Clientes de clínica temem golpe após lojas fecharem as portas

Ricardo Welbert  

Clientes da clínica odontológica Dentari estão preocupados com o fato de as três lojas em Divinópolis não abrirem há vários dias. O Agora ouviu pessoas que afirmam ter pagado antecipadamente por diferentes tipos de serviço e não conseguem os atendimentos de que precisam.  

As unidades da Dentari em Divinópolis ficam na avenida 1º de Junho e nas ruas Rio de Janeiro e Goiás. A enfermeira Kelly Mello mora no bairro São Judas e é cliente da última.  

Irritada com a falta de atendimento tanto na loja física quanto pelos telefones dos quais ela costumava receber ligações, ela explica que o filho, de 13 anos, precisa de manutenção no aparelho dentário.  

— Nos últimos dias meu filho tinha procedimento agendado e ligaram da loja dizendo que precisavam remarcar porque o dentista estava viajando. Marcaram para sexta-feira da semana passada [dia 10], às 11h15. Quando chegamos lá, tinha um monte de gente na porta, reclamando do fato de a loja estar fechada. Nenhum de nós recebeu qualquer tipo de contato informando interrupção no atendimento — explica.  

No mesmo dia, Kelly e alguns dos outros clientes insatisfeitos foram às outras duas lojas, que também estavam fechadas. Pelo contrato firmado, a enfermeira vinha pagando R$ 100 por mês. Ela conta que já gastou cerca de R$ 2 mil na clínica.  

— Conversando com as outras pessoas, ouvi que na quinta-feira, dia 9, alguns vizinhos viram um caminhão de mudança sendo carregado com vários móveis da Dentari da rua Goiás — diz.  

Cheques e dívida  

Ainda segundo Kelly, uma das pessoas que reclamava em frente à clínica fechada era um homem que disse morar em povoado rural.  

— Esse senhor mora na roça e não tem muito tempo disponível para vir à cidade. Por causa disso, ele pagou R$ 3 mil antecipados, em cheques que já entraram. Segundo ele, não dá mais pra sustar — relata.  

Esse mesmo cliente também obteve a informação de que a clínica deve dinheiro a uma farmácia próxima. A reportagem tentou contato com o gerente do estabelecimento ontem à tarde, mas ele não estava. Um funcionário explicou que o chefe só retornaria amanhã. Um contato telefônico foi deixado, mas não houve retorno. 

Implantes  

O taxista Alexsandro da Silva Matias, que também é cliente da Dentari da Goiás, afirma ter desembolsado R$ 10 mil por um serviço e ter recebido outro, de R$ 8 mil. Os R$ 2 mil restantes, segundo ele, não foram devolvidos.  

— Fiz o orçamento e paguei tudo de uma vez. Tenho documentos para provar. Eu precisava de dez implantes e cada um custava R$ 1 mil. Quando meu tratamento começou, eles passaram a mudar o dentista, porque um fazia errado e passava o serviço para o outro. No fim das contas, só fiz oito implantes. Fiquei com prejuízo de R$ 2 mil, fora um transtorno imenso e remédios que precisei tomar porque os implantes foram feitos por dentistas ruins — relata.  

 Providência  

O aparelho dentário do filho de Kelly está quebrado. Segundo a mãe, isso provoca dores. Fato que já foi informado a uma advogada de confiança, que já conversa com ela sobre um possível processo.  

— Pretendo conversar com os outros clientes prejudicados, para que já nos próximos dias nós façamos um boletim de ocorrência, para nos resguardarmos juridicamente — cita.  

Outro lado  

Agora tentou contato com a empresa por meio dos canais informados na porta da unidade instalada na Goiás. No telefone fixo, ninguém atendeu. O celular dá que “não existe”. O e-mail e a mensagem enviada à página da clínica no Facebook não foram respondidos e o site da empresa está fora do ar. 

 

 

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