Começa a faltar álcool em gel e máscaras de proteção respiratória

Jorge Guimarães

Começam a faltar álcool em gel e máscara de proteção respiratória nas prateleiras das farmácias em Divinópolis. O medo de contrair o coronavírus fez aumentar a procura pelos produtos, principalmente depois do último domingo, 8, quando foi confirmado o primeiro caso da doença na cidade.

Logo a seguir, outros dois novos casos suspeitos também foram relatados. Em ambos, agentes de saúde fizeram a coleta domiciliar de material para exames e recomendaram aos pacientes – que apresentam sintomas gripais – a quarentena doméstica. Um deles é o de uma mulher que estava no mesmo voo da paciente já confirmada com a doença.

Diante dos registros, a população está se precavendo e a corrida para obter as máscaras e o álcool em gel na cidade pode ter inflacionado os preços, que tiveram aumentos nos últimos dias.

Preços

A reportagem percorreu algumas farmácias do Centro da cidade e o que se verificou foi a falta dos dois produtos.  Em diversos estabelecimentos, os preços giravam em torno dos R$ 20 uma unidade 420 ml. Em algumas delas ainda foi possível encontrar o álcool em gel, em unidades de 52 gr, com preços variando entre R$ 4,99 e R$ 6,90.

— As máscaras respiratórias já estavam em falta desde que se anunciou a propagação do vírus. Agora, em relação ao álcool em gel, pelo menos aqui em nossa farmácia, não tivemos falta do produto em unidades de 52ml. O aumento dos preços foi dentro do esperado — avaliou o gerente de uma das farmácias, Hyago Saldanha.

A publicitária Cíntia Lemos foi em busca do álcool em gel ontem e, depois de andar por várias farmácias, ainda não tinha conseguido adquirir o produto.

— Já fui a outras farmácias, mas não está fácil de encontrar. Quando achamos, as unidades são em números reduzidos e os preços estão nas alturas, como o daqui, que é R$ 21. Quando questionei o gerente sobre a chegada de novas unidades, ele me disse que talvez chegassem nesta noite e ainda não sabia qual preço seria colocado na área de venda para o consumidor final — disse a publicitária.

Pesquisa

Se o consumidor se lembrar daquela máxima de realizar a boa e velha pesquisa, pode sair no lucro. Como foi registrado pela reportagem, que encontrou em uma loja, no Centro da cidade, de produtos de beleza e perfumaria, o tão cobiçado álcool em gel e a máscara de proteção respiratória.

— A saída é em média de 50 unidades, de 420 ml, de álcool em gel por dia, ao custo unitário de R$ 14,90, o mesmo preço da caixa de máscara, que vem com 50 unidades.  Os preços tiveram um reajuste não tão alarmante, tanto é que consigo vender a este custo de R$ 14,90. É o que eu sempre digo para meus clientes: pesquisar sempre foi a melhor opção na hora de adquirir um produto. Quanto ao fornecimento do álcool, estou recebendo a mercadoria três vezes por semana, mas, no caso das máscaras, se efetivar um pedido hoje, ele só deve ser entregue em maio — detalhou o empresário José Geraldo Vilas Boas.            

Direito do consumidor

A reportagem ouviu o advogado especialista em Direito do Consumidor Eduardo Augusto Teixeira, sobre os aumentos abusivos que podem acontecer no álcool em gel e nas máscaras, no momento conturbado pelo qual o mundo passa em relação ao coronavírus.     

— O artigo 39, X do Código Defesa do Consumidor (CDC) diz que o fornecedor não pode elevar sem justa causa o preço do produto, pois é uma prática abusiva. O fornecedor de álcool em gel não pode elevar o preço do produto porque está em alta procura, sobretudo, quando a busca se deve por questão de risco à saúde pública, como é o caso dessa infestação do coronavírus, e isso vale para todos os itens de proteção — explica.  

De acordo o advogado, cabe ao Programa Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon) Municipal fiscalizar de forma permanente os estabelecimentos para averiguação dos motivos que levaram ao aumento do preço dos produtos de proteção.

— Se verificado aumento dos preços de forma injustificada, os estabelecimentos podem ser multados pelo Procon. Por isso, é importante que os consumidores denunciem eventuais abusos — detalhou o especialista.

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