Casos sinistros

Amnysinho Rachid

Toda cidade tem seus casos e contos pitorescos, aquelas famosas histórias passadas de pais para filhos.

Aqui na terrinha também não seria diferente. Sempre gostei de casos pitorescos de assombração, de suspense e de muita imaginação.

Quem nunca ouviu falar da mulher de branco, que sempre era vista no cemitério, o homem da capa preta, da menina da encruzilhada e tantos mais?

Lembro-me sempre dos acampamentos que, ao anoitecer em volta da fogueira, o que não faltava era os casos de arrepiar. Uma vez, estávamos acampados na barragem do Cajuru. Ainda não existia esses poderosos condomínios, era só pasto, delicioso, parecia o paraíso, muito verde e muita água. Na época, tinha acontecido um crime bárbaro ali: um filho de fazendeiro tinha matado a esposa, que estava grávida, e a jogado na represa enrolada em um arame farpado com pedras. Dizem que ela estava vestida de noiva, todo mundo ficou sabendo e o que não faltou foi histórias. Neste dia, um dos casos foi sobre esta história. Era de arrepiar, pois estávamos ali, onde tudo tinha acontecido. À medida que a história foi sendo contada, mais a turma apertava a roda. Depois, ninguém tinha coragem de sair. Ir ao banheiro? Nem pensar. As meninas só ficavam em duplas. Em certa hora, sem ninguém notar, um dos amigos saiu sorrateiramente e entrou no mato, era para dar um grande susto em todos. Mas, no escuro, não viu aonde estava indo e trombou em uma grande caixa de marimbondo, que partiu, e, com isso, saiu uma grande nuvem dos poderosos sanguinolentos. Nosso amigo passou pela fogueira como um peito escapulido e nós, sem entender nada, corremos também, parando dentro da água. Só me lembro da turma gritando “é a mulher afogada”.  Fim da história: quem pulou na água se saiu bem, mas quem correu para o outro lado levou pregada de todo tipo. Eu só sei que pulei na água e nadei muito sem saber o porquê e nem para onde. Rimos muito, mas quem foi pego pelos marimbondos chorou de dor.

Existia uma história aqui na cidade que em uma casa que ficava na esquina da avenida 1º de Junho com rua Goiás aconteciam coisas do outro mundo. Dizem que as roupas saiam do armário sozinhas e abraçavam as pessoas, e o que era mais alarmante: caíam pedras vindas do céu sem que ninguém enxergasse de onde. Lembro que meu tio tinha uma dessas pedras em cima da sua mesa no escritório e dizia lhe dar sorte.

E o que não falta são casos... E continuamos aqui, de máscara, esperando e certos de dias melhores. Tok Empreendimentos, rua Cristal, 120, Centro.

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