Campanha incentiva a doação de medula

 

Ana Laura Corrêa 

Mateus Augusto Ramalhão de Azevedo costumava passar as férias jogando bola e vídeo game. No entanto, o período de folga de julho de 2007 foi diferente. Naquela época, o jovem, então com 15 anos, recebeu uma notícia nada agradável.

— Eu comecei a passar mal com muito cansaço. Um mal estar fora do comum. Só queria dormir o dia todo, não podia ver uma cadeira ou cama que já sentava ou deitava. Depois, comecei a ter crises de vômitos e nada parava no meu estômago. Por último, o que nos deixou mais preocupados, foi o que tive nas articulações. Elas incharam, ficaram avermelhadas e doíam — contou.

Com estes sintomas, Mateus procurou um médico no Hospital Santa Mônica, em Divinópolis, que solicitou exame de sangue. O resultado da análise apontou: Mateus tinha leucemia. Os pais foram os primeiros a ficar sabendo da doença.

— Minha mãe ficou com medo da minha reação e não me contou. Ela somente falou que eles não descobriram o que eu tinha e precisaríamos ir para Belo Horizonte para  fazer um exame mais detalhado. Não desconfiei de nada — afirmou.

Na capital mineira, Mateus foi com os pais ao Hospital das Clínicas (HC), onde a leucemia foi confirmada e ele, finalmente, foi informado da doença.

— Quando a médica me contou o que eu tinha, foi aquele baque. Assustei, chorei e fiquei com medo de morrer. Então eu prometi a ela e à minha mãe que tudo o que fosse necessário para o meu tratamento eu faria. Aceitei porque não iria adiantar eu ficar me perguntando o porquê. O medo passou, o susto passou e veio a força — contou.

Doação

Mateus fez a quimioterapia e precisou do transplante de medula óssea, feito em janeiro de 2008. Ele conseguiu um doador na própria família, um de seus três irmãos. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), há somente cerca de 25% de chances de encontrar um doador compatível na família.

Aqueles que não conseguem precisam procurar doadores no Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome), um banco de dados de candidatos dispostos a doar medula óssea para quem precisa de transplante.

— Para integrar o cadastro de doadores de medula óssea, é necessário ter entre 18 e 55 anos, boa saúde e não apresentar doenças como as infecciosas ou as hematológicas. É preciso ainda apresentar documento oficial de identidade com foto, preencher a ficha de identificação do candidato, o termo de consentimento e também colher uma amostra de sangue com 5 ml para testes — explicou a responsável pela captação de doadores do Hemominas em Divinópolis, Shirley Alves.

Estado

Em Minas Gerais, de acordo com o Inca, há 1.368 pacientes inscritos no Registro Nacional de Receptores de Medula Óssea (Rereme).

— O fator que mais dificulta a realização do transplante é a falta de doador compatível, já que as chances de o paciente encontrar um doador compatível são de 1 em cada 100 mil pessoas, em média — informa o Inca.

No ano passado, no Hemominas em Divinópolis, foram registrados 1.626 novos cadastros. Segundo Shirley, o número de candidatos que comparecem diariamente à unidade varia entre 5 e 7 pessoas.

— Quando há compatibilidade, o Inca comunica diretamente com o doador. A doação da medula acontece em hospitais, mas aqui em Divinópolis não fazemos esse procedimento. É preciso ir para onde o Inca indicar. Belo Horizonte, por exemplo. Mas o Sistema Único de Saúde (SUS) cobre a passagem e a pessoa pode levar um acompanhante — explicou Shirley.

Hemominas

Em Divinópolis, o Hemominas fica na rua José Gabriel Medef, 221, no bairro Padre Libério. A unidade funciona das 7h às 11h, de segunda-feira a sexta-feira, para o cadastramento de doadores de medula óssea.

 

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