CBF trabalha com manutenção de todo o calendário no futebol

José Carlos de Oliveira

 

O futebol em todo o Brasil continua parado e sem previsão de volta. Na manhã de ontem, o médico e secretário-geral da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Walter Feldman, concedeu uma longa entrevista, falando, entre outras coisas, sobre os 20 campeonatos que são organizados pela entidade ‒ futebol masculino e feminino, na base e profissional ‒ e que não têm previsão para recomeçar.

O dirigente garantiu que a ideia é manter todo o calendário definido para a temporada, com o complemento dos campeonatos estaduais, da Copa do Brasil e a realização do Campeonato Brasileiro (Séries A e B) mantendo a fórmula atual, com as 38 rodadas. Não é descartada a hipótese de os torneios avançarem para o início de 2021, além dos campeonatos femininos A1 e A2.

Feldman garante que a situação preocupa, mas que, no momento, não há nenhuma possibilidade de uma mudança nos regulamentos, para atender ao calendário e diminuir o número de jogos, com a volta dos duelos de mata-mata.

Ajuda a clubes e federações

O presidente Rogério Caboclo definiu nesta semana uma ajuda de R$ 36 milhões, a serem repassados a clubes e federações.  A entidade encaminhará às equipes que disputam as Séries C e D valores equivalentes à média de duas folhas salariais dos atletas de cada competição. O mesmo apoio será dado aos participantes das Séries A1 e A2 do Campeonato Brasileiro Feminino

Deste total, R$ 19 milhões, a título de doação, serão repassados para a base da pirâmide do futebol coordenado pela entidade em competições de nível nacional, em função das dificuldades causadas pela pandemia do novo coronavírus. Cada clube que disputa as séries C e D do Campeonato Brasileiro receberá um auxílio financeiro direto no valor equivalente a duas vezes a folha salarial média dos atletas, segundo dados apurados no sistema de registro de contratos da CBF. A mesma medida será aplicada ao futebol feminino e destinada aos clubes que disputam as Séries A1 e A2 do Campeonato Brasileiro.

Serão beneficiados 140 clubes, em uma ação realizada pela CBF com o apoio das federações estaduais. O objetivo é colaborar para que esses clubes possam cumprir seus compromissos com os jogadores e jogadoras durante o período de paralisação do futebol. Além disso, a CBF decidiu doar para cada uma das federações estaduais o valor de R$ 120 mil.

Cronograma

Os recursos a serem disponibilizados pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF), de R$ 19.120.000,00, para os clubes, serão destinados da seguinte forma:

– Para os 68 clubes da Série D, o auxílio individual será de R$ 120 mil, num total de R$ 8.160.000,00.

– Para os 20 clubes da Série C, o auxílio individual será de R$ 200 mil, num total de R$ 4 milhões.

– Para os 16 clubes da Série A1 do Campeonato Brasileiro Feminino, o auxílio individual será de R$ 120 mil, somando R$ 1.920.000,00.

– Para os 36 clubes da Série A2 do Campeonato Brasileiro Feminino, o auxílio por clube será de 50 mil, com o desembolso total, pela CBF, de R$ 1.800.000,00.

– Para as federações estaduais, são R$ 120 mil por entidade, num total de R$ 3.240.000,00.

Outros benefícios

O pagamento dos valores destinados aos clubes começou a ser feito na terça-feira, 7. Essas ações se somam a outras medidas tomadas anteriormente pela CBF, também com impacto financeiro direto para o sistema do futebol:

– Isenção por tempo indeterminado aos clubes das taxas de registro e transferência de atletas. A medida deve gerar aos clubes uma economia em torno de R$ 4 milhões nos primeiros três meses de aplicação.

– Adiantamento de uma parcela de R$ 600 mil para os clubes da Série B do Campeonato Brasileiro referentes aos direitos de TV da competição, feito com recursos próprios da CBF, no valor total de R$ 12 milhões.

– Adiantamento aos árbitros do quadro nacional do pagamento de uma taxa de arbitragem, calculada a partir da maior taxa paga pela CBF em 2019 para a categoria, no valor total de R$ 900 mil.

Com isso, as doações e isenções da CBF aos clubes e federações alcançam R$ 23.120.000,00. Somadas aos R$ 12.900.000,00 em adiantamentos, as ações da CBF representam um total de R$ 36.020.000,00.

Investimento

O dirigente garantiu que, além das medidas emergenciais, a CBF mantém seu compromisso com o investimento no futebol. No ano passado, a entidade aplicou R$ 535 milhões no futebol brasileiro, em suas diversas áreas. A CBF arca com os custos, no todo ou em parte, de 20 competições, que garantem milhares de empregos na indústria do futebol. Por exemplo, somente na realização das Séries C e D do Campeonato Brasileiro, há um investimento de cerca de R$ 80 milhões.

Desde que suspendeu todas as competições nacionais e articulou com as federações estaduais para que fizessem o mesmo, a CBF trabalha em quatro eixos de ações:

1 – Preservação dos contratos e receitas dos clubes: a manutenção dos contratos existentes, em especial os contratos de direitos de televisão, que são a base da sustentação dos clubes, além dos patrocínios. Em relação à receita advinda da bilheteria, a CBF vem construindo diferentes alternativas de adequação do calendário, a partir da primeira data em que seja possível retomar as competições. Além disso, a CBF terá total flexibilidade para adotar medidas que viabilizem a conclusão de todas competições previstas para 2020.

2 – Acordos trabalhistas: através da Comissão Nacional de Clubes, a CBF apoia um processo de diálogo que permita acordos trabalhistas justos e equilibrados para clubes, atletas e funcionários. 

3 – Governo federal: a entidade está levando propostas juridicamente sustentáveis para que o futebol seja preservado. A CBF defende que sejam estendidas aos clubes as medidas que o governo federal vem oferecendo para as empresas, no sentido de resguardar empregos e os compromissos financeiros de curto prazo. No caso do Profut, a proposta é que os clubes recebam um prazo para readequar o pagamento de suas obrigações tributárias.

4 – Crédito: a CBF tem dialogado com o mercado financeiro para permitir o acesso dos clubes a linhas de crédito com juros baixos, que viabilizem atravessar o momento de paralisação dos campeonatos.

 

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