Com normas de prevenção, igrejas reabrem nesta sexta

Matheus Augusto

Nova decisão deve autorizar igrejas a funcionarem a partir desta sexta-feira, 19. Como já havia anunciado, o principal indicador para a avaliação das decisões é a taxa de ocupação das Unidade de Terapia Intensiva (UTIs) estar abaixo de 70% e, atualmente, o índice ainda não ultrapassou 50%. Assim, as igrejas poderão retomar as celebrações religiosas desde que respeitem todas as orientações sanitárias a serem publicadas em decreto nos próximos dias. 

Dados

Apesar de uma semana de crescimento no número de mortes confirmadas para a covid-19, com mais sete contabilizadas, os outros índices continuam estáveis. A cidade tinha, até ontem, 2.651 notificações. Dessas, 495 foram testadas: 266 positivas (119 já classificados como recuperados) e 222 negativas; sete amostras estão em análise.

Na rede hospitalar pública e privada da cidade, 27 pacientes com quadro sintomático para a doença estão no setor de enfermaria e outros 16 em Unidade de Terapia Intensiva (UTI), que está com a ocupação em 40,6%. 

A Secretaria Municipal de Saúde (Semusa) também divulgou as informações da 24ª semana epidemiológica, ou seja, os dados referentes ao intervalo do dia 7 e 13 deste mês. O município conta atualmente com 94 leitos específicos de UTI e 135 no setor aberto para o atendimento de pacientes suspeitos de coronavírus.

O órgão registrou uma queda de novos casos confirmados na última semana.

— Em comparação à última semana epidemiológica, a 24ª apresentou uma redução nos casos confirmados da doença. Enquanto o último registro contabilizou 44 novos pacientes positivos para o coronavírus, os dados atuais são de 37. Apesar do decréscimo, o número consta ainda como o segundo mais alto de todas as avaliações — detalhou a Prefeitura.

A quantidade de casos suspeitos, no entanto, aumentou de 197 novas notificações, na 23ª semana, para 293 na última.

— Este número representa o terceiro maior de todas as análises epidemiológicas — pontuou.

A pasta também registrou que 67 pacientes foram atendidos em UTIs da cidade na última semana.

— A média de pacientes suspeitos de coronavírus nas UTIs de hospitais de Divinópolis corresponde a 20.3. Já a média de pessoas internadas em setor aberto nas unidades hospitalares corresponde a 24.8 — concluiu.

Sobre a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), os dados mostram 196 casos registrados na cidade, com 61 mortos, 113 casos de cura e 22 ainda em situação hospitalar no município. Neste ano, 62% (122 casos) das internações por SRAG foram de residentes em Divinópolis.

Do número total, 53 testaram positivo para covid-19 ‒ 32 recuperados, 16 mortes e cinco hospitalizados.

 Para o secretário de Saúde, Amarildo Sousa, o monitoramento visa evitar que os casos sejam subnotificados.

— Estamos monitorando os casos que recebemos de Divinópolis. Seu diagnóstico é de extrema importância para conseguirmos avaliar a real situação no município, sempre de forma a respeitar e propagar as medidas sanitárias adotadas pelos órgãos de saúde para a população — afirmou.

Mais flexibilizações

Como tem feito semanalmente, o Comitê de Enfrentamento ao Novo Coronavírus de Divinópolis autorizou mais uma reabertura, desta vez de igrejas. A previsão do vereador Marcos Vinícius (DEM) que se reuniu ontem com o prefeito, Galileu Machado (MDB), o secretário de Saúde, Amarildo Sousa, e o bispo dom José Carlos é de que o funcionamento esteja normal já nesta sexta-feira. Todos os detalhes devem ser finalizados amanhã, quando uma nova reunião acontece.

O vereador contou que uma dos motivos para a autorização foi a capacitação dos pastores realizadas no último sábado para pontuar e explicar as novas regras para funcionamento.

— Acertamos que na próxima sexta-feira haverá a reabertura das igrejas com todas as medidas de prevenção, uso obrigatório de máscara, distanciamento de 1,5 metro entre os fiéis, álcool em gel, desinfecção das igrejas antes de receber os irmãos — afirmou.

Ainda segundo Marcos Vinícius, a lotação depende de quantas pessoas cabem dentro de cada local respeitando as normas de distanciamento, e poderá chegar, no máximo, a 100 fiéis. Além disso, o tempo de cada celebração não deve exceder a duração de 1h. Os templos devem ser totalmente desinfetados antes de receber os cidadãos, que estão proibidos de formar aglomerações na entrada e saída dos templos. 

Pessoas do grupo de risco para o coronavírus devem ser orientadas a ficar em casa.

Isolamento reduz, mortes aumentam

Com sete mortes em uma semana, Divinópolis viveu seu pior momento desde o início da pandemia. Dia após dia, os números subiam. Em apenas 24h, a cidade chegou a confirmar três óbitos ocorridos em datas distintas. Diante do cenário, o secretário de Saúde, Amarildo Sousa, emitiu na última sexta-feira uma “carta aos divinopolitanos”. No documento, ele cita que, desde o início da pandemia, a pasta tem seguido as orientações indicadas pelo Comitê de Enfrentamento ao Novo Coronavírus, Ministério da Saúde, Organização Mundial da Saúde (OMS) e autoridades sanitárias regionais, “que estão ancorados em fundamentos da ciência”.

Ele continua reafirmando o trabalho do órgão em monitorar os dados e as novidades científicas sobre o vírus diariamente, para “preservar a vida humana e a saúde pública”. Amarildo cita ainda a promoção de ações educativas e compra de insumos, como álcool em gel 70%, máscaras cirúrgicas e de tecido, protetores faciais feitos em impressoras 3D, respiradores, blitzes com medicação de temperatura, desinfecção de espaços públicos e outros.

— Tentamos construir uma barreira sanitária, restritiva e impeditiva da propagação viral, por meio do isolamento social, medida de atestada eficácia, para conter o contágio descontrolado que possa resultar na elevação de perdas de vidas dos divinopolitanos e no colapso do sistema público de saúde — afirma.

Garantir a infraestrutura na Saúde, juntamente com o estabelecimento de normas via decretos, no entanto, não é o suficiente, pontua o secretária. Os resultados eficazes, afirma, dependem de os moradores respeitarem as medidas sanitárias de prevenção ao vírus.

— A educação é imprescindível para conhecer e combater o vírus, haja vista que as políticas públicas de saúde são regidas por postulados científicos, os quais só podem ser auferidos mediante estudos processados pela cognição humana. Mas tudo terá sido em vão se a sociedade não se envolver nesta batalha — esclarece.

O secretário ainda reflete sobre o número de mortos na cidade e espera não ser necessário que mais vidas sejam perdidas para a população entender a gravidade do cenário e respeitar as orientações.

— Chegamos à triste marca de 10 pessoas (até ontem), cidadãos, filhos de Divinópolis que tiveram suas vidas interrompidas pela covid-19. A despeito de suas idades e comorbidades, precisamos refletir sobre como vamos seguir no enfrentamento desta pandemia em nossa cidade, nossa casa. Quantas vidas ainda teremos de perder para que entendam a importância de não disseminarmos desenfreadamente esse vírus? — questiona.

Com o aumento de mortes, um dos questionamentos é sobre a possibilidade de Divinópolis retornar aos estágios iniciais de isolamento social, como algumas cidades do país têm feito, pois, após autorizar o funcionamento do comércio, os índices voltaram a subir. No município, o atual acordo entre empresários e Prefeitura determina o fechamento dos estabelecimentos caso a ocupação dos leitos das Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) alcance 70%. Por isso, ressalta Amarildo, é fundamental manter os indicadores estáveis.

— A flexibilização veio devido ao sucesso das medidas anteriormente adotadas e para tentarmos mitigar os impactos econômicos ao qual a secretaria e o comitê também são sensíveis, mas é imprescindível que tenhamos responsabilidade — explica.

Por fim, Amarildo destaca a inexistência de uma cura, reforçando a necessidade de seguir as únicas medidas eficazes contra a doença: as medidas de higiene e o isolamento social. Por isso, ele pede: “Por favor, fiquem em casa, não saiam desnecessariamente, NÃO FAÇAM FESTAS. Respeitem a vida, se não a sua pelo menos a de quem você ama!”.

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