Campanha de prevenção ao suicídio da OAB foca em idosos

Matheus Augusto

O Setembro Amarelo se encerrou há cerca de dois meses. No entanto, a 48ª subseção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), em Divinópolis, continua sua campanha de conscientização e redução dos índices de suicídios na cidade, a “OAB pela Vida”. Iniciada em setembro deste ano, o grupo de voluntários e participantes do projeto voltou a se reunir ontem na sede da entidade. O encontro foi marcado por discussões e definição de detalhes do plano de trabalho para a promoção de ações voltadas para o público idoso.

Com o foco, o projeto recebe o nome de “OAB pela Vida - Socialização dos Idosos”.

Conscientização

Apesar do término do mês dedicado à prevenção do suicídio, a OAB, em parceria com educadores, líderes religiosos, profissionais da Saúde, da Polícia Militar (PM) e do Corpo de Bombeiros, dá continuidade à sua campanha. Conforme contou ao Agora a presidente da comissão de Direito Médico e Saúde Mental da 48ª subseção, Marina de Alcântara Ribeiro, o intuito é desenvolver o projeto até alcançar os resultados desejados.

— Desde o início do projeto a nossa ideia é estender para os próximos anos, até conseguirmos obter o nosso resultado, que é a diminuição do alto índice de suicídio em idosos e crianças que foi apresentado para gente. Estamos dando continuidade ao projeto “OAB pela Vida”, só que agora com foco nos idosos e nas crianças. A gente quer a participação da família para inserir esses idosos na sociedade — detalhou.

Segundo a presidente da comissão, que acompanha os trabalhos desde o início, o próximo passo é conversar com idosos na cidade para entender seus problemas e quais soluções a OAB pode propor.

— Em janeiro vamos fazer um questionário para irmos aos asilos e fazer entrevistas com os idosos, e ver o que realmente nós podemos contribuir. (...) Está bem estruturado, a gente já está com esse plano de ação e, em janeiro, vamos começar a executar essa fase — contou.

Ouvir mais

Quem também segue a campanha “OAB pela Vida” desde o início é a psicóloga e neuropsicóloga Luana Curi. Ela detalhou que, neste primeiro momento, os voluntários vão sugerir perguntas que, posteriormente, irão compor um questionário aos idosos, de forma a identificar suas “dores”.

— Resolvemos reunir uma comissão para fazer um trabalho voluntário específico para essa faixa etária. Estamos coletando dados dos centros de convivência. Vamos fazer um questionário, aplicá-lo conversando com eles e, a partir destas informações, elaborar uma cartilha com a fala do idoso, mostrando para sociedade o que eles necessitam e também promover algumas palestras para fazer o lançamento juntamente com as cartilhas, para orientar as pessoas, para que elas entendam o que se passa com os idosos — pontuou.

A psicóloga conta que diversos problemas podem acometer esta faixa etária e, por isso, é necessário ouvir as dificuldades enfrentadas por cada um.

— Nesse ponto, nós temos a questão do endividamento, da depressão, da segurança em casa. Então, queremos saber o que eles precisam e o que eles estão sentindo — explicou.

Por fim, ela disse ser fundamental que familiares e amigos próximos saibam escutar. Por isso, dentro da cartilha, os próprios idosos expressarão seus sentimentos.

— Eles querem falar, gostam de falar, mas ninguém escuta — revela.

Projeto

Nesta fase dos trabalhos, a previsão inicial é de que o projeto se estenda durante todo o ano de 2020. Dentre os objetivos específicos estão o acolhimento e garantia da proteção integral dos idosos, a prevenção do agravamento de situações de negligência, violência e ruptura de vínculos, a convivência comunitária, o desenvolvimento e acesso à oportunidade de trabalho e lazer da faixa etária.

Como objetivo, a OAB, através da comissão de Direito Médico e Saúde Mental, espera reinserir os idosos excluídos na sociedade. Além da cartilha de conscientização, a entidade pretende promover palestras, de cunho religioso, social, psicológico e da área do Direito, para os idosos e seus familiares.

Dentre as necessidades de focar nessa faixa etária, a organização ressalta o alto índice de suicídios em idosos com mais de 70 anos que, segundo especialistas, estão relacionados ao acúmulo de perdas e isolamento de vínculos sociais.

Segundo o plano de trabalho do grupo, o objetivo geral do é “sensibilizar e mobilizar o campo da saúde e demais setores governamentais para atuar sobre determinantes sociais relacionados aos idosos e as crianças, além de buscar apoio do sistema educacional para que possam ter acesso às famílias dos idosos com vínculos familiares rompidos ou fragilizados, a fim de garantir proteção integral, assegurando-lhes direitos”.

 

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