Comissão de Saúde aponta diversas irregularidades no hospital de campanha da UPA

Faltam medicamentos e sedativos para intubação de pacientes, que estariam recebendo, sem necessidade, 100% de oxigênio nas bombas

Bruno Bueno

O hospital de campanha, localizado no estacionamento da UPA Padre Roberto, está com irregularidades em sua parte médica. Ao menos é o que indica a Comissão de Saúde da Câmara, composta pelos vereadores Israel Farmácia (PDT), Zé Braz (PV) e Lohanna França (CDN), que, durante a 35º Reunião Ordinária, ocorrida na tarde desta terça-feira, denunciaram os problemas, que foram alertados por funcionários do local.

Segundo os parlamentares, que se dirigiram ao centro de saúde na última sexta — menos Lohanna, que estava com suspeita de coronavírus — a UPA está com falta de medicamentos e sedativos necessários para a intubação de pacientes com covid-19. Além disso, as bombas de oxigênio estariam operando de maneira incorreta, prejudicando todos os pacientes, que estariam recebendo, por defeito da máquina, 100% de oxigênio, mesmo sem necessidade.

Zé Braz

O primeiro vereador a se pronunciar sobre a visita foi Zé Braz (PV), presidente da Comissão. Ele leu a ata oficial do relatório de fiscalização.

— Realizada a diligência da presente comissão, ficou evidenciada a existência de irregularidades nos serviços médicos disponibilizados. Foi realizado imediato contato telefônico com o secretário municipal de saúde, que propôs o encaminhamento da equipe da vigilância sanitária para verificação do relatado. O presente relatório será encaminhado para a equipe da vigilância, aguardando retorno acerca das medidas tomadas — diz o documento.

Em seu pronunciamento na tribuna, o parlamentar continuou falando sobre as irregularidades.

— Encaminhamos a denúncia para o secretário de Saúde, Alan Rodrigo, que imediatamente levou fiscais da Vigilância para o local. Ele também constatou a falta de ar comprimido, bombas de infusão e medicamentos. Os sedativos já foram estabilizados, contem com essa Comissão para fiscalizar outras possíveis irregularidades — afirmou.

Israel da Farmácia

Outro vereador que faz parte da Comissão e se pronunciou sobre o assunto foi Israel da Farmácia (PDT).

— Realmente foi constatado o que foi relatado nas denúncias. A falta de medicamentos foi resolvida, parabenizo a ação da Vigilância Sanitária. Eu aproveito para dizer que a pandemia está controlada, não se enganem! O que a gente viu na UPA na sexta-feira foi um terror. Está lotado, os dois CTI's. Não está controlado, temos que ter cuidado. Quem falar está mentindo. Vamos evitar aglomerações e usar álcool em gel — explicou.

Lohanna França

A vereadora Lohanna França, que não estava presente durante a visita (suspeita de covid), falou ao Agora sobre as irregularidades da UPA. Segundo ela, o uso de 100% de oxigênio nas bombas sem necessidade pode ser danoso aos pacientes.

— Quando a Comissão chegou na UPA viu um cenário correspondente as denúncias. As bombas de oxigênio não estavam sendo usadas direito, isso é muito sério, porque todos os pacientes do hospital estavam recebendo 100% de oxigênio, mesmo sem necessidade. Muitos pacientes precisam receber menos, a porcentagem recebida deve ser compatível com o dano do pulmão. Isso não ajuda, acaba prejudicando o tratamento — ressaltou.

Lohanna destacou que achou curioso o fato dos medicamentos serem restabelecidos pouco tempo depois da visita da Comissão.

— Faltava sedativos e os medicamentos que estavam sendo usados não são os corretos, mais indicados. O que foi alegado pela UPA é o que os medicamentos corretos não estavam disponíveis. O que eu acho curioso é que, bastou a Comissão aparecer na UPA, que as drogas foram disponibilizadas. Não achei isso de bom tom e respeitoso com a população divinopolitana. Eu respeito todos os servidores da saúde, mas a UPA tem que cumprir o que foi previsto. Não ter os medicamentos, sedativos e bombas de infusão é um desrrespeito — salientou.

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