Cinema Falado destaca filme Maria Madalena

1. Lançamentos da semana

MARIA MADALENA (MARY MAGDALENE). REINO UNIDO/EUA/AUSTRÁLIA. 2018. DIR: GARTH DAVIS. ELENCO: ROONEY MARA, JOAQUIN PHOENIX, CHIWETEL EJIOFOR. DRAMA. 120 MIN.
Geralmente os filmes bíblicos são dogmáticos e não dão chance para o contraditório, sendo usados mais para a propagação da fé cristã, o que não acontece com essa produção que traz Maria Madalena (Mara) pela primeira vez como protagonista e sem ter de carregar nas costas a pecha de prostituta que por longo tempo lhe impuseram. Sob a direção de Garth David acompanhamos uma mulher tímida, familiar e que teve por único pecado não querer se casar com uma pessoa escolhida pelos pais, sendo então execrada e levada a um curador que estava bem famoso na região, para que lhe tirasse o demônio do corpo. E foi assim que ela conheceu aquele homem de Nazaré que tanto se falava, um homem que ela sentia grande atração, e que teve também por ela uma atração, mas espiritual,não terrena como uma conexão especial entre dois seres. O ator Joaquin Phoenix tem a ingrata função de fazer o papel de Jesus Cristo, pelo qual recebeu críticas de todos os lados, mas para mim cumpriu bem sua função, fazendo seus milagres e debatendo com seus apóstolos que o queriam mais político e afirmativo na luta contra os romanos. O que importa é o resultado final e o respeito que é dado à Maria, que emerge como uma santa que levou a palavra de Deus á frente, ela que testemunhou sua ressurreição e que operou milagres junto com ele, e aqui tiramos o chapéu para a atriz Rooney Mara que teve uma atuação minimalista, com gestos contidos, mas chegou ao coração do público com muita honra. Um filme para se visto com o coração e a mente.

15H17-TREM PARA PARIS (THE 15:17 TO PARIS). EUA. 2018. DIR: CLINT EASTWOOD. ELENCO: ALEX SKARLATOS, ANTHONY SADLER, SPENCER STONE. DRAMA. 94 MIN.
Clint Eastwood é uma lenda viva e nós que já o seguimos pelas poeirentas estradas de sua juventude sabemos que ele soube se multiplicar com a idade e se transformar num diretor exemplar que nos deu “BIRD”, a história do saxofonista Charlie Parker, além de vários outros clássicos que assistimos novamente com prazer. Dessa vez ele busca na realidade atual para por em discussão suas bandeiras, como o patriotismo e o uso de armas na mentalidade do norte-americano, usando a história verídica de três amigos norte-americanos, Anthony, Alex e Spencer, que numa noite de 21 de agosto de 2015, exatos três anos atrás, estavam entre os passageiros que viajavam pela Europa rumo à Paris no trem Thalys, quando um ataque terrorista os pegou desprevenidos. Acompanhamos então um pouco da história dos três rapazes desde a infância até acharem seu rumo e como se comportaram para salvarem a tripulação da virulência do ataque. O filme foi massacrado pela crítica em todos os aspectos, principalmente por utilizar os próprios rapazes, que não são atores, para contracenarem, além da questão de Eastwood usar mais uma vez o tema do heroísmo, mas seu recado foi dado e mais um filme de Clint Eastwood alcançou seu objetivo de colocar na balança um pouco das nossas idiossincrasias.

2. Cult-movie

ARMADILHAS DO CORAÇÃO (THE IMPORTANCE OF BEING EARNEST). REINO UNIDO. 2002. DIR.: OLIVER PARKER. ELENCO: RUPERT EVERETT, REESEE WHITERSPOON. COMÉDIA ROMÂNTICA. 97 MIN.
Oscar Wilde foi um irlandês que entrou para a história como um dos escritores mais refinados de todos os tempos e sua literatura só tem crescido nos últimos cem anos, levada aos grandes palcos dos teatros e, vez ou outra, nas grandes telas do cinema. Uma de suas peças teatrais mais famosas serviu de inspiração para a criação desse filme feito em 2002, com um elenco invejável onde pontuam Everett e Reese, dois atores especiais, e uma trama que capta a atenção de todos. Ambientada na Londres de 1890,fim do século dezenove, seguimos a história de dois jovens amigos que usam o mesmo pseudônimo,o que acaba chamando a atenção de umas garotas que se apaixonam pelos nomes,e não pelas pessoas que os carregam. Um deles se chama Jack, mora em uma bela propriedade de campo, mas quando quer dar uma escapulida para Londres, inventa que tem um irmão desmiolado chamado Ernest e que precisa lá ajudá-lo a sair de alguma encrenca. Chegando lá ele muda o seu nome para Ernest a fim de resguardar sua identidade, até que seu primo Algy descubra sua tramóia e se apresente na mansão de campo como o irmão maluco que nunca existiu. A brincadeira da peça se perde na tradução pois o nome Ernest se parece com um adjetivo em inglês”earnest” que significa:sincero. Daí a importância do título. Em tempo, para quem leu o livro, nota-se que o diretor esqueceu-se de focar na personagem principal que é a Lady Bracknell, a matriarca que dá boa vida ao sobrinho, o que tira muito da intenção de Oscar Wilde, mas ainda assim dá para se divertir com essa sátira romântica.

3. Música da semana

Enquanto escrevia essa coluna me deliciei com uma coletânea canadense de seus melhores crooners, chamada “Here Comes The Boys”. Música da semana: You Just don’t Know, com Vincent Wolfe.

Otávio Paiva
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