Capital humano x pandemia

Rodrigo Dias 

Capital humano x pandemia

Cenas de alívio vistas nos últimos dias são um alento e indicam que a pandemia pode estar indo para seu fim, pelo menos é esse o retrato percebido em alguns países. Nos Estados Unidos, por exemplo, as pessoas já podem circular sem máscaras. No Reino Unido é anunciada a volta do tão desejado abraço.

Na esteira desses dois fatos, que caracterizam bem o que a pandemia nos impôs em mais de um ano e meio, estão também outras medidas de flexibilização, como a abertura de bares, casas de shows, realização de eventos culturais e esportivos com público, dentre muitos outros.

Apesar de desejada, essa realidade está ainda distante de nós, brasileiros. As medidas adotadas ou não adotadas pelo governo federal atrasam a retomada da vida cotidiana de antes. E este verbo, atrasar, ainda será experimentado e conjugado por muito tempo.

O fato é que a pandemia do coronavírus vai impactar no capital humano na próxima década, como apontam estudos ‒ o que tende a ser sentido com mais força em países pobres, em desenvolvimento e que também tiveram uma atitude negacionista na abordagem da pandemia, potencializando e alongando seus efeitos.

Já existem estudos sérios e profundos relacionando a pandemia e seus efeitos sobre o capital humano. Entenda-se como capital humano todo o conhecimento, as habilidades e a saúde que as pessoas acumulam ao longo de suas vidas, recursos que são utilizados para seu desenvolvimento e expandidos para o meio em que vivem.

Estudo divulgado no ano passado pelo Grupo do Banco Mundial – por meio do Índice de Capital Humano 2020 ainda pré-pandemia e que envolveu 174 países – revela que na última década houve uma evolução nos indicadores do capital humano, saúde e educação.

Entretanto, com o advento da pandemia, o presidente do Grupo Banco Mundial, David Malpass, pontua que: “a pandemia coloca em risco uma década de avanços na construção do capital humano, incluindo melhorias em saúde, taxas de sobrevivência, matrículas escolares e redução da desnutrição e suas consequências. O impacto econômico da pandemia tem sido especialmente profundo para as mulheres e para a maioria das famílias desfavorecidas, deixando muitas delas vulneráveis à insegurança alimentar e à pobreza”.

Na linha do empobrecimento do capital humano com a pandemia, a Folha de São Paulo fez interessante matéria que, além dos aspectos econômicos, aborda a questão da interrupção da transmissão do conhecimento acumulado em áreas específicas do saber.

O fato é que toda vida importa e deve ser preservada à exaustão. No entanto, a pandemia tem levado um grande número de pessoas que investiram em si e esse conhecimento se vai com a morte, por vezes, sem deixar o devido legado ou transmiti-lo adequadamente.

O conhecimento e a força de trabalho são o motor de qualquer sociedade. Da família aos núcleos mais complexos. Quando há a interrupção desse fluxo abruptamente, vem o atraso... As perdas.

Quanto mais rápido se atua para sair dos efeitos da pandemia, se contribui para que os impactos no capital humano sejam menores. Isso é visão de futuro, visão de estadista de quem tem um olhar responsável e holístico sobre tudo que vem ocorrendo no último um ano e meio.

Se você ficou curioso com o tema, acesse o podcast Café da Manhã pela plataforma de áudio de sua preferência e busque pelo programa “A perda de capital humano que a pandemia causa”. O programa faz uma abordagem ampla sobre esse assunto.

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