Campanha da discórdia

Augusto Fídelis

Desde os primórdios, movidos pela vaidade, certos membros da Igreja causam danos à instituição, às vezes de maneira irreversível. Já na primeira carta enviada aos coríntios, São Paulo apóstolo indaga: “Ora, acaso Cristo está dividido? Foi Paulo crucificado em vosso favor? Fostes batizados em nome de Paulo”. Isto porque as pessoas da época teimavam em seguir este ou aquele pregador e não a Cristo, como deveria ser.

Quando os ataques vêm de fora, a Igreja se une e resiste até mesmo com o sacrifício de muitas vidas. Durante estes mais de 20 séculos, são milhões vidas sacrificadas em condenações injustas ou em guerras em defesa da fé. Até Bento XVI, o papa usava sapatos vermelhos, isto para lembrar que o Pontífice pisa em terra lavada com o sangue dos mártires, e ele mesmo, se necessário, não negará em dar a vida por amor a Cristo. 

Agora, quando esses ataques se eclodem no seio da própria Igreja, as divisões causam muita dor, como se vê agora. Do jeito que as coisas estão, a história pode se repetir, como aconteceu em 1054, quando a instituição foi dividida em Igreja Católica Apostólica Romana e Igreja Católica Apostólica Ortodoxa; bem como em 1517, quando a Barca de Pedro foi sacudida pela Reforma protestante promovida por Martinho Lutero; ou o desatino do rei Henrique VIII, criador da Igreja Anglicana, inconformado com a atitude do papa Clemente VII que se recusou anular seu casamento com Catarina de Aragão para que ele pudesse se casar com Ana Bolena.

Agora, 504 anos após a Reforma Protestante, uma pastora luterana, chamada Romi Márcia Bencke, traz divisão à Igreja nesta Campanha da Fraternidade Ecumênica 2021. Foi ela quem escreveu os textos que causam o repúdio de muitos católicos. Romi Bencke é comunista, militante política, abortista e apoia a ideologia de gênero. E por que a CNBB quer enfiar goela abaixo dos católicos tal campanha? A explicação está na Teologia da Libertação, uma maneira nefasta de reler os evangelhos, algo arquitetado pela KGB e disseminado com sucesso na América Latina, pois encontrou terreno fértil após o Concílio Vaticano II.

Descontente com os resultados do Concílio, o papa Paulo VI declarou: “Pensamos que após o Concílio viria um dia de sol para história da Igreja; em vez disso, deparamos com novas tempestades”. A Igreja tem a obrigação de lutar pela vida, desde a concepção até a morte natural, porque Deus é o autor da vida. No entanto, a pastora Romi Bencke tem o seguinte pensamento: “É preciso banir essa ideia de que o aborto é um ato de crueldade. Para isso é necessário fortalecer os argumentos de que o aborto é direito e não crime”. Com isso, vê-se que Paulo VI tinha razão quando disse: “A fumaça de Satanás entrou na casa de Deus”.

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