Caso de trabalhador soterrado chama atenção para acidentes na construção civil
Queda ocorreu após deslizamento na obra; especialistas comentam sobre direitos dos operários nestas situações
Bruno Bueno
Um acidente de trabalho assustou trabalhadores de uma construção civil em Divinópolis na segunda-feira, 1º. Um operário ficou parcialmente soterrado após cair em uma vala de aproximadamente quatro metros de profundidade, dentro de um canteiro de obras, na avenida 21 de Abril, região central da cidade.
O caso chama atenção para os perigos que operários da construção civil correm todos os dias em seus locais de trabalho. Mesmo usando equipamentos de segurança, o homem teve lesões graves e ficará um bom período longe de suas funções.
Entenda o caso
O acidente ocorreu na tarde da última segunda, 1º, em um canteiro de obras. Segundo informações do Corpo de Bombeiros e dos funcionários que trabalhavam com ele, o operário fazia sua função normalmente, quando um deslizamento de terra no talude da construção atingiu os membros inferiores da vítima. O homem ficou soterrado e não conseguia se mover.
Após ser retirado pelos colegas de trabalho, o operário, imóvel, aguardou o resgate dos bombeiros. A equipe relatou que, quando chegou no local, percebeu que a vítima estava com uma fratura aberta no tornozelo e sentindo várias dores.
Ele foi levado para a Sala Vermelha do Complexo de Saúde do São João de Deus.
Requisitos
O Agora conversou com o técnico de segurança do trabalho e especialista em medidas contra acidentes Nathan Rodrigues e Silva, que detalhou sobre os requisitos obrigatórios que uma empresa deve fornecer a um operário que corre risco de vida no trabalho e é propício a acidentes.
— Toda empresa deve realizar treinamento especializado para seus funcionários, além disso, o fornecimento de EPI [Equipamento de Proteção Individual] é obrigatório nesta situação. Investir em programas de conservação da saúde e medidas de engenharia também ajuda a prevenir acidentes — explicou.
O especialista ainda comentou sobre os acidentes na construção civil.
— Os trabalhos são executados de forma sazonal e temporal, ou seja, não se fica muito tempo em obra. O calendário é apertado, o que força os responsáveis pela obra a programar tudo diariamente, fazendo com que o setor seja o que mais tenha acidentes de trabalho. Os programas de treinamento nesta área têm que ser triplicados. Uma equipe capacitada e experiente nessas horas faz total diferença — disse.
Sindicato
A reportagem conversou também com o departamento jurídico do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de Divinópolis para explicar sobre os direitos dos operários que se acidentam em locais de trabalho.
O advogado responsável pelo departamento, Frederico Azevedo, comentou sobre a situação.
— O Sindicato oferece total apoio para trabalhadores da construção civil que se envolvem em acidentes. O operário tem, a partir de nosso auxílio, amparo jurídico para buscar seus direitos, que podem ir desde indenizações a serem pagas pelo responsável pelo acidente, até benefícios previdenciários decorrentes de alguma incapacidade, mesmo que seja temporária — informou.
Sobre o acidente desta semana, o Sindicato afirmou que ainda não foi procurado para prestar auxílio.
— Ainda não fomos procurados para ajudar na situação. Estamos, portanto, buscando informações sobre o ocorrido para agir dentro das normas legais e, assim, auxiliar o operário — comentou.
Frequente
O advogado explica que frequentemente operários da construção procuram o Sindicato para solicitar auxílio depois de um acidente de trabalho.
— Somos procurados frequentemente por trabalhadores que buscam informações sobre doença ocupacional e/ou acidente do trabalho. A demanda é tanto de profissionais com contrato de trabalho ativo, como trabalhadores com vínculo encerrado — explica.