Cidade esperança

Lançado ontem pelo governador Romeu Zema (Novo) o Catálogo de Obras, portfólio destinado a orientar a alocação de recursos provenientes de emendas parlamentares e permitir a conclusão de obras prioritárias no estado. No documento, de 58 páginas, estão detalhadas as construções que serão finalizadas, com o objetivo de, segundo o governador, “promover a retomada do desenvolvimento econômico e social de Minas Gerais, buscando convergência com os parlamentares mineiros”. O portfólio é dividido em segurança pública, infraestrutura urbana, educação, saúde e infraestrutura viária. E o que mais chama a atenção é que em nenhuma destas “modalidades” Divinópolis foi contemplada.

O documento foi lançado dois meses após Zema garantir ao deputado estadual Cleitinho Azevedo (Cidadania) e ao deputado federal Domingos Sávio (PSDB) que iria pagar 50% das obras restantes do Hospital Público Regional Divino Espírito Santo. Durante a reunião entre os parlamentares, o governador, o secretário de estado de Saúde, Carlos Eduardo Amaral, o secretário municipal de Saúde, Amarildo Sousa, o superintendente do Consórcio Intermunicipal de Saúde (CIS URG), José Márcio Zanardi, e o presidente do Consórcio, o prefeito de Carmo do Cajuru, Edson Vilela (PSB), ficou “acertado” que o hospital seria concluído e o CIS-URG assumiria sua gestão. É, pode ser que sim! Pode ser que um dia! Pois, o que é fato hoje é que Zema deu uma rasteira nos deputados e até mesmo em um vereador divinopolitano, que chegou a gravar um vídeo dizendo que o pedido teria partido dele.

Divinópolis, a maior cidade do Centro-Oeste de Minas – com inúmeras obras para finalizar, como a duplicação da MG-050 – não estar no portfólio só mostra aquilo que o Agora mostra há muito tempo: a cidade vive de politicagem, nada mais do que isso. O Hospital Público Regional, que teria 210 leitos, sendo 134 para internação, 30 para UTI adulto, 10 para UTI neonatal, 15 de cuidados intermediários e 21 de pronto-socorro, e atenderia uma região composta por 55 munícipios, (Macrorregião) com população estimada de 1,2 milhões de habitantes, agoniza em meio ao tempo. As obras estão paradas há três anos, servem apenas para eleger político, somente para politicagem. Mas dizem por aí que de tudo fica-se uma lição, e a mais importante delas é: não acreditar no primeiro que fala aquilo que a pessoa quer ouvir.

As obras, que hoje se perdem com o tempo, os mais de R$ 60 milhões investidos, que hoje escorrem pelo ralo, ficarão como uma marca para os divinopolitanos nunca mais acreditarem nas primeiras palavras de revolta do primeiro candidato que aparecer pela frente. Pois, para construir e desenvolver uma cidade é preciso mais do que vídeos, curtidas e compartilhamentos. A vida real é muito diferente da virtual. Gravar e falar o que o povo quer ouvir, qualquer um faz, mas trabalhar, articular e conseguir, aí já é outra história. E mais uma vez a ‘ Cidade do Divino’ segue à espera de um milagre, sonhando o dia que estará nas prioridades de seus políticos. É como diz o hino, “cidade esperança, tu sonhas e anseias”.

 

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