Coluna Bob Clementino (09/10/2019)

Orçamento Municipal: peça de ficção

O governo Galileu Machado (MDB) não está tão ruim como se apregoa ou se pensa. O prefeito segue a mesma toada dos seus antecessores, que canta: “em Divinópolis, ou se paga servidores municipais em dia ou se faz obras. Fazer as duas coisas simultaneamente não é possível”.

Por que isso ocorre? Ora, do orçamento municipal previsto para 2020 (que é de R$ 775 milhões), 66% irão para Saúde (R$ 261 milhões); Educação (R$ 144 milhões); Serviços Urbanos R$ (56 milhões) e Obras Públicas (R$ 52 milhões). Os R$ 262 milhões restantes serão divididos entre a Câmara (R$ 20 milhões), o Gabinete do Prefeito (R$ 12,1 milhões), a Administração e Orçamento (R$ 20,8 milhões), Agronegócio (R$ 44,5 milhões), Cultura (R$ 6,7 milhões), Assistência Social (R$ 17 milhões), Esportes (R$ 2,4 milhões), Fazenda (R$ 40,3 milhões), Secretaria de Governo (R$ 3,4 milhões), Meio Ambiente e Mobilidade Urbana (R$ 10,2 milhões), Trânsito, Transporte e Segurança Pública (R$ 13,3 milhões), Desenvolvimento Sustentável (R$ 2,6 milhões) e reserva de contingência (R$ 1 milhão). Analisando os dados, tem-se a impressão de que a arrecadação será suficiente para bancar as demandas de todas as secretárias em 2020. Ledo engano! Só aparência!

Explico

Este valor do orçamento municipal de R$ 775 milhões é apenas uma projeção bem hipotética, diria mesmo “uma peça de ficção”. A verdade é que, como em outras previsões, ela nunca se realiza. Por exemplo, em 2018, a Prefeitura esperava arrecadar R$ 728 milhões e, segundo ela própria, não arrecadou nem R$ 550 milhões. Portanto, está claro que o orçamento municipal é insuficiente para atender a todas as demandas das secretarias municipais. E mais: fica evidente que o alcaide não é um mau gestor, apenas não tem dinheiro para administrar.

A batalha da comunicação

A Prefeitura está perdendo a batalha da comunicação para o deputado estadual Cleitinho Azevedo (CDN), que se tornou um expert nas redes sociais e no marketing pessoal. Senão, vejamos: foram liberados recursos para se construir encabeçamento do viaduto que atenderá a vários bairros e para a construção de um trevo na estrada que liga Divinópolis a Carmo do Cajuru. Galileu anunciou essa conquista como obra do seu governo.

Mas o deputado Cleitinho, ao lado do secretário de Governo de Infraestrutura (Seinfra) e do superintendente da Secretaria de Estado de Transportes e Obras Públicas (Setop), anunciou a obra como sua. O prefeito não gostou, colocou em dúvida a participação do deputado e até declarou em um vídeo (fonte: Divinews), que, se Cleitinho participou das articulações, ele, prefeito, não viu. E completou: “Só se ele estava atrás da porta”! Para mim, foi uma indireta para o deputado Cleitinho. De acordo com Galileu, a articulação política foi feita por ele e sua equipe, tratando diretamente com o secretário da Setop, Marco Aurélio, com a ajuda de Fabrício, diretor do DER.

Perdendo a batalha

É a segunda obra cuja paternidade é colocada em discussão. A primeira se deu quando o deputado federal Domingos Sávio (PSDB) e o deputado estadual Cleitinho (CDN) anunciaram que a liberação da verba de R$ 22 milhões do PAC 1 foi viabilizada por intervenções deles. Neste caso, ambos os deputados divinopolitanos tiveram participação na liberação. Ao deputado federal, no entanto, toca maior glória, pois atuou no âmbito federal. Já o papel de Cleitinho limitou-se a pedir a liberação da verba nos plenários da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), da Câmara Municipal e na Caixa Econômica de Divinópolis. Mas, enquanto a assessoria do deputado Domingos Sávio anunciava com galhardia e vaidade a liberação do PAC 1, nas redes sociais, TV, rádio e jornal impresso, o deputado Cleitinho reuniu-se com lideranças dos bairros Grajaú, São Simão, Costa Azul, Maria Peçanha, apresentando-se como responsável pela liberação das verbas do PAC. E não tenham dúvida: o ágil deputado estadual Cleitinho já está sendo reconhecido como responsável pelos recursos para se construir também o encabeçamento do viaduto que atenderá a vários bairros e para a construção de um trevo na estrada que liga Divinópolis a Carmo do Cajuru. Não está de todo errado o deputado Cleitinho!

Mesmo que sua atuação na liberação da verba para o encabeçamento do viaduto e do trevo seja invisível ou nula, como quer demonstrar o prefeito Galileu, sendo o deputado da base de sustentação do governador Zema (Novo), nenhuma obra virá para Divinópolis sem o aval dele, Cleitinho.

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