CIS-URG estuda assumir gestão do Hospital Regional

 

Matheus Augusto

O Hospital Regional é um sonho que quase saiu do papel. Falta pouco, mas como Município e Estado enfrentam grave crise econômica, o pouco é muito. No entanto, lideranças políticas começam a sinalizar que a obra pode finalmente voltar a caminhar. Em coletiva ontem, representantes do Consórcio Intermunicipal de Saúde da Região Ampliada Oeste para Gerenciamento dos Serviços da Urgência e Emergência (CIS-URG) declararam estar estudando a viabilidade de administrar a gestão do hospital e detalharam as conversas com o governador do Estado, Romeu Zema (Novo).

Uma proposta detalhada deve ser apresentada ao Governo de Minas até o dia 30 de outubro.

Experiência

O presidente do consórcio, Edson Vilela, afirmou que organização se dispôs a administrar o hospital devido à experiência positiva gerindo o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).

— O CIS-URG se habilitou a ser o gestor do hospital regional. Temos tido a expertise de fazer um bom trabalho frente ao Samu, ao CIS-URG, ao consórcio formado pelos 54 municípios e numa assembleia junto com os outros prefeitos foi aprovado, por unanimidade, nós encaminharmos a proposta ao Estado para que a gestão do hospital regional seja feita pelo CIS-URG, pelo Samu — afirmou.

Edson Vilela também destacou que o consórcio tem total condição de assumir a gestão.

— Temos uma experiência exitosa por parte do CIS-URG Oeste, por parte do nosso Samu, e estamos resolvendo os problemas do cidadão. É claro que a gente vai fazendo isso aos poucos. É por isso que, enquanto consórcio, tivemos, não sei se posso dizer atrevimento, de falar “nós estamos pleiteando a gestão do hospital regional”. Porque acho que temos capacidade administrativa de fazer isso acontecer e com qualidade — afirmou o presidente.

Ele ainda ressaltou que é fundamental viabilizar o término da obra.

— Claro que o primeiro passo hoje é terminar as instalações, o caminho passa por aí. Estamos fazendo um levantamento de custos de quanto gastaria para que a gente possa encaminhar as propostas que estaríamos dispostos a ajudar  o Estado em parceria com a Prefeitura de Divinópolis, uma vez que o terreno é do Município — afirmou.

Custeio

Um das alternativas que está sendo avaliada para elaborar o plano a ser enviado ao Governo do Estado é a garantia de recursos através de sua estrutura, uma vez que irá “desafogar” outros hospitais da região.

— Na parte de custeio, conversaríamos com outros deputados e com o governo federal. Nós sabemos que já existe o custeio de alguns hospitais que poderão ser canalizados para o Hospital Regional. E uma das coisas que temos feito é não ficar de braços cruzados. Sabemos que tem gente morrendo por falta de vagas em hospital. Nós sabemos das dificuldades que, às vezes, os médicos têm, em termos de diagnóstico, [quando] não se tem uma estrutura para receber os pacientes — contou.

Apesar de o Estado se comprometer a custear 50% das obras restantes para terminar a construção, ainda é preciso preencher os outros 50%. Segundo o secretário Executivo do consórcio, José Márcio Zanardi, formas de captar recursos para terminar a construção do hospital estão sendo analisadas, inclusive, com a ajuda da iniciativa privada. Já a manutenção da unidade está sendo discutida com os secretários de Saúde e prefeitos de toda a região.

Zanardi ainda explicou que o Hospital Regional poderia se habilitar a receber recursos do Ministério da Saúde, através de programas federais.

— Nós fizemos o levantamento e cerca de R$ 2,5 milhões do SUS da nossa região é levado para atendimento para fora por não existir determinadas especialidades aqui no Centro-Oeste. Então, o hospital já poderia nascer com esses R$ 2,5 milhões de custeio. É só colocar essas especialidades, fora outras necessidades que a gente precisa adequar, inclusive com o Ministério da Saúde, que é o aumento do teto da média complexidade da nossa região, bem como os recursos de programas, como Rede de Urgência, Plano de Ação Regional, apoio de universidades que têm medicina, como Itaúna, UFSJ e estamos em discussão com a Faculdade de Ciências Médicas, para também nos ajudar nesse apoio de recursos — explicou.

Gestão

José Marcio Zanardi voltou a ressaltar que uma possível gestão do Hospital Regional pelo consórcio não atrapalharia a atuação do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).

— Além disso, a questão da gestão. O consórcio pode assumir diretamente a gestão? Pode. Vai atrapalhar a administração do Samu? Não — destacou.

Zanardi ainda explicou que é preciso levar quatro pontos em consideração na hora de elaborar o projeto de administração, principalmente, sobre quais necessidades o Hospital Regional precisa atender.

— Custeio, investimento, modelo de gestão e, por último, o perfil assistencial, o que vai ser esse hospital. O que vai ter lá dentro? Quais são as clínicas? Quais são os tipos de exames que terá? E quais são as necessidades da região? Por exemplo, cirurgia vascular de média complexidade. Nenhum hospital do Centro-Oeste dos 34 que atendem pelo SUS faz. É uma necessidade que precisa de solução — explicou.

Com todos os detalhes definidos, por meio do auxílio de engenheiros, contabilistas e profissionais experientes em gestão hospitalar, a proposta será enviada ao Governo de Estado. O prazo, como definido em edital, vai até o dia 30 de outubro.

Edital

O Estado, em razão da crise financeira, abriu um edital para receber, de instituições, empresas, pessoa física e pessoas jurídicas, alternativas para a gestão dos hospitais regionais no estado. Segundo o secretário executivo, na Centro-Oeste, apenas o consórcio e uma empresa, que ele não sabe qual é, se habilitaram no processo.

José Márcio ainda afirmou que o consórcio já vinha discutindo essa possibilidade antes de Zema assumir como governador.

— Ainda não é para administrar o hospital, é para apresentar ideias. Mas nós já vínhamos conversando com o Estado desde o governo anterior. Chegamos até a formalizar, na Advocacia Geral do Estado (AGE), um protocolo de intenções em que o Estado passaria o patrimônio, a essência e a concorrência do prefeito de Divinópolis para o CIS-URG, que então tomaria as medidas necessárias, não só para administrar, para o investimento, a fim de buscar recursos para que a obra fosse concluída — contou.

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