Cerca de 30 grávidas receberam dose da AstraZeneca em Divinópolis

Anvisa suspendeu utilização da vacina; especialistas divergem sobre o assunto

Bruno Bueno

Após recomendação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a Prefeitura de Divinópolis também interrompeu, na última terça-feira, 11, a aplicação da vacina AstraZeneca em mulheres grávidas do município. O Executivo havia aberto o cadastro para as gestantes na última sexta, 7, juntamente com portadores de síndrome de Down e deficientes cadastrados no Programa de Benefício de Prestação Continuada (BPC), todos maiores de 18 anos.

Sendo assim, a vacinação desse grupo, que estava acontecendo no Centro Administrativo e Divinópolis Clube, foi interrompida sem prazo para voltar. 

Esclarecimento

Em nota divulgada, a Prefeitura informou sobre a paralisação.

— O uso off label de vacinas, ou seja, em situações não previstas na bula, só deve ser feito mediante avaliação individual por um profissional de saúde que considere os riscos e benefícios da vacina para a paciente. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), não existem informações suficientes para uma decisão final sobre o uso das doses em grávidas.  Em outros grupos, a vacinação com o imunizante AstraZeneca continua normalmente — disse.

O Executivo também afirmou que vai divulgar um comunicado para as gestantes.

— Tão logo a Prefeitura receba novas orientações sobre o assunto, um comunicado direcionado às gestantes será divulgado. A Secretaria Municipal de Saúde (Semusa) orienta que todas as gestantes que apresentem qualquer tipo de evento adverso pós-vacinal devem se encaminhar à unidade básica de saúde mais próxima para notificação e avaliação por profissional de saúde.

Reações

Especialistas divergem sobre a interrupção. 

A reportagem conversou com a ginecologista e obstetra em Divinópolis Nelvis Moreira Da Silva. Conforme a médica,  reações de vacinas contra a covid em gestantes são raras.

— Acho que isso pode trazer algum malefício, mas nós sabemos que os bebês não estão sendo afetados. Estamos em uma situação complicada, com pouco estudo, mas acredito que ela possa ser segura — afirmou.

A especialista também relatou que as pessoas que tomaram a vacina antes da interrupção não precisam se preocupar.

 — Não vai acontecer nada. O efeito que foi visto é muito raro. Eu tenho uma paciente gestante que tomou a primeira dose na última segunda e que está muito preocupada. Apesar de as grávidas serem do grupo de risco, ainda mais se possuírem comorbidades como hipertensão e obesidade, a vacina é eficaz — esclarece. 

Nelvis também disse que as gestantes não precisam ter medo quando a vacina for liberada.

— Se realmente constataram um problema, eu acredito que ela tem que ser suspensa mesmo. Quando for permitido, as gestantes precisam ter calma e se vacinar, porque é o melhor método que temos para vencer essa doença — salientou.

Concordou

O Agora conversou com a médica Heloísa Cerri, obstetra e especialista em assuntos relacionados a gestantes. A profissional afirmou que concorda com a suspensão da imunização em grávidas.

—  A gravidez é cercada de cuidados e a segurança do bebê é algo que tem que ser levado muito a sério. Se tem contradição, se voltaram atrás porque não tinham certeza, é algo que tem que ser estudado e só depois liberado completamente para as gestantes — afirmou.

A médica também relatou que as gestantes devem ser tratadas com extrema cautela.

— Grávidas têm maior risco de apresentarem graves sintomas após contraírem covid, principalmente por conta da outra pessoa que carregam no ventre. Apesar de a vacina ser um verdadeiro milagre, pois a maioria desses imunizantes demoram muito para serem feitos, não sabemos muita coisa sobre ela e seus efeitos — explicou.

34 pessoas

O Agora também questionou a Prefeitura de Divinópolis a respeito da quantidade de gestantes que tomaram a vacina AstraZeneca na segunda, visto que a suspensão se deu somente na terça. 

Por meio da assessoria de comunicação, o Executivo afirmou que 34 gestantes e puérperas se imunizaram no começo da semana, mas não informou o número total de cadastros realizados na cidade. 

 — As doses que não foram utilizadas pelas gestantes serão destinadas para as pessoas com comorbidades, na qual esse público faz parte — salientou.

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