Cidade ganhará sua primeira clínica terapêutica para mulheres

 

Jorge Guimarães

Seja nas grandes metrópoles ou mesmo em cidades pequenas, o crescimento de pessoas em situação de rua alarmante. Situação que é vista no dia a dia, não somente no Brasil, mas do mundo todo. E, nas ruas, cada um traz consigo uma história diferente, que vem de diferentes vivências, e está nesta situação por diversas razões. Muitas vezes, a droga e a prostituição são apenas um refúgio, mesmo que por instantes.  

Porém, mesmo assim, muitos deles carregam no coração um desejo: recuperar os vínculos familiares que foram interrompidos e, o mais importante, se livrar das drogas. Assim, a superação é o alimento de cada dia, de cada noite dormindo nas ruas, sob marquises, em praças, embaixo de viadutos e pontes.

História

Mas alguns conseguem se reerguer, e hoje lutam para se manter "limpos" e também para ajudar outros dependentes. Essa é a história do casal Lidiane Martins da Silva, 31 anos, e Luiz Carlos da Silva, 39, que, depois de serem moradores de rua e dependentes químicos, hoje construíram uma família sólida.

— Eu comecei a usar drogas com 14 anos, e a partir de 2006, fui morar na rua, onde conheci o Luiz Carlos, hoje meu marido. Éramos moradores do Carrapateiro e lá passamos por diversas dificuldades, como o dia em que o Luiz Carlos levou um tiro, quando ele foi preso e levado para o presídio Floramar. Era uma vida sem sentido, mas, para o momento, era o que tínhamos. Grávida, eu fui presa e passei alguns meses também no presídio, mas como lá não tinha lugar especial para mulheres grávidas, me soltaram — relembra Lidiane.

Projeto Regaste

A partir deste momento, tudo passaria a mudar na vida do casal. Pois, com determinação, Lidiane queria outro rumo para sua vida.

— Quando saí do Floramar, já tinha convicção que minha vida tinha que mudar. Foi aí que conheci o Projeto Resgate, da Assembleia de Deus, dirigida na época pelo pastor João Batista, que me acolheu em orações. E, depois de várias tentativas, consegui tirar o Luiz Carlos do Carrapateiro e das drogas. Hoje, somos um casal unido na fé e com três filhos lindos, que só nos enchem de orgulho — define a ex-moradora de rua.

Projeto Vida pela Vida

Há um ano, às quartas-feiras, o casal entrega de 30 a 40 sopas para os moradores do Carrapateiro, sempre a partir das 22h. As mulheres que frequentam o local sempre pediram ajuda a Lidiane de como se livrar dos vícios, porque viam nela um exemplo a ser seguido.

— Depois de tantos pedidos, eu e me marido tivemos a ideia de criar o “Projeto Vida pela Vida – Pérolas”, que é uma comunidade terapêutica para o tratamento de toxicômanas e alcoólatras, exclusivamente feminina. Com capacidade de atender ate 35 pessoas, a inauguração da primeira clínica, em Divinópolis, é esperada para o segundo semestre. O endereço será na rua Marechal Dutra, 41, bairro São Lucas, Km 13 da estrada que vai para a comunidade de Buritis.

Ajuda

Para concretizar de vez este sonho, que saiu das ruas e ganhou o coração de todos, o casal elaborou um carnê de doação, no valor de R$ 10 para poder ajudar a custear este início de jornada.

— Nós temos o carnê para doações mensais, mas precisamos contar com ajuda de todos, pois o valor do carnê é apenas simbólico. E quem puder nos ajudar nesta empreitada pode entrar em contato pelo (37) 9.8835 - 0481, e falar diretamente comigo. Desde já, agradeço a todos que por ventura venham a caminhar conosco nesta longa trajetória — detalha a diretora do projeto, Lidiane Martins.          

 

 

 

  

 

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