vida de quem é destinado. 

O ser humano, em sua maioria, prefere fazer charme, provocar, se fazer de difícil, e a cada dia mais opta por esconder os sentimentos, com medo de se expor, com medo de parecer piegas, cafona ou antiquado. E não falo só de relacionamentos afetivos, falo de amizade, de família. 

Você já disse a seus pais ou filhos que os ama hoje, que são importantes e que você precisa do carinho, afeto e atenção deles, que eles podem contar com você mesmo na maior tempestade? 

Os amigos, muitos são amigos de rótulo, mas não de conteúdo, quando foi que você procurou um amigo, perguntando se ele precisa conversar? E quando um aparece com problemas já é rotulado de chato, dramático, culpado por aquela situação, e às vezes ele só quer que você ouça, não precisa opinar. 

Precisamos ser mais humanos na essência da humanidade, menos superficiais e intimistas, mais coletivos, mais plural, e não ter medo de expor, de quebrar a cara oferecendo afeto, amor e carinho. Essa história de que demonstrar que está feliz atrai mau-olhado, traz inveja e atrapalha a vida… O que atrapalha a vida é deixar de viver, é viver escondendo sua alegria com medo de que incomode alguém, seja feliz, grite para o mundo, mostre seu afeto a seus pais, amigos, filhos, parceiro, namorado, ou quaisquer que sejam as pessoas que importam em sua vida, porque, se um dia essa pessoa faltar, não dá para repor aquele vazio que ficou. Vamos  demonstrar e exibir para o mundo a razão de sua felicidade, seja seus familiares, seus amigos, ou quem você se relaciona, porque falar mal ou criticar já vão fazer do mesmo jeito. O mundo já é cheio de energia negativa, não tenha medo de se expor, pelo menos assim você espalha boas energias e felicidade para mundo, sejamos menos complicados, sejamos felizes.

 

Alguns trechos de frases e poemas que espalhar boa energia

 

— E se não der certo?

— A gente vai tentando até acertar.

A gente briga, a gente se ama, a gente vai e a gente volta. A gente é da gente e da gente ninguém tira.

(Livro “P. S. Eu te amo”)

 

Meu amor tem duas vidas para amar-te.

Por isso te amo quando não te amo

e por isso te amo quando te amo.

 

(Pablo Neruda)



De tudo ao meu amor serei atento

Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto

Que mesmo em face do maior encanto

Dele se encante mais meu pensamento.

 

(Vinicius de Moraes)



Subirei na ponte,

Na torre, nas montanhas ou em um monte,

Gritar para o mundo, sem medo de errar

Meu amor não posso guardar

Tenho que expor, tenho que para todos falar

É tão bom, que não cessa em transbordar

Tal felicidade quero espalhar

Aos tristes que estão distantes encontrar 

E quem sabe, quem se aproxima, contagiar.

 

 (Welber Tonhá)



Eu te amo porque não amo

bastante ou demais a mim.

Porque amor não se troca,

não se conjuga nem se ama.

Porque amor é amor a nada,

feliz e forte em si mesmo.

 

(Carlos Drummond de Andrade)

 

Livro da Semana

O livro “Carta a D.”, de André Gorz. Uma declaração de amor de André Gorz à sua querida Dorine. O livro, escrito em 2006 pelo filósofo e jornalista, foi o modo de registrar uma vida inteira de companheirismo e produção intelectual compartilhada.

Dorine sofria de uma doença degenerativa incurável e mesmo assim foi parte importante na vida de André. Por isso, ele começa a obra se retratando, desmentindo a fragilidade aparente com que sempre tratou a esposa diante da sociedade francesa do pós-guerra. Dorine, que sempre o ajudava a criar seus textos, nunca havia recebido os devidos créditos por isso. “Carta a D.” não deixa de ser, portanto, um pedido declarado e oficial de desculpas.




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Welber Tonhá e Silva 

Historiador, escritor, pesquisador, fotógrafo e fazedor cultural.

Instagram: @welbertonha

 

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