Câncer de mama surge pela 1ª vez entre maiores causas de afastamentos

 

Gisele Souto 

Considerada uma doença que cresce a cada ano e afeta muito mais as mulheres do que os homens, o câncer de mama apareceu pela primeira vez nos últimos três anos entre as enfermidades que mais causam afastamentos do trabalho. Foi a 20ª doença que mais gerou auxílio-doença em 2017: 21 mil casos. A estatística é do Instituto Nacional de Segurança Social (INSS).

Os dados são relativos aos auxílios-doença previdenciários (sem relação com acidente ou doença do trabalho).

 Divinópolis 

Até ontem, a Associação de Combate ao Câncer do Centro-Oeste de Minas (Acccom) havia contabilizado somente os números da doença em 2016. Segundo a entidade, trataram-se contra o câncer de mama 203 pacientes. Foram realizadas 230 cirurgias de mastologia, o equivalente a 14,54% do total das cirurgias realizadas em pacientes oncológicos neste período, se comparado às demais cirurgias oncológicas.

Dos 203 pacientes, 3,4% estão na faixa etária entre 19 e 35 anos; 55,2% entre 36 e 59 anos e 41,4% entre 60 e 99 anos.

 Ações 

Também em 2006, a Acccom promoveu gratuitamente, com a ajuda dos doadores e parceiros: 698.679 procedimentos e benefícios; 10.875 consultas; 87.068 atendimentos de radioterapia; 203.591 medicamentos distribuídos; 41.863 atendimentos de quimioterapia; 86 cidades atendidas das regiões Centro-Oeste de Minas, Alto São Francisco e parte do Sudoeste do Estado.

A mastologista Letícia Ribeiros Rios chama atenção para os números divulgados neste ano pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca). A estimativa para 2018, segundo ela, em relação ao câncer de mama, mostra um aumento: 49.700 casos são esperados. Outra situação que preocupa, de acordo com a médica, é frequência muita alta de tumores e o diagnóstico tardio. 

Impacto no trabalho 

Sobre as pessoas afastadas devido à doença, a mastologista alerta para a incidência maior numa população mais jovem, formada por pessoas trabalham mais. Assim, a médica recomenda observar alguns fatores de risco, como estresse, estilo de vida, obesidade e falta de atividade física – situações que têm impacto direto no crescimento da doença nesta faixa etária.

– Essa população mais jovem é que causa um impacto maior no afastamento dos postos de trabalho. Um dos fatores que refletem neste crescimento é que há uma melhora significativa no rastreamento. No caso de tumores muito iniciais, mesmo com cirurgia e radioterapia, o retorno ao trabalho é bem mais rápido. Mas, quando se faz um procedimento mais complexo, como a inclusão da quimioterapia, por exemplo, o afastamento não dura menos de que um ano – explica.

 Fatores de risco 

Alguns fatores de risco, como fumar, podem ser controlados, enquanto outros, como histórico pessoal, idade ou histórico familiar, não podem ser alterados.

Letícia Rios ressalta ainda que ter um fator de risco ou vários não significa que o paciente terá a doença. Conforme explica a médica, muitas pessoas que contraem a doença podem não estar sujeitas a nenhum fator de risco conhecido.

— Se uma pessoa com câncer de mama tem algum fator de risco, muitas vezes é muito difícil saber o quanto ele pode ter contribuído para o desenvolvimento da doença — completa.

Prevenção 

A recomendação da mastologista para prevenção é o rastreamento e o diagnóstico precoce. Em alguns casos, segundo ela, o profissional deve traçar estratégias de prevenção primária no sentido de evitar que a doença apareça.

— Por que não fazemos isso para todo mundo?  Porque se faz teste genético com indicação apenas em grupos especiais de pacientes, quando a gente constata que a possibilidade do tumor ser hereditário é maior. Cada grupo de mulheres precisa ser observado e orientado sobre o procedimento ideal — resume.  

Segundo a Acccom, 99% dos casos de câncer de mama atingem mulheres; e 1%, homens.

Leia também: Acccom completa 23 anos. Pág. 5

 

Fatores de risco

 Ser mulher

Histórico familiar

Menarca precoce

Predisposição genética hereditária

Idade avançada

Menopausa tardia

Mamas densas

Obesidade

Sedentarismo

Alcoolismo

Tabagismo

Uso da terapia de reposição hormonal

 

 

 

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