Começou mal

Começou mal 

O ano mal começou e as notícias falsas já causaram desconforto entre algumas pessoas neste fim de semana em Divinópolis. Uma informação distribuída em grupos de WhatsApp afirmava que a Heineken teria fechado com Santo Antônio do Monte para montar sua fábrica. E mais: que teria escolhido uma cidade de porte menor para construção da fabricante gerando dois mil empregos. Em minutos, a notícia se espalhou e, como de costume, alguns deram a informação como verdade e começaram a questionar posições de outros municípios, como Divinópolis, que também está no páreo para abrigar a empresa. Nem sequer se deram ao trabalho de ir em busca da verdade para poder se posicionar. Coube à imprensa séria fazer o seu papel e desmentir a informação falsa. O estrago já estava feito, mas felizmente ainda houve tempo de evitar uma situação ainda mais desagradável. Mais um caso para dizer quem é pior: a pessoa que cria ou as que espalham a notícia falsa?

A verdade 

Para início de conversa, não houve, até hoje, nenhuma informação divulgada por fonte oficial, se Santo Antônio do Monte atende todas as exigências da fábrica para uma possível instalação. E olha que são poucas as cidades que dispõem. Algumas relatadas ao Agora pelo prefeito Gleidson Azevedo (PSC), no dia 15 de dezembro. Entre os requisitos estão: rio sem poluição com fonte primária de água. Além disso, aquífero e poços registrados para perfuração de outros, acesso rodoviário em um raio de 2 quilômetros, área total de 150 hectares e não ser na zona rural. Outra informação correta é que a previsão de empregos é de 350 vagas, não de duas mil. E, conforme pessoas conhecedoras da região e entendidas do assunto, apenas o rio Pará atende o que necessita a Heineken porque é abundante devido à Barragem de Carmo de Cajuru. De qualquer forma, alguma novidade sobre negociação, cidade que teria chance, mesmo que pequena, só depois do próximo dia 10, quando representantes da fábrica virão ao Centro-Oeste visitar os municípios interessados. Até lá, tudo que surgir não passará de especulação.  

O início 

O interesse de Divinópolis, Santo Antônio do Monte, Formiga e Itaúna pela instalação da fábrica se deu no início do mês passado, quando a Heineken desistiu de Pedro Leopoldo, onde já tinha começado as obras para a construção. O terreno na cidade localizada na Região Metropolitana de Belo Horizonte ficava a 800 metros da região da Lapa Vermelha, onde o fóssil humano mais antigo das Américas foi descoberto em 1975, e a instalação se tornou alvo de diversas críticas de órgãos ambientais. O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICM-Bio) chegou a entrar na Justiça para interromper as obras, no entanto, a empresa conseguiu autorização para retomar a construção. Em outubro, o Ministério Público (MP) pediu a suspensão da licença para construção, alegando que o empreendimento possuía potencial poluidor e risco de causar impactos ao patrimônio arqueológico e ao sistema hidrológico da região. Um mês e pouco depois, a empresa anunciou o desligamento e informou, por meio de um diretor, que as obras não contaram com apoio da área socioambiental e, por esse motivo, o prosseguimento das instalações não se justificava mais. A torcida é para que uma dessas cidades seja escolhida, visto que seria um ganho para toda a região, mas que para isso seja desnecessário inventar notícias! 

Concorrência forte 

Além de tudo isso, a vinda da fábrica depende de outros fatores, o principal deles é enfrentar a concorrência de importantes polos de outras regiões, como o Norte de Minas. Por lá, depois da ampliação da Área Mineira da Sudene, os atrativos passaram a levar grandes vantagens sobre outros pontos de Minas Gerais. Além disso, as rodovias, como a 135, que passa por obras importantes, incluindo duplicação, fazem a diferença. Tem ainda um aquífero que começa em Pitangui e segue até as proximidades de Janaúba – uma das exigências –, sem falar na representatividade política por lá, sempre atuante, uma das maiores do Estado.  Então, em vez de imitar Mãe Diná e inventar conteúdo, é melhor todos “arregaçarem as mangas” e se unirem nesse propósito. Ao contrário, bye bye, Heineken e outros investimentos. 

Comentários