Cinema Falado destaca filme "O Doutor da Felicidade"

1. Lançamentos da semana

O DOUTOR DA FELICIDADE (KNOCK). FRANÇA/BÉLGICA. 2017. DIR: LORRAINE LÉVY. ELENCO: OMAR SY, ALEX LUTZ, ANA GIRARDOT. COMÉDIA. 113 MIN.
O ator francês Omar Sy ficou famoso mundialmente depois de sua atuação na comédia “Os Intocáveis” de 2011 e desde então chamou a atenção de Hollywood onde rodou alguns blockbusters, mas é na comédia que ele se dá bem. Aqui o encontramos como Knock, um médico forasteiro que chega a uma pacata cidade onde todo mundo parece ser saudável, o que atrapalha seu negócio, e logo ele ganha a confiança da população e começa a criar algumas doenças imaginárias na cabeça da turma para que frequentem sua sala. Baseada em uma antiga peça francesa essa comédia pode ser lida de várias maneiras, na verdade o que nos encanta é a interpretação de Sy como esse malandro de bom coração que ouve as pessoas e lhes dá alento e um pouco de aventura que lhes falta no dia a dia, embora não fique claro se a diretora Lorraine Lévy esteja apostando na charlatanice como um dos males menores, desde que nos afeiçoemos aos típicos populistas que aparecem na nossa vida. Boa diversão para o público.

BASEADO EM FATOS REAIS (D’APRÈS UNE HISTOIRE VRAIE). FRANÇA. 2017. DIR: ROMAN POLANSKI. ELENCO: EMMANUELLE SEIGNER, EVA GREEN, VINCENT PEREZ. DRAMA. 100 MIN.
O primeiro filme que me veio à mente ao assistir essa última produção do franco-polonês Roman Polanski foi “A Malvada”, um clássico de 1950 com Bette Davis e Anne Baxter, mas a comparação não fica positiva para Roman porque a diferença de qualidade é brutal, embora a ideia do duplo seja interessante.  Acompanhamos a história de Delphine de Vigan (Seigner), uma escritora famosa que está no momento vivendo a crise do bloqueio criativo após lançar seu último livro, e que conhece na noite de autógrafos uma admiradora de seu trabalho, Elle (Green), uma escritora desconhecida que trabalha escrevendo a biografia de celebridades. Com o tempo a relação das duas cresce a ponto de Elle se mudar para a casa dela para ser sua secretária especial, e aí começam as interferências de uma na vida da outra até chegarmos ao final com um desfecho mais que previsível. Uma pena que uma boa ideia fique só no desejo com tanta gente talentosa envolvida, mas até produções medianas nas mãos de Polanski nos prendem. 

2. Cult movie

OSAMA (OSAMA). AFEGANISTÃO. 2003. DIR: SIDDIQ BARMAK. ELENCO: MARINA GOLDBAHARI, ZUBAIDA SAHAR, KHWAJA NADER. DRAMA. 83 MIN.

Filme que passou despercebido na época já que seu nome nos remetia ao terrível saudita Bin-Laden que instaurou o terror ao novo milênio, merece uma boa revisada já que seu assunto nunca se esgota, ou seja, a intolerância que reina atualmente no planeta. Acompanhamos a tomada do poder pelos talibãs no Afeganistão após a derrocada dos russos na região, e a primeira medida deles é proibir as mulheres de trabalharem e estudarem, afetando a economia já combalida da população. Isso vai afetar ainda mais uma família composta de avó, mãe e filha que perdeu o mantenedor na guerra, e elas resolvem então mascarar a garota, transformando-a em um garoto após cortar-lhe o cabelo e vesti-la adequadamente para que conseguisse algum emprego. E assim ela vira a contragosto Osama (Goldbahari), um rapazinho que vai ajudar um senhor na sua venda até o Talibã descobrir e puni-la terrivelmente. O filme chama a atenção para as atrocidades que são cometidas por grupos religiosos que pretensamente falam em nome de Deus para reforçar o poder que eles se investem, e o diretor Barmak conseguiu seu intento nos mostrando a face oculta dos fundamentalismos que tomaram conta de várias regiões ao redor.

3. Música da semana
Enquanto escrevia essa coluna fui ouvir a grande cantora Diane Schuur e sua “Collection”. Música da semana: Love Dance, de Ivan Lins e Vitor Martins.

Otávio Paiva
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