Cinema falado destaca filme "The Post"

1. Lançamentos da semana

*THE POST: GUERRA SECRETA (THE POST). BRASIL. 2017. DIR.: STEVEN SPIELBERG. ELENCO: MERYL STREEP, TOM HANKS, SARAH PAULSON. DRAMA. 116 MIN.

Eis um filme que exige do público um conhecimento da história política dos Estados Unidos nos últimos cinqüenta anos, caso contrário sairá boiando do cinema, além de nos pedir um pouco de cumplicidade, pois estamos lidando com fatos ocorridos no passado, mas que até hoje são discutidos, como a recente batalha do Facebook com as leis mundiais. Acompanhamos aqui um analista americano de nome Daniel Ellsberg, que descobre que o governo está escondendo a realidade sobre a guerra do Vietnã e resolve copiar os documentos secretos no Pentágono. Daí pulamos para alguns anos e encontramos a proprietária do jornal Washington Post, Kay Graham (Streep) que está tendo de tocar o negócio depois da morte do marido, até que um dia o seu editor-chefe, Bem Bradlee (Hanks) descobre que o rival “The New York Times teve acesso a esses documentos, e sai à luta para conseguir também. Só que os planos do Post de publicar os papéis correm perigo devido a uma ordem do governo Federal que proíbe tais publicações, e eles agora vão ter de fazer uma escolha arriscada de trazer a verdade para os leitores, ou se calarem e continuarem tocando o barco. Com atuações fenomenais de Meryl Streep, que até concorreu ao Oscar como melhor atriz, Tom Hanks e todo o elenco, temos aqui um Spielberg bem político querendo tocar na ferida na administração atual de Trump, mostrando os limites da ética que todos os agentes tem de enfrentar. Filme para ser visto e inclusive exibido nas escolas para que os estudantes tomem conhecimento das dificuldades da vida de um jornalista.

*POLÍCIA FEDERAL- A LEI É PARA TODOS. BRASIL. 2017. DIR. MARCELO ANTUNEZ. ELENCO: ANTÔNIO CALLONI, FLÁVIA ALESSANDRA. DRAMA. 107 MIN.

Mais um filme abordando a corrupção endêmica que grassa pelo Brasil, aos moldes da série “O Mecanismo”, mas aqui eles dão nome aos bois, e assim voltamos ao ano de 2013 quando a Polícia Federal aprendeu um caminhão carregado de cocaína e é montada uma equipe em Curitiba para investigar o delito. Só que a rota do tráfico levou os investigadores ao doleiro Alberto Yussef (Roberto Birindeli), e de lá para o ex-diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa (Roney Facchini), onde se abriu a caixa-preta que envolvia as construtoras, o governo e vários políticos que usavam essa estrutura para desviar dinheiro público.  Está aberta a vereda para descobrirmos um Brasil apodrecido pela ação de uma quadrilha muito bem qualificada que nos levou a esse buraco onde o país se encontra no momento, e nada parece acenar de que essa Operação chamada Lava-Jato vá parar um dia.

.Com atuações boas de Antônio Calloni no papel do delegado Ivan Romano e de Flávia Alessandra, temos aqui esse painel que pode desagradar muitas pessoas por sua conotação política, segundo alguns tendenciosa, mas não podemos fechar os olhos para esse momento que vivemos, de modo que possamos tirar valiosas lições para o futuro.

2. Clássico do cinema

*A CALDEIRA DO DIABO (PEYTON PLACE). EUA. 1957. DIR.: MARK ROBSON. ELENCO: LANA TURNER, LEE PHILIPS, LLOYD NOLAN. DRAMA. 157 MIN.

Filme baseado em um livro e consegue ser até melhor, fato raro, mas vamos nos enredando em uma pequena cidade como milhares delas, com os adultos tomando conta das leis e tentando colocar os jovens nos padrões que não sejam impróprios aos bons costumes. Em meio a essa pasmaceira surge Constance McKenzie (Turner), uma aparente recatada mãe solteira de uma linda adolescente, e se vê no meio de uma torrente de fatos que assolam a comunidade, entre eles o estupro, o incesto e outras taras que fariam inveja ao nosso Nelson Rodrigues, e ela vai ter de enfrentar isso tudo sozinha. E assim a cidade que parecia ser pacata vai descascando pouco a pouco e mostrando uma realidade não muito agradável, nos levando a confrontar temas que vivem submersos no meio da hipocrisia. A atriz Lana Turner faz o papel principal com uma autoridade e uma beleza sem par, trazendo densidade ao seu personagem e nos ganhando ao fim, nesse filme que foi execrado pela comunidade conservadora e retrógada dos Estados Unidos, mas que sobreviveu à indiferença de sua época e hoje brilha como uma das grandes realizações cinematográficas.

3. Música da semana

Enquanto escrevia essa coluna fui longe ao ouvir o velho e bom Frank Sinatra num disco raro que gravou em 1959. Música da semana: Where Or When.

Otávio Paiva
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