Casa de loucos

 

“De médico e de louco, todo mundo tem um pouco”, escreveu Machado de Assis do alto de sua sabedoria há mais de cem anos. Ontem, o vereador Kaboja (PSL) entendeu e disse que os atuais membros do Legislativo Municipal, ou pelo menos a sua maioria, é formada por loucos. Como por lá só tem um médico, vale a maioria forjada ou forçada pelo estridente vereador de que “tá todo mundo louco”.

Melhor não generalizar. Como líder do prefeito Galileu Machado (MDB), Kaboja se excedeu em sua fala, atingindo principalmente os vereadores de primeiro mandato, que hoje é maioria na Casa, pois dos 17, nada menos que 12 são novatos. Mas ser novato não quer dizer ser louco e nem inexperiente, já que Edson de Sousa (MDB), que já presidiu a Câmara, está de volta com o seu discurso sempre preciso, mas, às vezes, muito duro por uma franqueza nem sempre necessária.

A discussão que gerou polêmica foi a desaprovação dos 20% pedidos por Galileu para girar o orçamento como quisesse ou como pudesse. O argumento do “não” foi a falta do esclarecimento jurídico e do “sim”, a confiança nos atos da Administração Municipal. Ora, ser contrário ou não, além de um direito do vereador, é um dever, pois o assunto dinheiro merece uma atenção especial de quem foi eleito exatamente para fiscalizar, pois é este o seu principal objetivo.

“Kaboja quando disse que todos por aqui são loucos, foi mais Kaboja do que vereador”, disse Edson Sousa, enfatizando, logo após, o comportamento do explosivo e irrequieto vereador. Este, embora citados por todos os outros que se sentiram ofendidos, absteve-se de novas falas e se afastou do plenário.

Quem está certo nesta história? Difícil explicar. A atual Administração Municipal vem passando por momentos difíceis desde que o principal assessor de Galileu Machado, Fausto Barros, foi afastado de suas funções e proibido de conversar política por qualquer meio de comunicação, não podendo sequer ir à Prefeitura nem conversar com qualquer político ligado ao núcleo do atual governo.

Como não há nada ruim que não possa ser piorado, Galileu, que sofre pressão de todos os lados, além de ter se submetido recentemente a uma pequena intervenção médica, recebeu ontem o pedido de afastamento de Ricardo Moreira, seu principal assessor e o homem considerado como o equilíbrio entre o Poder Legislativo e o Executivo.

Assim, o prefeito fechou ontem o seu dia com duas péssimas notícias: perdeu a mobilidade orçamentária e o seu principal assessor. As finanças municipais, mais ou menos em frangalhos, terão alguma respiração nos próximos meses, mas nada que se possa considerar pelo menos como bom. Os dias passarão a correr menos rapidamente e, talvez, até meio loucos, antes que uma onda de saudade do ex-prefeito Vladimir Azevedo (PSDB) comece a aparecer nas redes sociais.

 

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